Coluna Propaganda&Arte

O que eu acho sobre a exposição Queer que foi cancelada após críticas na internet

Eu sempre me preocupo em selecionar temas ligados à arte para expor aqui nesse espaço. Porém, hora ou outra, acabo esbarrando em assuntos polêmicos do momento como o caso do banco que patrocinava uma exposição Queer e após críticas e repercussão negativa acabou sendo cancelada.

O que aconteceu?
Uma exposição Queer (tema ligado a gays, lésbicas, trans – todos que não seguem um padrão de heterossexualidade), estava acontecendo em Porto Alegre e algumas obras acabaram caindo na internet acompanhadas de acusações de apologia à pedofilia, zoofilia e ataques à religião cristã. Para se defender dos ataques de diversos clientes, o banco decidiu se desculpar e cancelou o patrocínio que deveria manter a exposição aberta até outubro.

O que eu acho das obras polêmicas?
As poucas imagens disponíveis na internet mostram que são obras provocativas. Falam de sexualidade, infância, religião, dentre outros pontos que podem ferir e não agradar muitas pessoas. Analisando friamente a parte técnica das obras, cada uma tem o seu valor. Algumas mais simples, pobres, outras mais ricas e interessantes, mas no geral não vi nada de especial ou inovador.

O que eu acho desse tipo de arte?
Por mais polêmica que uma instalação ou quadro sejam, precisamos pensar na intenção do artista. Ele se ocupou, ele pensou, ele agiu e finalmente teve um aval para expor seu trabalho. A qualidade, a forma, as ideias por trás daquela peça podem sofrer interpretações diversas, inclusive serem consideradas ofensivas. A arte não tem forma, mas tem gosto. A arte que aborda assuntos polêmicos vai ser sempre polêmica e gerar reações diversas. No passado, muitas obras foram censuradas e criticadas, por exemplo, por mostrar o nu, hoje são expostas em grandes museus, o que mostra um caminho natural da arte e da sociedade.

O que eu acho sobre a repercussão?
No geral, não acho que provocam tanto como dizem as repercussões da internet. Vejo aqui um exagero nesse sentido, tendo em vista conteúdos muito piores que as crianças e todos nós podemos ter acesso por outros meios fora do museu. Lugar esse, aliás, dedicado à reflexão, experimentação e análise de novos conceitos. Se você ficou pessoalmente ofendido com uma arte ou exposição, a melhor maneira de expressar isso é não indo ou não divulgando a exposição. Vejo aqui uma reação totalmente contrária e incoerente. Os que são contra a exposição acabaram tornando-a nacionalmente conhecida, na luta em proibi-la (mesmo que tenham conseguido).

O que eu acho disso tudo?
Estamos passando por uma fase social bastante conturbada. Não sabemos nos portar e respeitar a opinião dos outros (sejam liberais ou conservadores). As marcas não sabem se posicionar e estão morrendo de medo da internet. Estamos todos cuidadosos ao emitir uma opinião, pois poderemos ser incompreendidos ou pior, compreendidos e agredidos por pensar diferente. Para o público, falta essa noção de que somos todos diferentes. Para o artista, falta o entendimento de que ele poderá ofender muitas pessoas com sua provocação e precisa saber enfrentar as críticas. Afinal, esse é o mundo em que vivemos, onde a polêmica dá mais likes do que a própria arte ou reflexão.

E você? O que achou do assunto? Você acha que a arte deve ou não expor assuntos polêmicos e até “ofensivos” para alguns?

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