Festival de bizarrices
Normalmente não falo de política neste blog. Quem me acompanha nas mídias sociais sabe que costumo me manisfestar politicamente em outros canais. Mas desta vez vou falar porque o assunto se mistura com comunicação.
Quinta feira é aquele dia bacana em que a gente vê, na TV aberta, propaganda política.
Normalmente já é chato, mas ontem vi um festival bizarro. Uma série de “comerciais” que, definitivamente, ofendem a minha inteligência. Me chamam de burro, estúpido e ingênuo.
O que é isso???
Como é que algum daqueles partidos que anunciaram ontem pode crer que as pessoas vão aceitar que eles sempre “ouviram” a voz das ruas e compartilham de todas as ideias levantadas nos manifestos?!
Quem aconselhou estes partidos a fazer tal comunicação? E quem aprovou, nos partidos, tais bizarrices?
Em minhas aulas sobre roteirização para TV sempre falo que os personagens devem ser o mais próximo possível das pessoas de verdade. Não foi o que vimos nos comerciais exibidos ontem. Atores contratados para simular manifestantes ficaram tão falsos que me deu vontade de gargalhar (era mais o caso de chorar).
Para mim, foi a prova cabal e definitiva de que a classe política brasileira está totalmente distante dos anseios, necessidades e prioridades do povo brasileiro. A prova de que eles continuam acreditando que podem fazer o que bem entendem e que todos, nós, vamos engolir. A prova de que eles não analisaram e não entenderam por completo o atual cenário. E sem uma boa análise de cenário você erra. Sempre!
Chega!
O povo nas ruas, em maior ou menor grau, provou que vê como as coisas estão acontecendo.
Os partidos são instituições falidas. E se o voto não fosse obrigatório (uma aberração do nosso sistema democrático) veríamos uma enorme abstenção nas próximas eleições. Enxergando de outro modo: os partidos vão deixar de ter “consumidores”. O impacto dos últimos dias já lhes retirou boa parte do “mercado”.
Passou da hora da classe política brasileira acordar. Vão pagar caro por continuar achando que somos todos idiotas!!!
A comunicação dos partidos deve refletir uma verdade. Deve refletir sua missão e seus valores. Assim como fazem as marcas. Parece que o mundo mercadológico está mais compromissado e engajado com seus consumidores do que os partidos e políticos.
Concordo, também fiquei enojada.. sem mais!
O que tem me impressionado é o grau de INFANTILIZAÇÃO que os políticos vêm alcançando em suas declarações, em resposta a uma atitude que demonstra justamente um amadurecimento substancial da população e de sua consciência política.
Estão dando declarações espantosamente simplórias – muito mais do que as de costume – para um público que demonstra justamente um discernimento maior e um senso crítico mais desenvolvido.
De repente param de dar explicações banais – mas que pelo menos ainda tentavam explicar alguma coisa, ainda que de maneira furada – e passam a querem curar uma ferida grave com um beijinho, quando o paciente protesta de dor. Só que justamente no momento em que esse paciente já é um pós-adolescente, quase se tornando um adulto. O que eles têm na cabeça?
Mas ainda assim eles tentam, dão coletivas batendo no peito e bradando que “ouviram a voz das ruas” e que “entenderam seu recado”, no dia seguinte são flagrados em atitudes como usar aviões e helicópteros oficiais para fins particulares, como transportar empregadas domésticas e pranchas de surfe até a casa de praia, e dizer com a cara mais deslavada que “não há nada de errado nisso”. E pior, tentam aprovar leis que chegam a ser escandalosas, tão diametralmente opostas que são a tudo que vem sendo reivindicado – provando que o que dizem é exatamente o oposto do que fazem, portanto provando que o que estão dizendo é a mais desavergonhada e cínica mentira.
Será que [ainda] não estão levando a sério o desejo manifestado pela população, pois [ainda] não acreditam em sua capacidade de indignação – e REAÇÃO?
Ou será que [ainda] não entenderam (realmente, como afirmam) o que essa população está EXIGINDO?
Uma coisa fica clara: esses políticos estão em completa dessintonia com seu eleitor, e com a população a quem serve.
E com isso pelo menos uma coisa é certa (ou pelo menos PARECE): desse jeito eles não têm futuro.
Vamos ver. O tempo dirá. E logo. (O que aliás é OUTRA coisa que eles parecem não enxergar).
Belo ponto de vista, Leo! Gostei de seu texto!