Tecnologia, criatividade, verdade e fundamentos
Este último fim de semana participei da vigésima sexta do Festup, Festival Universitário de Propaganda.Para quem ainda não conhece, esse evento é focado em estudantes de comunicação (especialmente os de propaganda)e traz vários profissionais de agências, fornecedores e veículos para palestrar.
Embora voltado para estudantes o evento é um bom termômetro do mercado. Um bom sinalizador das mudanças que ocorrem e ocorrerão no mercado. De todas as palestras que assisti pude notar algumas coisa interessante e que estão meio que ditando o tom do mercado.
A primeira coisa é que as agências já sabem que precisam mudar, reestruturar, repensar. Saber elas sabem. Conseguir mudar são outros quinhentos. Em uma ou mais palestras ficou claro que para as grandes agências a mudança é bem mais complicada. Mudar a cultura de uma grande organização é bem mais difícil do que criar uma cultura, uma filosofia de trabalho do zero. Ou seja, novas agências, enxutas, ágeis e nativas digitais levam vantagem.
A segunda coisa que notei é que se a tecnologia e a criatividade ainda não se casaram (pelo menos não no Brasil) estão noivos e com data marcada. É irreversível. Boa parte das ideias e soluções para marcas, produtos e serviços passa hoje pelo desenvolvimento de um app ou outro recurso tecnológico.A tecnologia fará parte das estrutura das agências. Na verdade, já faz parte em algumas novas agências. Um dos modelos de agência que mais me chamou a atenção foi a BETC (rede de agências francesa que pertence ao Grupo Havas), apresentada pela competente Gal Barradas logo na primeira palestra que assisti no Festup. Não vou me alongar. Pesquisem. É bem interessante.
Ao mesmo tempo, falou-se muito em verdade e transparência. As marcas e propostas de comunicação têm que ser extremamente verdadeiras e sinceras. Não há mais espaço para mentiras e falsas propostas. Com um simples click elas se desmancham e a marca toma imenso prejuízo de imagem. É preciso comunicar missão, valores e causas reais e críveis.
Para encerrar devo dizer que fiquei muito feliz com as palestras de alguns veteranos da propaganda. A “old school” esteve bem representada. Destaco a palestra do Ruy Lindenberg que, sem diminuir a importância dos novos formatos e novas tecnologias, fez a defesa do velho e bom conceito que dá origem a boas peças e ações de comunicação. Isso tem tudo a ver com algo que sempre defendi e já foi alvo de um artigo aqui no blog (intitulado “A base de tudo é a base”): muita coisa pode mudar mas os fundamentos da profissão serão sempre essenciais e decisivos na hora de fazer boa comunicação.
Foi, mais uma vez, um grande evento. Fico bastante satisfeito de seguir aprendendo bastante ao lado dos meus alunos ano após ano. E contribuir com algumas linhas para o mercado refletir sobre os rumos da atividade de propaganda.