Coluna Propaganda&Arte

“Todo criativo é preguiçoso!” Como quebrar estereótipos partindo do design?

Por R. Guerra Cruz

Ilustração do artista Ryot (https://twitter.com/ryot)

Sabe aquela ideia de que todo publicitário fica sem fazer nada dentro das agências, de pernas pro ar, bebendo seu whiskey enquanto procura uma grande ideia que irá fazer a agência ganhar um prêmio de criatividade? Quem já viu a série Mad Man sabe do que estou falando.

Neste artigo do mês, vamos falar sobre algo que pode parecer engraçado, mas é sério: estereótipos no design e como eles podem diminuir uma cultura.

Imperialismo cultural (americanização it’s too much)

Sabe aquela sensação de que tudo o que é feito em países como os Estados Unidos é considerado mais legal, mais moderno, mais tudo? Pois é, isso tem um nome: imperialismo cultural. A ideia é que, em um mundo globalizado, os países mais poderosos impõem sua cultura sobre os demais, criando um padrão que acaba sendo adotado até mesmo pelos que não querem.

E o que isso tem a ver com design? Tudo! Quando criamos um estereótipo, seja ele sobre um país, uma cultura ou uma pessoa, estamos perpetuando essa ideia de superioridade. Quem nunca viu uma ilustração de um chinês com olhos puxados e um chapéu de palha, por exemplo? Ou uma representação de um africano com um prato na cabeça e um sorriso no rosto? Não preciso nem falar dos estereótipos de nós, brasileiro, certo? Isso é tão comum que muitas vezes nem percebemos o quanto é ofensivo e simplista.

Recurso ou piada?

Alguns teóricos do design já apontaram isso, como David Harvey, que fala em “imaginação geográfica” e como ela pode reforçar ideias preconcebidas sobre um lugar ou um povo. Outro exemplo é Edward Said, que em seu livro “Orientalismo” mostra como o ocidente criou uma imagem estereotipada do oriente, que até hoje é reproduzida em filmes, livros e, sim, em designs.

Mas e aí, o que fazer? A resposta é simples: desconstruir. Precisamos questionar esses estereótipos, mostrando que eles são preconceituosos e limitantes. E é aí que entram os memes das redes sociais. Eles são um exemplo de como podemos subverter essas imagens e criar novas narrativas. Quem nunca viu uma montagem com a Mona Lisa usando óculos escuros ou um gato com uma fantasia de super-herói? Isso é um exemplo de como podemos usar a criatividade para questionar padrões estabelecidos.

Então, fica a dica: na hora de criar, pense além dos estereótipos. Não limite uma cultura ou um povo a um conjunto de características simplistas.

Vamos ser criativos, vamos ser inclusivos e, acima de tudo, vamos ser críticos. O design tem um poder enorme de influenciar a sociedade, e é nosso dever usar isso da forma mais consciente possível. Ou você quer viver aquele esteriótipo de que todo criativo é preguiçoso e não gosta de estudar? Cuidado para não se tornar uma grande piada (sem graça) ambulante.

É preciso praticar a diversidade da porta para dentro

Por Rui Piranda*

Há alguns anos, se você me pedisse para fazer uma projeção das maiores campanhas publicitárias que estariam em circulação no século XXI, certamente, eu apostaria nas que destacam produtos extremamente inovadores, como veículos voando ou com autonomia para andar sozinhos. No entanto, a inovação tem dividido a atenção com outro tema que há muito tempo já deveria estar inserido em nossas vidas: a diversidade. Você vai dizer que a comunicação reflete o comportamento da sociedade. Então, seja você um acelerador dessa mudança.

Felizmente, tenho visto o esforço genuíno de muitas marcas para praticar a inclusão da porta para dentro. Sei de empresas e empresários que investem fortemente na inclusão de forma anônima, por acreditar que se trata de um dever e não ferramenta de promoção. Todos são sinais claros de evolução, mas ainda há espaço para melhorarmos mais.

Tenho pensado muito nesse tema. Até mesmo porque ele permeia muitas reuniões de briefing das quais participo. E queria aproveitar esse espaço para convidar você a refletir alguns pontos que tenho observado:

Quem pratica e divulga acaba incentivando!

Respeito quem promove, financia ou incentiva a inclusão de maneira anônima. Mas a empresa que divulga as boas ações que pratica, de certa forma, inspira os funcionários, os consumidores e a sociedade a perceber o assunto como relevante e, quem sabe, se engajar no tema. Digo isso como cidadão e não como um profissional da área de comunicação.

