Vale muito a pena ler

Quem acompanha o Publicitando sabe que não temos o hábito de postar conteúdo de outros blogs e sites. Ao menos não com muita frequência. Mas em casos em que vale muito a pena, reproduzimos na íntegra um conteúdo. É o caso deste excelente editorial da Regina Augusto, editora da Meio&Mensagem.

Confira:

Como tratamos os nossos talentos
Se nos últimos anos deu certo tratar equipes com desrespeito, gritos e uma carga de pressão e de trabalho desproporcionais, hoje existe a necessidade de rever tais atitudes. Caso contrário, sobrarão poucos sobreviventes nas equipes para perpetuar tais agências

REGINA AUGUSTO | » 08 de Setembro de 2014• 08:08

O texto do articulista de Meio & Mensagem André Kassu, sócio da Crispin Porter + Bogusky, publicado na última edição teve uma repercussão grandiosa nas redes sociais e recebeu uma avalanche de comentários. Com o provocante tema “Essa tal felicidade”, Kassu fez uma reflexão bastante dura sobre a relação entre a realização profissional e o clima nas agências, em especial, na criação. “A insatisfação ronda as agências como uma bruma silenciosa. É muito difícil perceber os sinais olhando de cima da neblina. Eles, em geral, começam nos assistentes, na ala júnior, nas pontas em que o salário não é suficiente para anestesiar. Nas outras áreas há o dinheiro, o status, os antidepressivos e ansiolíticos”.

O eco que o artigo causou está diretamente ligado à urgência de se pensar na sustentabilidade de tais práticas nas agências. Vivemos um momento no qual as novas gerações que estão chegando agora ao mercado de trabalho, a tal da Y – diferentemente do comportamento que tinha nessa idade quem hoje está perto dos 40 anos – tem pouca flexibilidade para se sujeitar a situações profissionais degradantes. