Mudando o Brasil – 1/2
Na cultura brasileira é depois do carnaval que o ano começa, então, já está na hora de tratar de assunto sério e polêmico nesta coluna. A mudança de cultura em uma nação.
Há poucos dias li uma carta aberta de um gringo, Mark Manson, que refletia sobre a cultura do Brasil, destacando principalmente nossas fraquezas culturais e concluindo que elas nos faziam reféns do tal jeitinho brasileiro. Em seu texto, Mark destaca a dificuldade de falar a verdade, a vaidade para agradar os outros, e o medo de ferirmos as pessoas com o que pensamos sendo os iniciadores dos nossos males, como a imortal corrupção.
Desde já digo que concordo em 30% com o pensamento de Mark. Isso porque uma cultura não é composta apenas de defeitos e não se pode analisar a marca de um país por um exemplo tão minimizado. Quando buscamos cultura, precisamos levar em conta todos os valores e defeitos, não há como separa-los ou pinçarmos apenas o que nos interessa, pois, isto não nos dará uma análise profunda. É preciso cruzar defeitos e virtudes.
Por exemplo, há um defeito que Mark não pontuou para o Brasil mas que historicamente nos prejudica, a síndrome de colonizado: Escândalos e problemas com injustiças políticas acontecem em todo o mundo, mas aqui ajudamos a desprestigiar nossos próprios símbolos. Veja o que foi feito com a Petrobras! Não é que deveríamos fechar os olhos para a o problema da corrupção. Ela precisa e parece estar sendo investigada pelas forças competentes, mas, a mídia em outros países teria um pouco mais de critério na difamação de um símbolo nacional, uma manchete pode ser: “escândalo de corrupção envolve políticos e empresários” ou “escândalos de corrupção envolve governo e Petrobras”.
Pensem como os americanos fariam essa matéria!
Lembrem-se, faz pouco tempo em que os EUA foi acusado de espionagem por um de seus analistas da CIA. O que há hoje de matéria sobre isso? Cadê a imagem de governo que fere os direitos do cidadão ou de uma polícia que usa artifícios ilegais? Há sim uma imagem taxada ao analista, o Snowden é um inimigo público oficialmente declarado como traidor.
Isso é proteção às suas instituições! Mas, é realmente pensar no bem comum antes dos individuais? Tenho minhas dúvidas. Enfim, para o próprio Mark é importante perceber que não se pode analisar uma cultura sem levar em conta que uma fraqueza às vezes se torna força e vice-versa.
Mas é verdade que nossos problemas, assim como todos os problemas, estão enraizados em nossa cultura. E, a mudança não é algo tão impossível quanto parece. Vejamos o exemplo da Coreia do Sul, da Alemanha oriental ou até do nosso vizinho Uruguai. Todos estes passaram por processos de mudança de cultura, se uniram em um único propósito, fazer funcionar. O que acho que falta ao Brasil é um propósito único. O fim de uma disputa de poder, por poder. Não somos um país dos vermelhos ou dos azuis, somos uma única nação em verde e amarelo. Mas realmente não vejo um líder apresentado neste sentido.
De qualquer forma entendo ter 3 passos para a mudança de cultura, seja em uma pessoa, empresa, instituição ou país:
1 – Auto-análise. Este é o passo que Mark nos propõe, é uma etapa onde precisamos identificar nossas fraquezas e também nossas virtudes. Com estes dois elementos podemos ver cenários futuros que podem ser devastadores ou oportunos. É lógico que escolhemos sempre os oportunos, mas é importante conhecer os devastadores, pois, se eles aparecerem não ficamos batendo cabeça pra resolver e tomamos uma ação rápida. Vide exemplo do caso da CIA nos EUA.
2 – Vontade de mudar – é a fase difícil, a fase do empurrão inicial onde é preciso o exemplo heróico. Gosto de citar a difícil missão da primeira ministra alemã, que tem feito um grande esforço em prol da aceitação dos Sírios em seu país. Em um texto de 2015 (http://www.atributo.com.br/mudar-uma-marca-historica/) comentei o que penso ser uma grande oportunidade de mudança para a imagem deste país.
3 – O engajamento – é a fase de fazer os outros acreditar. Cito um exemplo mais pessoal. Quem não conhece a experiência de um amigo que começou a fazer um regiminho e se tornou atleta. É muito comum uma primeira atitude dar origem a uma grande mudança, pois, ela vai contagiando por comunicação.
Por hoje paramos por aqui, mas no próximo mês continuo com o assunto e vou falar sobre algumas técnicas de mudança de cultura que poderiam mudar o Brasil.
Comentem, compartilhem curtam ou não, mas vamos debater o assunto, pois como diz nossa cultura, filhos do Brasil não fogem à luta.