O que esperar da publicidade digital em 2023?

Connected TV, fim dos cookies de terceiros e estratégias de brand safety e brand suitability são algumas das tendências na publicidade digital para o ano de 2023.

* Por Bruno Augusto

No primeiro semestre de 2022 os investimentos em campanhas de publicidade digital no Brasil somaram R$14,7 bilhões, um aumento de 12% em relação ao volume alcançado no primeiro semestre de 2021, segundo o IAB Brasil. É um cenário de crescimento e oportunidades para as empresas brasileiras, mas também desafios.

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Ao mesmo tempo que o investimento em publicidade digital cresceu, vimos aumentar também a complexidade da criação de campanhas para esse ambiente, exigindo de todo o ecossistema – publishers, marcas, agências e demais parceiros de mídia -, a incorporação de novos paradigmas de experiência, segurança e gestão de dados para estabelecer conexões efetivas com o público-alvo. Isso sem falar na habilidade de se comunicar efetivamente por intermédio de novas ferramentas e canais.

O crescimento e os desafios vistos em 2022 vêm acompanhados de uma série de tendências que estão se solidificando no mercado digital, que seguirá em forte transformação ao longo de 2023. Entenda como algumas delas vão impactar o seu planejamento de marca:

Novas plataformas, novas possibilidades

Como se sabe, existe uma previsão para 2024 de uma nova TV digital brasileira. Nela, os canais abertos serão gerenciados por aplicativos e, além de ver a programação em resolução 4K, o telespectador poderá navegar em conteúdos online, que serão disponibilizados pelas emissoras. As pessoas passarão a acessar conteúdo na TV via broadband, e menos em broadcast.

Há algumas temporadas, notamos uma tendência de migração do serviço de assinatura de tv a cabo para o streaming, contudo, a proliferação desse meio já começa a dar sinais de saturação, motivo pelo qual grandes players do mercado já têm trabalhado com a monetização do seu inventário como uma moeda de troca com o consumidor que busca mais acesso por um ticket médio menor. Na publicidade, isso se reflete em trazer a lógica do digital e da mídia programática para a TV, buscando níveis similares de parametrização e eficiência de métricas.

Um grande exemplo dessas mudanças é a inédita transmissão da Copa do Mundo do Catar em plataformas de streamings. Antes exclusiva da Rede Globo, a Copa foi negociada pela FIFA e ainda será transmitida pelo canal, mas agora vai concorrer com as plataformas digitais.

É a primeira vez que a entidade máxima do futebol assume a negociação dos direitos da Copa do Mundo com redes sociais, e o Brasil tem sido uma oportunidade para a entidade experimentar o modelo. Isso porque a FIFA tem oferecido pacotes de jogos da competição por streaming diretamente às plataformas digitais no Brasil.

Essa conectividade dos canais é uma ótima oportunidade, mas também um grande desafio, uma vez que exige que as marcas pensem em estratégias personalizadas para aumentar a visibilidade de suas campanhas. Em canais de TV aberta, as empresas têm a missão de consolidar mensagens relevantes para o grande público. Ao mesmo tempo, vemos um cenário em que Smart TVs já estão em 61% dos lares brasileiros, segundo levantamento da Nielsen e MetaX.

Em ambos os horizontes, é essencial sincronizar o timing dos anúncios com a estratégia do negócio de forma consistente, com mensagens e ofertas realmente relevantes para o usuário e em linha com o contexto em que estão sendo exibidas. Nesse cenário de segmentação e personalização, tecnologias programáticas de ponta serão suas melhores aliadas.

O dilema da anonimização na segmentação de audiências

Três anos já se passaram desde que o Google fez o anúncio do encerramento do uso de cookies de terceiros no Chrome. Após alguns adiamentos, a mudança está prevista para se concretizar já a partir do final de 2023. Mas essa é apenas uma das movimentações da indústria rumo a uma mudança profunda de paradigma, que está reconfigurando o olhar dos anunciantes sobre privacidade e controle sobre os dados pessoais dos usuários.