Valorizar a diversidade é um caminho para a inovação!

Ter diversidade dentro da empresa é uma oportunidade singular de ter uma visão ampla do mundo, das necessidades das pessoas e de soluções para diversos problemas e desafios. É um caminho tanto para ser mais assertivo com o público-alvo quanto para conquistar novos clientes. No final do dia, isso tudo tende a se reverter em melhor performance da equipe e do negócio diante da concorrência e, consequentemente, resulta em mais lucratividade – que, apesar de não ser o foco principal da ação, é algo importante.

Isolada, a estética da inclusão é uma ilusão!

Para propagar uma crença ou um princípio para o público externo, é muito importante que o discurso seja praticado da porta para dentro. É mais genuíno direcionar o discurso para comunidades diversas quando você tem representantes desse grupo no seu time interno. E não para por aí. Se, por exemplo, você deseja promover a inclusão de um cadeirante no seu grupo, é importante que ele consiga transitar por todos os espaços da sua empresa e não apenas por áreas específicas adaptadas para ele. Reconheço que a estética externa já é um primeiro passo para iniciar a discussão da diversidade na companhia. Mas, passada essa primeira fase, é muito importante acelerar o passo para que o discurso vire prática no dia a dia da organização, algo que, no longo prazo, contribui, inclusive, para a atração e retenção de talentos.

O checklist da inclusão está com os dias contados!

É comum a construção de campanhas com base em fotos extraídas de banco de imagens. Felizmente, hoje, nesses arquivos já não é difícil encontrar retratos que traduzem a diversidade em diferentes situações cotidianas. A composição das imagens, porém, precisam ser feitas com bom senso. Do contrário, corre-se o risco de passar a impressão de que havia a necessidade de gabaritar um checklist. Ideal mesmo, é poder entrar em uma organização fotografando ou filmando a diversidade enquanto ela acontece, em tempo real.

Os estereótipos podem minar uma ação!

Um risco de não ter diversidade dentro da companhia e cair na armadilha de criar produtos, serviços, discursos ou campanhas com base em estereótipos. Então, no lugar de abrir o canal de comunicação com um grupo, sem querer, você acaba por ofender essas pessoas.

O ideal é ter representatividade para construir a base conceitual do que deseja comunicar. Na sequência, contar com a diversidade para criar ou co-criar e dar forma a tudo isso é fundamental. Assim, teremos algo verdadeiro: diversidade genuína somada aos valores e ao tom de voz da marca. Para dar os primeiros passos seguros e pertinentes, há boas empresas de consultoria para o assunto.

Este é um tema urgente e precisa de discussões produtivas e – principalmente – de ações genuinamente interessadas na igualdade. Lembre-se: a diversidade inclui você.

*Rui Piranda é sócio-diretor da agência ForAll

Coluna Propaganda&Arte

Entendendo culturas (além dos esteriótipos)

A Etnografia visa o estudo das diversas etnias, suas culturas e toda bagagem de informação produzida por um povo. Isso pode ser ideias, imagens, músicas, roupas, tradições, línguas etc.

Image by Sumanley xulx from Pixabay

Nessa hora, encontramos o cenário digital onde as distâncias desaparecem e surge uma nova forma de relacionarmos mundialmente. Mesmo assim, ainda parece que nos comportamos como tribos, seguindo aqueles com mais afinidade comigo.

Agora, será que estamos compreendendo este cenário ao criar uma propaganda ou uma comunicação mais direcionada?

Não precisa ser um anúncio para divulgação internacional, onde você precisa tomar cuidado com a língua estrangeira, dominar não só a ortografia, mas a cultura das gírias, por exemplo. Estou falando das tradições da sua região, do seu bairro ou de uma classe social específica que você quer impactar.

A Netnografia surge para entender como estes grupos se formam, coletar dados para serem usados pelo marketing e gerar uma compreensão maior do que acontece por aí nesse mundão da internet.

São grupos e mais grupos, comunidades e mais comunidades, que se formam a todo instante, buscando algo em comum: se relacionar.

Sua marca está consciente disso?

Com quais grupos ela conversa? Ela cria grupos? Ela pode se beneficiar dessas comunidades?

Todas as perguntas precisam ser respondidas, ou então estamos falando e falando por nada. Gastando o dinheiro da publicidade para falar com um povo que já não reconhece seu idioma.

