Mídia programática dominou a publicidade online

Empresas de médio e pequeno porte passam a buscar ferramentas que permitam alta segmentação. Desafio é não saturar a audiência

A mídia programática já recebe a grande maioria da receita de publicidade na internet, mais exatamente 85% de todo o investimento no ambiente digital. Esse é um dos apontamentos do estudo Brand Disruption 2020, publicado pelo IAB (Interactive Advertising Bureau) no ano passado. Os números são válidos para os Estados Unidos, mas dão uma boa pista de como se comporta o mercado global. E não é só isso. As compras resultantes de seu uso somaram US$79 bilhões no mercado norte-americano – um crescimento de 87% ante 2017, ano em que a pesquisa começou.

Mas o que exatamente é a mídia programática? Aqui vai um exemplo. “Com certeza você já pesquisou um produto na internet, e até chegou a colocá-lo no carrinho, mas não comprou. Depois, ele começa a aparecer nas suas redes sociais e nos portais de notícia. Isso não acontece por acaso, são um exemplo de mídia programática, no caso, a ferramenta chamada de retargeting”, explica Satye Inatomi, sócia da Jahe Marketing, assessoria especializada em soluções 360° de marketing em um só lugar. O foco da agência é atender empresas que buscam profissionalização da área e braço operacional.

De forma geral, a mídia programática é um tipo de mídia paga, como os anúncios tradicionais. No entanto, esse tipo de publicidade adiciona uma camada de inteligência artificial e conceitos de big data para atingir o público certo na hora certa.

Mas além de customizar a publicidade, quem resolve contratar esse tipo de serviço também ganha escala. Em vez de contatar diretamente um veículo de comunicação, por exemplo, para comprar um anúncio, a transação acontece por meio de plataformas tecnológicas. Com isso, é possível anunciar em diversos sites simultaneamente, garantindo alcance muito maior para a sua marca, com muito menos tempo de negociação. Na prática, o anunciante compra o alcance até um tipo de público, e não o espaço tradicional de publicidade.

Além disso, as plataformas de mídia programática contam com uma quantidade enorme de dados sobre quem acessa cada um desses endereços, permitindo uma segmentação detalhada do seu público, uma geração de insights efetivos para uma tomada de decisão, além de entregar resultados mais assertivos. No caso do retargeting, o consumidor recebe um anúncio de um produto que já pesquisou. Mas é possível direcionar outros tipos de peças publicitárias que podem chamar atenção de um potencial cliente.

“A diferença é que, agora, notamos que companhias voltadas à compra de espaços no ambiente digital estão se abrindo para empresas de pequeno e médio porte, que durante algum tempo, estavam no escanteio. Hoje sabemos que é viável uma trading desk, por exemplo, comportar cinco ou dez companhias menores em sua carteira de clientes, no mesmo espaço que anteriormente era ocupado por somente uma empresa de porte maior”, comenta Thaís Faccin, também sócia da Jahe Marketing.

Mas em um universo no qual muitas companhias estão voltadas à conversão de vendas em ambiente online, existe um desafio: não saturar a audiência com excesso de publicidade. “Sabemos dos desafios impostos pela pandemia, mas como toda ferramenta de marketing, é importante ter uma visão estratégica, e pensar também a médio e longo prazo. Aumentar a consciência da marca junto ao seu consumidor ideal não significa estar em todos os espaços possíveis, o tempo todo”.

Como entrar na mídia programática?

A melhor maneira de começar uma ação de mídia programática é trabalhar em conjunto com sua equipe de marketing, seja interna ou terceirizada. Com base nas peças e linguagem que vocês definiram, é hora de selecionar quais espaços digitais têm maior conexão com sua audiência.

Muitas vezes, o trabalho de compra de espaço para anúncios, na mídia programática, é efetuado por agências especializadas. São as tradings desks, empresas ou equipes internas em companhias de publicidade. São formadas por profissionais altamente especializados, que colocam em prática a compra de espaços publicitários com base nas informações que coletam em plataformas que acompanham a movimentação da audiência em sites e redes sociais.