Essa nova realidade também foi impulsionada pela consolidação de legislações específicas para a proteção de dados dos consumidores como a GDPR (General Data Protection Regulation) na Europa e, no Brasil, a LGPD, ambas imputando pesadas penalidades às marcas que descumprirem suas determinações.

Atualmente, as discussões no mercado giram em torno da necessidade de empreendermos testes que validem a eficácia das novas soluções de publicidade que estão sendo propostas para este novo ambiente. Será mandatório rever processos e até mesmo reinventar tecnologias se quisermos manter os altos níveis de personalização e experiência com os quais os usuários já estão acostumados, e ao mesmo tempo garantir que suas demandas por privacidade e controle de dados sejam respeitadas.

Neste novo paradigma onde os dados pessoais serão cada vez mais escassos, o modelo tradicional de criação de personas perderá relevância, dando lugar a abordagens hiper-personalizadas, cada vez mais baseadas nos interesses recentes de cada indivíduo. Tecnologias de alto processamento para previsões ultra-precisas, como o Deep Learning, serão cruciais para interpretar os dados anônimos e não estruturados em tempo real.

Apesar de ser extremamente trabalhoso alinhar-se a esses movimentos de transformação no nosso meio, é um passo indispensável para todos da indústria. Quando pensamos apenas no impacto do cookieless world nos negócios, a não adequação de publishers e provedores a esse novo cenário pode gerar uma quebra de até 60% na eficácia das campanhas, além de um prejuízo de até 70% na receita dos publishers. Preparar-se é o único caminho.

*Bruno Augusto é Country Manager da RTB House no Brasil

Connected TV e apps: conheça 4 oportunidades de publicidade para a nova jornada do cliente

Mudanças no mercado remodelam a jornada do cliente e incentivam novas oportunidades de publicidade

2020 foi um ano intenso para a indústria de publicidade, à medida que os anunciantes lutavam para lidar com as demandas de privacidade de dados e a complexidade sem precedentes de um ciclo de notícias dominado por tópicos como pandemia, protestos e política. Para finalizar, o impacto da Covid-19 na vida diária das pessoas em todo o mundo resultou em uma nova jornada de compra do consumidor, iniciada principalmente por mudanças na forma de consumo.

Com as pessoas passando mais tempo em casa, a sala de estar se tornou um canal valioso onde os consumidores foram apresentados a mais maneiras de comprar e consumir conteúdo, seja por meio de sua TV, laptop, telefone celular – ou, às vezes, todos os três. A descoberta de novas mídias resultou em uma mudança nos padrões normais de compra do consumidor e criou pontos de contato adicionais para os anunciantes encontrarem, alcançarem e se envolverem com os consumidores ao longo do caminho até a compra.

A seguir, conheça canais que os anunciantes devem considerar ao se adaptar à jornada de compras atual do consumidor.

Connected TV (CTV) e OTT

Pessoas em todo o mundo estão abandonando a TV tradicional e mudando para serviços de streaming via over-the-top (OTT) e suas TVs conectadas. Segundo dados da eMarketer, em 2020, o número de usuários com assinaturas mensais de serviços OTT na América Latina aumentou 27,5% ano a ano, para US$ 117,2 milhões. O surgimento de OTT e CTV, acelerado pela necessidade de entretenimento a preços acessíveis e de alta qualidade em casa, criou uma grande oportunidade para os profissionais de marketing.

Ao contrário dos anúncios de TV tradicionais que alcançam grandes audiências, mas vêm com um preço alto, a publicidade CTV e OTT pode atingir públicos-alvo de telespectadores altamente engajados e fornecer métricas de campanha mais detalhadas do que a TV tradicional, tornando-se um investimento mais eficiente. Além disso, com os anúncios exibidos em conteúdo de streaming de alta qualidade das principais redes de TV e estúdios de cinema, os anunciantes não precisam se preocupar com as questões de brand safety de outros canais.