Quando percebemos #Sextou vira #SEXtoU

Tomando como um exemplo bem básico da hashtag que até hoje faz sucesso e tem uso amplo no Brasil, o #Sextou nunca falou tão forte com um público que precisa trabalhar durante a semana, estudar, matar um leão por dia e na sexta-feira vê um momento de alívio, resumido em uma tag: SEXTOU. Ou seja, a sexta começou. O problema é que em inglês pode ter uma conotação negativa e pornográfica, algo como: sexo para você.

O tipo de ruído que citei aqui parece simples, mas para grandes marcas poderiam gerar algum buzz negativo se não fosse amplamente utilizada pelos brasileiros, que praticamente resignificaram o termo, suprimindo os usos estrangeiros.

Conhecer os perfis, costumes e culturas, muito além dos estereótipos como: todo rapaz quer aproveitar o fim de semana, ou toda mulher que ter um tempo para sua beleza, são apenas alguns passos para encontrar novos mundos de significados, adentrando nesse universo do público que você quer conversar. Quem sabe nessa hora, você encontre um rapaz ligado em beleza e uma mulher que só quer aproveitar o fim de semana e converse com mais eficiência com seu público. Quem sabe no fim, todo mundo use junto, com a conotação mais positiva possível, a hashtag #SEXTOU

Philips vai na contramão do mercado e lança depilador em campanha com pelos

Criada pela Jüssi, campanha mostra realidade feminina e relação das mulheres com a auto depilação

Preparada para entregar produtos que ofereçam mais praticidade à rotina de beleza, a divisão de Cuidados Pessoais Femininos da Philips do Brasil apresenta uma nova campanha publicitária para seu lançamento, o Depilador Série 8000, pautada em mulheres com corpos, necessidades e pelos reais, assinada pela Jüssi.

“Toda a nossa plataforma de comunicação junto a Philips é sustentada por histórias de pessoas reais. Também é nesse tipo de publicidade que nós acreditamos. Dessa maneira, vimos no lançamento deste produto a oportunidade de nos diferenciarmos na forma como o cliente se comunica com suas consumidoras. A proposta da campanha é incentivar o autocuidado, seja ele como for, e tirar o pelo da posição de vilão. Todas as mulheres têm pelos e queremos, cada vez mais, posicionar a Philips como uma marca que apoia as múltiplas belezas que a mulher brasileira tem. A Philips é a principal marca de depiladores elétricos no Brasil e sua comunicação precisa refletir seu posicionamento de apoiar as escolhas femininas e o empoderamento das mulheres se sentirem bem com o próprio corpo, tenha ele pelos ou não”, comenta Sofia Ferreira, head de arte de Philips na Jüssi.

A produção da campanha foi realizada na casa da modelo que estampa as peças publicitárias, exibindo seu ambiente diário e seu momento de autocuidado, fazendo com que a construção das peças fosse ainda mais íntima e realista. Além disso, todas as regras e diretrizes dos órgãos oficiais para o período de quarentena e distanciamento social foram respeitados, assim como a integridade dos parceiros e colaboradores envolvidos no projeto.

Sob o mote “Viva a melhor experiência em depilação”, o lançamento do produto ainda conta com uma parceria promocional exclusiva com a Nivea. Na compra do novo Depilador Série 8000, o aparelho acompanha o novo Hidratante Nivea Mousse para auxiliar no processo de depilação reforçando a hidratação da pele.

“A Philips acredita que a mulher não deve se prender à padrões e estereótipos. Desta forma, investimos em soluções para o cuidado pessoal feminino, que reúnem inovação e praticidade e que permitem a liberdade da mulher se expressar na hora do cuidado com corpo: como, quando e onde quiser”, reforça Gabriela Sassaki, líder de Cuidados Pessoais Femininos na Philips do Brasil.

A campanha veiculará no YouTube, Google, Facebook, Instagram e Taboola, entre outros.

Ficha Técnica
Cliente: Philips do Brasil
Título: Depilador Série 8000
Produto: Personal Care – Depilador Série 8000
Criação: Sofia Ferreira, Arthur Rodrigues e Fernanda Lima
Conteúdo: Mariana Luchesi, Dimas Ribeiro e Vanessa Telles
Motion: Ariane Franco
Estratégia de negócios: Renata Ribeiro
Gestão de projetos: Marcella Reis e Ana Medeiros
Mídia: Aline Bispo e Julliany Camargo
Planejamento: Guilherme Lubianchi e Malu Barbosa
Business Intelligence / Dados: German Brunnner
Aprovação: Adrilles Carvalho, Gabriela Sassaki, Dayane Marmello e Rodrigo Rio

Fonte: Giusti Comunicação – Mariana Novaes