Educação&Mercado

Como fazer uso da Inteligência Artificial de maneira saudável na Educação

Por Luis Namura*

Assim como os processos educacionais se transformaram com o surgimento do Google em 1998, podemos dizer que o impacto que estamos sofrendo com a evolução da Inteligência Artificial e a utilização do ChatGPT em salas de aula ultrapassa os limites da imaginação.

Sim, as novas tecnologias assustam a humanidade desde a Revolução Industrial, mas cabe aos educadores transformá-las em heroínas ou vilãs. A utilização da IA no processo ensino-aprendizagem é um caminho sem volta, mas ela jamais dará o percurso completo. Isso significa que é preciso ter um certo intelecto para escrever uma frase concisa e interpretar textos para saber onde se quer chegar mesmo para fazer uma busca no chat. E nesse caso nada substitui a mediação de um professor, porque estamos falando de ensino básico, mas infelizmente nossa educação caminha a passos lentos nesse sentido, mesmo em se tratando de ensino superior.

O ChatGPT não “busca” textos e artigos no sentido literal de uma pesquisa na internet. Em vez disso, ele gera respostas com base em um vasto repertório com o qual foi treinado. O modelo é exposto a uma grande quantidade de dados textuais, que abrangem uma variedade de fontes, incluindo artigos, teses, trechos de livros, páginas da web, entre outros. Esses dados são usados para ajustar os pesos dos neurônios dentro do modelo, de modo que ele possa aprender a prever a próxima palavra em uma sequência de texto com base nas palavras anteriores.

Para gerar respostas, o ChatGPT analisa o contexto da conversa que está tendo com o usuário e utiliza a riqueza de detalhes para gerar uma resposta relevante. Ele não faz uma busca ativa na internet em tempo real.

No entanto, ele pode refletir informações que estão contidas em seu corpus de treinamento, que inclui uma ampla gama de conhecimento disponível até a data da sua última atualização. Isso significa que para escrever um texto conciso com início, meio e fim, é necessário fazer recortes bem-sucedidos, e isso não se limita a uma pesquisa, é preciso ter discernimento para costurar todas as ideias e se chegar a um resultado de excelência.

Hoje, na mesma proporção em que estudantes escrevem seus TCCs na graduação embasados em textos prontos gerados pelo GPT, instituições educacionais podem fazer uso de softwares que conseguem monitorar essa falta de honestidade. Agora estamos falando de valores, e isso, embora deva ser perpetuado dentro das famílias, pode ser reforçado pelos educadores. Acho que é preciso catequizar as novas gerações para utilizarem a tecnologia com ética e responsabilidade, pois eles serão os profissionais do futuro.

O papel do professor em sala de aula com o uso do ChatGPT deve ser sempre o de protagonista, orientando sobre o melhor caminho a seguir.

Para finalizar, deixo aqui algumas maneiras pelas quais o professor pode fazer uso da ferramenta de maneira saudável na sala de aula:

1-Facilitador do aprendizado: Os alunos podem fazer perguntas ao ChatGPT sobre o conteúdo do curso, e o professor pode ajudar a analisar e expandir as respostas para garantir que sejam precisas e relevantes, sendo, assim, uma ferramenta para facilitar discussões em sala de aula.

2-Estímulo à criatividade: O professor pode propor desafios ou problemas aos alunos e incentivá-los a usar o ChatGPT para obter novas perspectivas ou soluções inovadoras.

3.Apoio individualizado: O professor pode configurar o ChatGPT para responder a perguntas comuns ou fornecer explicações adicionais sobre conceitos difíceis, permitindo que os alunos avancem em seu próprio ritmo.

4.Avaliação e feedback: O ChatGPT pode ser usado para criar atividades de avaliação interativas, como questionários ou atividades de escrita e para avaliar as respostas dos alunos, fornecendo um feedback imediato sobre seus desempenhos.

*Por Luis Namura é Engenheiro peloo ITA, CEO do grupo Vitae Brasil, podcaster, palestrante e escritor