Se está em dúvida, entenda que, provavelmente, a mídia programática pode sim ajudar seu negócio. Mesmo que o seu produto não seja voltado ao consumidor final. Construtoras, redes de farmácias, laboratórios e todo um público B2B (de empresa para empresa) está se voltando a esse mercado. Afinal de contas, todo mundo está na internet.

Fonte: Bartira Betini

Visualiza e não lembra

Consumidores brasileiros não conseguem recordar marcas de anúncios considerados “visíveis” pelas métricas do setor

Anunciantes precisam fazer mais do que apenas serem vistos na internet para deixar uma boa impressão. De acordo com estudo divulgado esta semana, experiência do usuário é o fator chave na lembrança de marca

A Outbrain, empresa pioneira em descoberta nativa da open web, realizou uma pesquisa de viewability com 1007 consumidores brasileiros e revela que 76% dos consumidores não lembravam da marca de um anúncio dentro dos padrões de viewability da indústria.

O levantamento também aponta que oferecer uma melhor experiência publicitária aliada à relevância do conteúdo junto ao usuário, gera ótimos resultados. A maior parte dos consumidores (88%) se envolvem conscientemente com publicidade. E desse número, 32% se lembram da marca se tiverem uma interação positiva. Além disso, 83% priorizam que o anúncio seja relevante e interessante para eles e 48% consideram que o fator mais importante para engajar com um anúncio é a relevância.

Atualmente, o IAB (Interactive Advertising Bureau) define que apenas 50% dos pixels de um anúncio devem estar visíveis na tela por dois segundos consecutivos para ser considerado visível. “Como indústria, temos um desafio em torno de como medimos visibilidade versus engajamento”, diz Gilad de Vries, vice-presidente sênior de estratégia da Outbrain. “Em vez de focar em métricas de engajamento mais precisas, as marcas ainda estão pagando demais por uma maior visibilidade e assumindo de forma equivocada que isso garante maior engajamento”.

O estudo também revela que vídeos reproduzidos com um clique (45%) aparece como o formato que mais chama a atenção, seguido das recomendações de conteúdo (42%). 53% afirmaram que as recomendações de conteúdo no final das matérias foram consideradas as menos invasivas entre todos os formatos de publicidade em vídeo.

Por outro lado, 89% dos entrevistados têm maior probabilidade de ter uma atitude negativa em relação a uma marca que afete sua atividade on-line; 43% ignoram anúncios que interrompem sua navegação; mensagens pop-ups (47%), reprodução automática de vídeo com som (40%) e reprodução automática de vídeo sem som (33%) são considerados os formatos mais irritantes.

Para o Gilad de Vries, anunciantes e empresas de mídia precisam considerar a adequação do formato do anúncio, seu ambiente e relevância. “Para eliminar o desperdício do que é gasto em anúncios, é necessário reconsiderar a ênfase e a importância que damos ao “viewability”. Esta é a chave para melhorar a experiência do usuário”, finaliza.

Outros países

A pesquisa também foi realizada em outros quatro países, como Espanha (com 1008 entrevistados), Itália (com 1036), Alemanha (com 1000) e Reino Unido (com 1000), totalizando 5051 consumidores. Em todos os mercados, a pesquisa confirmou que estar dentro dos padrões de viewability não é suficiente para que a marca seja lembrada pelos consumidores. Na média entre todos os países, 73% dos entrevistaram não souberam determinar as marcas dos anúncios aos quais foram expostos.

Além de avaliar a métrica relacionada ao viewability, o estudo também apontou que em todas as praças, 64% dos entrevistados conscientemente se envolvem com publicidade. Proporcionar uma experiência positiva, relevante, interessante e não intrusiva é uma influência significativa no recall da marca dos consumidores: 50% consideram a relevância como o fator mais importante no envolvimento com anúncios; também para a metade (50%) dos entrevistados as recomendações de conteúdo ao final das matérias são menos invasivas; e 48% admitem prestar atenção à marca no futuro após ver um anúncio relevante.

Fonte: CommunicaBrasil – Marcela Martinez