Saídas e entradas
Em um dia desta semana que acabou, pela manhã, uma amiga de profissão me perguntou: “o que está acontecendo com o mercado de agências? Tem muita gente saindo ou “sendo saído”do do emprego.”
Confesso que a pergunta me pegou de surpresa. Principalmente porque era pertinente. Realmente nos últimos 15 ou 20 dias houve intensa movimentação no mercado publicitário, notoriamente nas agências, com muita gente deixando postos. Muitos me contataram por email ou inbox do Facebook comunicando que estavam deixando sua posição atual por vontade própria ou porque haviam sido desligados.
Tive que parar um tempo para pensar. E a resposta que esbocei na hora para a amiga que fez a pergunta ainda me parece a mais plausível. Acredito que seja um movimento natural de maturação do mercado e dos profissionais. Explico: muitos dos que estão agora trocando de emprego ou abandonando um cargo começaram muito cedo. Normalmente como estagiários. E quando a gente começa é natural agarrar a oportuniadde que nos oferecem, sem questionar muito as condições para atuar e se desenvolver na função. Queremos dar o pontapé inicial na profissão.
Acontece que depois de um tempo – e esse tempo vai variar de profissional para profissional – a pessoa percebe que não é bem aquilo que almeja profissionalmente. Percebe também que tem potencial para mais. Passada a fase inicial de estágio e aprendizagem muitos desejam descobrir novas funções e mercados.E as empresas percebem que aquele profissional não conseguiu atingir um nível que julgavam adequado para atuar em seus quadros.
Podemos somar a isso o fato de a geração de jovens profissionais ser muito menos apegada ao “emprego”. Quando a coisa deixa de ser legal, bacana, eles desapegam facilmente. Não teremos mais – apenas em honrosas exceções – funcionários de longa carreira em uma única agência.E vale a pena acrescentar que salário conta pra esta turma, é claro, mas não é tudo. Vale o desafio, o ambiente de trabalho, a mudança e a descoberta de que podem fazer outras coisas dentro da profissão.
Há um último fator a acrescentar: a competição. Ela aumentou muito. O mercado cresceu pra todo mundo. E todo mundo quer atrair talentos. Buscar gente boa e competente para atuar em seus quadros. Novas agências surgiram e se consolidaram em espaço bem mais curto de tempo.Outra coisa: há pouco tempo não tinhamos agências de outras disciplinas de comunicação com força suficiente para disputar mão de obra com as agências de propaganda tradicionais. Hoje temos! Destaque para as chamadas agências digitais. Elas tem atraído diretores de arte, atendimentos, planejadores e, pasmem, redatores!
Este movimento das agências especializadas força as agências tradicionais a buscar gente para repor as perdas. E também tem havido muita contato de agências comigo para que possa indicar jovens estudantes de propaganda com talento para essa ou aquela área.
No fim, antes de pensar que o mercado está mal e que tem gente perdendo emprego prefiro crer que o mercado está bem, obrigado, e que toda essa movimentação de saída e entrada é parte de um momento de maturação e reacomodação de peças. E que isso vai beneficiar jovens que relamente têm talento e garrafa vazia pra vender, pois vão ter ganhos salariais e encontrar lugares e desafios mais interessantes.
Assim seja! E vocês, o que pensam?
Josué Brazil
Josué, ótima colocação. Vejo muita gente de currículo ótimo, mais só isso não faz com que o profissional se destaque. Costumo dizer que essa nova geração já nasceu antenada e muito mais esperta, é impressionante.
Vale sim, se atualizar sempre e não ter o medo de errar. O conhecimento é a chave de um bom profissional, ainda mais em nossa área que é tão prostituída.
Abs
Concordo que haja maturação, mas discordo quando você fala que os profissionais estão buscando novos desafios. Ao meu ver, por estar o mercado de agencia, vejo que os profissionais contratados estão dando muito pouco de si e estão muito acomodados. Os curriculos são ótimos mas, no dia a dia, não fazem jus aos salarios e precisam ser dispensados. O mercado é otimo, como vimos em seu crescimento contínuo, mas ele se torna péssimo para quem não está realmente disposto a conquista-lo.
O mesmo processo que um profissional insatisfeito construiu numa agência, construirá na próxima que for contratado. Ao meu ver as pessoas estão escolhendo a profissão por modismo e isso é extremamente prejudicial.
Isso é fruto da Geração Y.
Essa geração escolhe onde quer trabalhar, ao invés de ser escolhido pelas empresas!
Excelente artigo, Josué. Também penso desta forma. Parabéns!
Obrigado, Ana!!!