Celular e aplicativos

Com os telefones celulares sempre à mão, a adoção de dispositivos móveis e aplicativos continua sendo um canal forte para os anunciantes atenderem seus consumidores. Embora o uso de aplicativos já estivesse acelerando antes de 2020, a pandemia aumentou os downloads de apps e o envolvimento no aplicativo, pois os consumidores passaram mais tempo navegando em seus telefones. Um estudo da Criteo descobriu que no quarto trimestre de 2020, os varejistas com um aplicativo de compras viram as vendas no aplicativo aumentarem de para 42%, ante 33% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Hoje, uma abordagem de funil completo que segue toda a jornada do cliente, das instalações ao reengajamento e retargeting, é necessária para criar valor vitalício com seu cliente. Por meio do redirecionamento de aplicativos, os profissionais de marketing podem impulsionar o engajamento em todo o ciclo de vida de uso do aplicativo. Quer se trate de reengajar usuários inativos ou impulsionar as vendas repetidas de seus melhores compradores, o redirecionamento de aplicativos ajuda a encorajar os compradores a retornar ao seu aplicativo e, finalmente, convertê-los em compradores.

Mídia de varejo

Antes do COVID-19, a mídia de varejo já crescia exponencialmente entre os varejistas. A Amazon, por exemplo, foi pioneira na ideia ao construir um negócio de publicidade de vários bilhões de dólares graças a recursos como compra de autoatendimento, produtos de anúncio de funil completo e APIs robustas para integração com marcas existentes e ferramentas de agência.

Hoje, mais pessoas estão comprando online e com mais frequência do que nunca, tornando a prateleira digital extremamente importante. À medida que os consumidores domésticos continuam a comprar online e se acostumam com a experiência do usuário, a mídia de varejo permite que os profissionais de marketing alcancem os compradores quando eles estão mais propensos a comprar e em canais responsáveis pelas vendas. Além disso, é um “espaço seguro” onde marcas e agências podem alcançar pessoas que desejam comprar em sites de varejistas premium: os profissionais de marketing não precisam se preocupar com a segurança da marca porque estão veiculando anúncios com empresas confiáveis.

Omnichannel

Uma estratégia omnicanal é crucial agora para passar a mensagem certa, para a pessoa certa, na hora certa, no dispositivo certo. Para fazer isso direito, os anunciantes precisam de soluções omnicanal que possam ajudá-los a quebrar silos, conectar dados e identificar com precisão seus clientes em todos os canais e ambientes – usando dados na loja e online. Os anunciantes podem sustentar esse ímpeto implementando uma estratégia omnicanal que entrega uma mensagem unificada, especialmente quando se trata de aumento da publicidade digital.

Segundo Marcelo Lourençon, gerente de estratégia de contas do Brasil na Criteo, a combinação de diferentes canais é ideal para que as marcas continuem alcançando os consumidores ao longo de sua jornada online. “Sem criar esses novos pontos de contato na jornada do cliente, as empresas podem perder a chance de se conectar com novos públicos, orientá-los pelo funil de compra e aumentar as vendas e a fidelização”, afirma.

Fonte: Sherlock Comunications

O mobile streaming conquista o grande público, abrindo oportunidades publicitárias imperdíveis em vários mercados

O novo Relatório da Adjust sobre o Mobile Streaming descobriu que 52,5% dos consumidores pelo mundo usaram seus smartphones para ver streaming de conteúdos de vídeo desde o surto da Covid-19

O streaming por Over The Top (OTT) explodiu durante a pandemia mundial, de acordo com um novo relatório lançado hoje pela plataforma global de app marketing analytics Adjust, revelando uma mudança decisiva nos padrões de consumo em direção ao mobile. Quebrando o mito de que a maior parte do mobile streaming acontece durante viagens no transporte público, 84% dos consumidores nos países pesquisados usam seus smartphones para assistir a streamings na mesma quantidade ou mais desde o começo da pandemia.

Em média, mais da metade dos consumidores entrevistados (52,51%) disse assistir mais ao streaming de vídeos desde o lockdown. Apenas 12% dos consumidores estão vendo menos streamings — o que significa que quatro vezes mais consumidores estão usando seus smartphones para o streaming de vídeos.

