Conteúdo raso ou profundo? O desafio de ser autoridade na “Era do clique”
Por R. Guerra Cruz
Vivemos em um tempo onde o consumo de informação se tornou massivo, veloz e, muitas vezes, superficial.
No marketing, na publicidade, no ensino e na produção de conteúdo para autorreconhecimento profissional, surge uma questão essencial: devemos privilegiar a simplicidade para garantir alcance e engajamento ou aprofundar a complexidade para elevar o repertório e estimular a cognição?
O equilíbrio entre a facilidade e a complexidade
No universo da propaganda, há uma tendência a optar pelo caminho do clichê e da simplicidade.
Isso porque o tempo de atenção é curto e o público busca algo intuitivo, que não exija grande esforço para ser compreendido. Mas, ao nos rendermos apenas ao básico, corremos o risco de produzir uma audiência passiva, que consome sem se aprofundar, sem construir repertório ou senso crítico.
Por outro lado, conteúdos mais ricos e provocativos podem demandar maior tempo de digestão e gerar uma segmentação natural do público.
No entanto, são esses conteúdos que impulsionam a evolução intelectual, estimulam reflexão e consolidam a autoridade de quem os produz.
Comunicação cotidiana: simplificar ou expandir?
No dia a dia, a comunicação é um jogo de ajustes. Se o objetivo é criar conexão imediata, é natural recorrer a abordagens mais acessíveis. Mas, se queremos evoluir a forma como as pessoas pensam e interagem com o mundo, devemos constantemente introduzir novas perspectivas e desafiar o conforto cognitivo.
O mesmo ocorre no consumo de entretenimento. Devemos nos limitar a livros e séries de fácil digestão, ou buscar conteúdos mais instigantes e complexos? O ideal é uma combinação: dosamos a leveza com o aprofundamento, equilibrando prazer e aprendizado.
Criar conteúdo para ser autoridade: qual estratégia adotar?
Nas redes sociais, onde a efemeridade impera, muitos optam por adaptar seu discurso ao que gera clique e engajamento. Mas essa abordagem, embora traga visibilidade, pode comprometer a construção de uma autoridade real.
Autoridade não se faz apenas com números, mas com conteúdo relevante, que desafia, educa e provoca reflexão.
Isso significa que, em vez de apenas cativar pelo fácil, devemos estimular o cognitivo e a formação de um público mais qualificado. Mesmo que isso signifique um alcance menor a princípio, o impacto e a relevância serão muito mais duradouros.
Em um mundo saturado de informação rasa, a verdadeira autoridade está na coragem de oferecer algo mais profundo, provocador e enriquecedor.
Se queremos evoluir como sociedade, não podemos nos limitar ao que é fácil e rápido.
A educação e a comunicação não devem apenas refletir a realidade, mas transformá-la.