Como ganhar dinheiro com podcasts

Brasil lidera ranking mundial de produtores, mas monetização do conteúdo ainda é um desafio para podcasters

O Brasil lidera o ranking mundial de países produtores de podcasts, segundo relatório da State of the Podcast Universe publicado em 2020. Em segundo e terceiro lugares estão Reino Unido e Canadá, respectivamente. O aumento da produção acontece paralelamente ao crescimento da audiência, estimada em 34,6 milhões de ouvintes, conforme dados da Associação Brasileira de Podcasters (abPod). Mas apesar da expansão, o cenário ainda apresenta um desafio: a monetização do conteúdo.

Foto: Magda Ehlers/Pexels

De acordo com a PodPesquisa Produtor 2020/2021, realizada pela abPod, a maioria dos produtores (65,7%) faz o podcast como um hobby. Os demais têm algum tipo de receita, sendo que para 14,6%, esses recursos pagam apenas o custo de produção. Já para outros 4,7% funcionam como complemento da renda mensal.

Apenas 2,8% dos produtores têm o podcast como principal fonte de renda, enquanto outros 2,6% vivem exclusivamente desse trabalho. A pesquisa revelou, ainda, que dentre aqueles que monetizaram o conteúdo, o financiamento coletivo foi apontado como a principal forma de remuneração.

Perfil

O levantamento também apresentou o perfil de quem produz os podcasts no país. Em geral, são homens (75,7%), brancos (58,8%), heterossexuais (81,3%), com renda familiar entre R$ 1 mil e R$ 3 mil (28,5%) e moradores da Região Sudeste (54,21%).

Na avaliação por gênero, as mulheres correspondem a 23,3% do total de produtores, enquanto não binários são apenas 0,1%. A presença da comunidade LGBTQIA+ ainda é pequena, sendo 8,8% de bissexuais, 6,1% de homossexuais e 3,8% de pessoas que se identificam de outra forma.

Já a participação de acordo com a autodeclaração por cor ou raça mostrou que 22,7% dos produtores são pardos; 12,9% pretos; 2,4% amarelos; e 3,2% escolheram a opção “outros”.

Caminhos para monetizar o conteúdo

Ao cruzar as informações de que a maioria dos produtores não recebe dinheiro com podcasts, apesar de muitos terem uma renda mensal de até R$ 3 mil, é verificado um gargalo na monetização do conteúdo, uma dificuldade em como converter o crescimento da audiência em ganhos para quem trabalha na área.

Um dos caminhos para ganhar dinheiro com o formato é o uso da ferramenta Spotify Podcast Ads. Na prática, ela funciona de forma similar ao Google Adsense, permitindo a inserção de anúncios compatíveis com o público a partir da remuneração, como se fosse um “aluguel” do espaço.

Outra possibilidade para os produtores é a monetização indireta por meio da venda de produtos. Assim, os anúncios são feitos durante o podcast, que torna-se um meio de divulgação de produtos e serviços de terceiros. Nesse sistema, a remuneração pode ser feita por comissão.

Há, ainda, a oportunidade de buscar patrocínio. Nesse caso, os anunciantes são citados no expediente do programa. Os ganhos estão diretamente relacionados à audiência do conteúdo.

Por fim, há a opção do financiamento coletivo e das doações, que é a principal forma utilizada hoje pelos produtores. Nesse modelo, a própria audiência remunera de forma voluntária o conteúdo para garantir a sua manutenção.

Fonte: Experta Media – Suellen Martins

O rádio aproveita o embalo digital

Praticidade e dinamismo garantem vida longa e relevância ao rádio em meio à revolução digital

Crescimento no consumo de ‘podcasts’, arquivos de áudio disponíveis na internet e que abordam temas diversos, prova que a mídia está longe do fim.

Poucas mídias são tão dinâmicas e práticas quanto o rádio. Quem vê toda a euforia com que o veículo é tratado hoje em dia nem imagina que um dia chegou a ser condenado à extinção, quando a televisão surgiu, no início do século XX. Com o passar dos anos, o rádio se reinventou e hoje desponta como um dos canais mais promissores do século. E foi justamente a chegada da internet que permitiu essa grande virada: a rede mundial facilitou o acesso a gravações de entrevistas, análises e até mesmo programas de entretenimento. Tudo isso impulsionado pelos populares ‘podcasts’.

O recurso ainda está em fase de consolidação, mas já é visto como um dos responsáveis pela revitalização da plataforma. Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Podcasters (Abpod) com duas mil pessoas que estão regularmente conectadas À internet, 32% nunca ouviram falar de podcast. Por outro lado, 40% do público já acompanhou ao menos um programa desse tipo. A variedade de conteúdo impressiona: mais de três mil projetos foram produzidos em 2018, em todo o território nacional. Os maiores consumidores são os paulistas, que correspondem a 37% do total. São Paulo também é o lar de 80% dos apresentadores que comandam os cinquenta programas campeões de audiência.

Surfando na onda
O investimento em dinamismo e entretenimento passou a ser essencial para manter a audiência. Programas exibidos nas grades tradicionais das rádios mudaram para se beneficiar da nova onda. É o caso do ‘Esquenta’, exibido diariamente na Rádio 89 FM, o programa conquistou um público cativo e hoje assumiu a liderança de audiência no horário, segundo o IBOPE. O conteúdo tem como base pautas modernas e a presença de formadores de opinião para cativar o público durante o horário de apresentação. Exibido ao vivo, a partir das 22h, o programa é conduzido por Fitinha, Marcele Becker, Wendell e Bia Sato. Além dos temas diferenciados, a interatividade com o público é uma das marcas do Esquenta.

As mudanças na grade de programação também ajudam a promover novas bandas nacionais. Tudo isso porque uma das estratégias foi o desenvolvimento de programas com foco no ouvinte. Como resultado, a rádio ocupa a liderança na audiência da Grande São Paulo, de segunda a domingo, das 5h à meia noite, tanto nos rádios dos carros como também durante o trajeto dos ouvintes nos horários de pico, segundo dados do Ibope. No ranking geral, o programa é líder de audiência, em toda a Grande São Paulo, oferecendo muito rock n’roll e relacionamento com o público.

Mercado americano
Nos Estados Unidos, os podcasts fazem parte da rotina mensal de 26% da população. A abrangência ajudou a conquistar dinheiro e promoveu adaptações para a televisão e outras mídias. Consultores especializados estimam investimentos de quase US$ 700 milhões nesse tipo de mídia, neste ano, em todo o país.

Fonte: Valle da Mídia