Pela quantidade de vagas postadas neste blog ao longo da semana passada fica fácil perceber que o mercado de comunicação do Vale do Paraíba está vivenciando uma fase de crescimento. Isso é inquestionável. Mesmo quando a vaga aberta é para substituir apenas uma eventual saída, isso demonstra que o mercado vai bem, pois quase de imediato a vaga aberta deve ser preenchida. Nem sempre ocorreu assim.
Nosso quadro de estágios na faculdade vive lotado e recebemos pedidos de indicação para algumas vagas que sequer chegam a ser publicadas.
Sim, a maior parte das vagas ainda é para estágios. E isso causa acerta preocupação. Boa parte das equipes das agências é junior. São iniciantes, gente que ainda está aprendendo. E, sem desmerecer quem está iniciando, tal fator pode contribuir para uma queda no nível dos serviços oferecidos.
Temos notado no ambiente universitário que vários de nossos bons alunos quando começam a estagiar caem de produção nas atividades escolares. E isso não é positivo. O estágio é uma importante complementação das atividades acadêmicas, mas não pode atrapalhar os estudos, a aprendizagem. O que vemos, infelizmente, ainda são estágios sem supervisão (sem um profissional senior na mesma área que possa orientar o estagiário) e com longa jornada de trabalho. Ou seja, o estagiário vira um funcionário normal. Não está ocorrendo respeito à nova lei do estágio.
Sempre considerei esta questão muito delicada. É óbvio que é positivo haver tanta oferta de estágio. Anda mais quando quase 100% delas é remunerada. É óbvio que o aluno quer estagiar. E é óbvio que isso ajuda na sua carreira. Mas há problemas. O estagiário não deve e não pode ser usado apenas como mão de obra barata. O estagiário nunca está totalmente pronto, ele, afinal, ainda está aprendendo. Não adianta as agências, empresas e veículos quererem que um garoto ou garota seja um talento excepcional e pronto para tudo. Ele não é! É importante que as empresas de comunicação entendam que devem ter um programa de estágio. Com regras definidas (inclusive em relação aos horários) e supervisão real e capacitada. Aí sim os dois lados podem ganhar nessa relação.
Não sou contra o estágio. Sou amplamente a favor. Mas temos visto, de dentro da universidade (mais especificamente de dentro do curso de comunicação social) um certo abuso por parte de empresas. É salutar oferecer uma bolsa estágio. Mas essa bolsa também deve ter um valor, no mínimo razoável. Há casos de bolsas muito baixas e nível de exigência muito alto. Aí a coisa não tem lógica!
Vejam bem: a academia quer o estágio, sem dúvida. As agências, produtoras, empresas e veículos querem pescar novos talentos nas faculdades, sem dúvida! Mas chegou o momento de “discutir a relação”. A busca de novos talentos deve ser feita de maneira equilibrada, preservando a formação do aluno e garantindo-lhe condições de crescimento profissional e pessoal.
Como dizem os atendimentos: Vamos falar?!
Primeiro dou os parabéns pela matéria e por abordar um assunto tão presente mas esquecido por todos que já passaram por essa fase na vida. É interessante perceber como isso é atual e presente em todos os mercados, seja nas menores ou maiores cidades do Vale do Paraíba.
As empresas de comunicação que estão em crescimento começaram a perceber quão vantajoso é ter um estagiário sob seu controle. Ele não participa dos lucros, não dá gastos, sabe que tem muito a aprender – isso o deixa atencioso, compromissado e atuante em seus serviços, trabalha mais do que os propriamente registrados – em muitas das vezes. Entretanto, é culpado e cobrado como funcionário em todas as atividades, desde problemas externos que afetam a empresa até problemas internos como criação.
Em outras palavras, o estagiário é o gandula da partida de futebol. Nunca aparece na linha de frente ou nos holofotes, mas sempre tá lá, atencioso, prestativo e muito cobrado pelo menor dos erros.
O mercado ainda tem muito a crescer, mas os empresários da região necessitam ter uma melhor visão diante de seus profissionais. Todos sabem que os mais experientes acabam saindo do mercado regional devido à fatores condicionais financeiros e falta de valorização profissional. Se você rende, você ganha apenas um sorriso. Se você não rende, ganha um pé-na-bunda.
Você é estagiário mas não tem almoço, trabalho 8 horas por dia – isso quando não sai mais tarde, faz todos os serviços passados, nunca é homenageado ou valorizado pelo que faz – isso fica a cargo dos donos da empresa – e no final do mês ganha uma merreca insuficiente para não pagar nem 50% da sua mensalidade escolar.
Também é engraçado ver as empresas contratando e disseminando vagas de estagiários com milhões de conhecimentos para a mesma vaga que vão de programador, designer, publicitário até produtor de vídeo e som. Pergunto a mim mesmo o que um empresário deseja ao inserir tantos conhecimentos em um só post. Pois, se ele deseja ter um quebra galho, denota-se que sua empresa também realiza serviços que, apenas vão quebrar o galho. E só.
Mercado de comunicação do vale, cresça. Mas cresça em proporções geométricas sólidas e éticas, senão você ainda vai ser um mercado estagiário, pra sempre.