Com base em uma pesquisa com mais de 8 mil entrevistados, nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Turquia, Japão, Singapura, Coréia e China, o Relatório sobre o Mobile Streaming 2021 também encontrou fortes hábitos de streaming em todas as gerações nos países “mobile first”. Ao todo, quase 90% dos usuários com ou mais de 55 anos na China (89,8%) e na Turquia (88,9%) disseram assistir a streamings pelo celular todos os dias ou, pelo menos, uma vez por semana.

“Essa mudança drástica para um mobile streaming que faz parte da rotina do mundo todo e de várias gerações criou grandes oportunidades publicitárias e um novo papel para o mobile analytics”,disse Dr. Gijsbert Pols, Estrategista de Produto na Adjust.

“Entendendo como e quando os consumidores assistem a streamings, assim como quais canais e campanhas entregam o maior impacto de marketing, o potencial para criar bases de usuários grandes e leais com um LTV alto é praticamente ilimitado.”

Outras descobertas do relatório incluem:

A maioria dos consumidores assiste a um mobile streaming pelo menos uma vez por dia. Usuários na China (93,75%) e na Turquia (91,9%) veem um streaming com mais frequência — todos os dias uma vez por semana — comparados com 69,4% nos Estados Unidos e 45,7% no Reino Unido.

Usuários de todas as gerações e regiões assistem a um streaming, pelo menos, por uma hora por sessão, uma prova de que os espectadores não estão mais consumindo somente conteúdos curtos — eles estão maratonando episódios e filmes inteiros.
Os millennials, os maiores usuários de mobile streaming, também assistem por mais tempo. A duração da sessão leva, em média, 90 minutos (94,2), enquanto a Geração Z vem logo em seguida, pouco abaixo dos 90 minutos (87,6).
Segundo os dados, os usuários com ou mais de 55 anos são menos intensos, porém com 65 minutos em média por sessão, esse público parece estar aquecendo.

Os consumidores estão gastando uma quantia considerável em serviços de entretenimento de streaming e sob demanda. A Coreia sai na frente com US$ 42,68 por mês em comparação com US$ 33,58 nos Estados Unidos e US$ 34,82 no Reino Unido.

A CTV abre oportunidades novas para a segunda tela

A pesquisa da Adjust também destaca quão disseminada a segunda tela se tornou pelo mundo, com a ascensão da Connected TV (CTV). Em média, mais de três quartos (76%) dos entrevistados usam seus celulares mobile ao assistir à televisão; esse comportamento de audiência é mais pronunciado em Singapura e na China (ambos com 85%), seguidos de perto pelos Estados Unidos (83%).

Os aplicativos sociais são a escolha número 1 de quem usa uma segunda tela — a opção de 65,4% dos entrevistados, em média —, seguidos pelos aplicativos de banking (54,9%) e jogos (44,9%). Os usuários de segunda tela na Ásia-Pacífico têm um apetite saudável por aplicativos de delivery de comida, com o uso mais forte na China (65,2%), Coreia (36,6%) e Singapura (48,2%).

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Os anunciantes podem explorar a tendência da segunda tela colocando um CTA nos anúncios de TV, por exemplo, com o download do aplicativo via um código QR. Isso tem o potencial de criar uma experiência totalmente nova e interativa com a marca em dois dispositivos.

Para mais insights, baixe o relatório completo aqui.

Metodologia

O Relatório Mobile Streaming 2021 baseia-se em uma pesquisa de consumo conduzida pelo Censuswide em nome da Adjust, a partir de uma pesquisa global com 8.000 consumidores de streaming de TV/vídeo com mais de 16 anos. A pesquisa usa amostras representativas nacionalmente de 1.000 consumidores de streaming de TV/vídeo em cada um dos seguintes países: Reino Unido, Alemanha, Turquia, Japão, Cingapura, Coréia e China entre 6 de novembro de 2020 e 10 de novembro de 2020, e os EUA entre 23 e 29 de setembro de 2020.

Fonte: aboutCOM