Deepfake e Inteligência Artificial: o que chama a atenção na propaganda que une a cantora Maria Rita e sua mãe falecida, Elis Regina

Por Patricia Peck*

Primeiro, precisamos entender que a tecnologia vem para resolver problemas e melhorar o bem estar humano. Entendo que a Inteligência Artificial tem este fim. Mas claro que depende de como é usada e seu uso pode ser desvirtuado. Por isso, a importância de se estabelecer, primeiramente, Códigos de Conduta e Melhores Práticas para seu uso, conforme sua aplicação nos diversos setores econômicos.

Defendo a abordagem de “Soft-Law” como um mecanismo mais próximo e dinâmico da sociedade civil e da indústria até para apoiar o regulador. Pois quando queremos regular a inovação tecnológica temos grande chance de errar a mão, ou para mais (e cercear), ou para menos (e a lei não funcionar).

Logo, atualmente, além das legislações civil e autoral, que regulam o Direito de imagem e os direitos morais de autores e intérpretes, temos o Projeto de Lei 2338/2023 em tramitação no Senado, que pretende disciplinar o uso da inteligência Artificial, estabelecendo normas gerais de uso e implementação de sistemas de Inteligência Artificial.

Mas o PL está muito distante da realidade fática da indústria e da sociedade. Precisamos que as entidades associativas sejam protagonistas e proponham os Guias de Melhores Práticas e o próprio CONAR pode atualizar o Código de Conduta do Mercado para servir de Diretriz mais que apenas punir. Primeiro temos de orientar e indicar o caminho. Pois estamos naquele momento magnífico da Sociedade em que vamos dar um salto evolutivo, em que o homem cria nova tecnologia para ajudar a própria humanidade a ir para um novo patamar de desenvolvimento econômico e social. Não devemos ser contra isso, devemos dizer como fazer.

Para questões éticas temos que refletir: fere que princípios? Podemos homenagear quem já partiu? A família autorizou? A própria pessoa autorizou? Temos contratos para isso. Se esta parte estiver bem resolvida é mais uma questão de atender transparência. Ter disclaimers no comercial que digam: “feito com tecnologia de Inteligência Artificial para recriar imagem e voz em homenagem ao artista. Tal situação foi autorizada pelo mesmo ou pela família ou por quem quer que seja e datar”. E ter um canal de contato para dialogar com a sociedade para eventuais denúncias.

O problema maior da deepfake não reside no seu uso, mas em deixar claro o seu uso, no princípio da transparência. Que para mim tem de ser um dever, mais que um princípio ético.

Não podemos ter medo do novo, nem barrar a inovação. Reitero que temos de dizer como fazer. Entendo que a ética aqui tem dois pilares: uma com o artista (estar autorizado por ele ou por quem de direito ou ter uma análise sobre domínio público, se aplicável), e outra para com a sociedade, ou seja, público em geral. Aí estamos na transparência. No disclaimer que já comentei. Logo estamos, além da questão dos direitos morais, dos direitos de imagem ou direitos de pessoa falecida, pois para tudo isso já temos leis claras vigentes aplicáveis que têm que ser seguidas.

Estamos dentro de uma seara que diz respeito a um dever de que a Inteligência Artificial deve sempre deixar clara que é um robô, que a interação é robótica e não humana, para evitar confundir e ludibriar o ser humano. E isso sim é essencial de ser uma obrigação legal. Há e haverá sempre uma questão relacionada sobre o fato de que os direitos morais transcendem a vida da pessoa e devem ser preservados tal qual se viva fosse. E, nesse sentido, nos cabe perquirir se o uso pretendido no caso concreto está em consonância com os valores da pessoa em vida. Aqui a discussão é de ordem ética.

*Patricia Peck é CEO e sócia fundadora do Peck Advogados, Conselheira Titular do Conselho Nacional de Proteção de Dados (CNPD) e Professora de Direito Digital da ESPM.

Os fatores de comunicação e marketing que mais se destacam

Intensivão de VUCA

por Josué Brazil

Tenho ouvido, assistido e lido muita coisa sobre comunicação e marketing neste período difícil de isolamento social e luta contra a pandemia de Covid 19.

É muito conteúdo bom. Lives, podcasts, webinares, artigos e textos. Separei algumas coisas que estão aparecendo com constância e com as quais concordo.

1 – Posicionamento e/ou propósito – empresas e marcas que já tinham um propósito claro e bem definido e que o praticavam, estão em posição de vantagem. Quem adaptou ou reposicionou seu posicionamento/propósito mantendo-o verdadeiro e válido para o cenário de crise também saiu na frente e colhe e colherá frutos.

2 – Digitalização – quem já estava com os dois pés fincados no mundo digital enfrentou um pouco menos de dificuldades. Quem estava em processo de transformação digital e conseguiu acelerar de modo minimamente organizado também;

3 – Empatia – esse parece ser o item fundamental e definitivo desta crise. Praticar empatia pra valer, de verdade. Entender que na outra ponta há pessoas. Entender suas necessidades e aflições. Apoiar. Explicar. Colaborar.

4 – Customização – de tudo: serviços, produtos, distribuição, embalagem, atendimento, marketing e comunicação. Entender para atender. Dados aqui são importantes. Muito importantes. O consumidor seguirá sendo exigente depois da crise. Ele vai entender que as marcas podem e devem fazer mais.

5 – Verdade, transparência, ética – precisa mesmo explicar? Discurso falso ou atitudes contraditórias levam e levarão à rejeição.

Muitas outras coisas importantes e interessantes têm sido colocadas e discutidas. Essas, na minha modesta opinião são aquelas que se destacam. O fato é que o momento é de um repensar constante apoiado numa contínua análise de como as coisas estão se desenrolando. É um intensivão de compreensão do cenário VUCA (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade) no qual o mundo já estava inserido.

Festival chega a 29ª edição

Mídia Festival 2019 irá premiar ideias criativas que promovam a pluralidade, união, diversidade e transparência

Com o slogan “O prêmio que tem espaço pra todo mundo, menos pro seu preconceito”, o tradicional evento de premiação publicitária do interior de São Paulo chega a 29° edição

No dia 28 de novembro, o Tênis Clube de Campinas (SP) será palco de mais uma edição do Mídia Festival, evento promovido pela Associação dos Profissionais de Propaganda de Campinas (APP) com o objetivo principal de premiar a criatividade e a qualidade dos trabalhos produzidos pelas agências do interior paulista. Mais do que isso, a ação busca incentivar os profissionais da área de comunicação e, para isso, contará com uma temática especial e um convite à reflexão. Neste ano, o Mídia Festival colocará luz sobre questões como pluralidade, união, diversidade e transparência a partir do slogan “O prêmio que tem espaço pra todo mundo, menos pro seu preconceito”.

“O tema surgiu a partir de uma autoanálise que nos levou à conclusão de que a melhor ideia é não ter preconceito. Por isso, a estratégia desta edição é reunir e premiar um bom conjunto de peças publicitárias que valorizem o ser humano em sua pluralidade e tenham uma conexão direta com esse olhar de inclusão e diversidade”, disse Samuel Leite, Diretor da APP. Segundo ele, este é o momento de refletir sobre o papel e a responsabilidade da indústria de comunicação. “Gosto de uma expressão que diz que, para compartilharmos a carteira do cliente, primeiro precisamos nos conectar ao coração dele… E é exatamente isso o que queremos mostrar”, concluiu.

Vale ressaltar que, com tantas mudanças acontecendo na sociedade, a edição deste ano abrirá um espaço para a discussão prévia. Até o dia do evento, será realizada uma série de painéis e mesas-redondas para discutir os pontos de mudança que precisam acontecer no mercado de comunicação, levando em consideração que há espaço para todo mundo, independente de gênero, orientação sexual, cor de pele, etnia ou nível de experiência. Cada encontro terá um tema diferente e será conduzido por palestrantes relacionados à temática.

Ao todo, o Mídia Festival 2019 contará com dez categorias, nas quais serão premiadas três ideias vencedoras (ouro, prata e bronze). São elas: Vídeo, Rádio/Spot Digital, Impresso, Mídia OOH, Campanha Integrada, Design/Projeto Gráfico, Branding, Marketing de Conteúdo, Mídia Performance Digital e Impacto Positivo. As inscrições serão abertas em breve e divulgadas por meio do site www.midiafestival.com.br

Fonte: Pâmela Santos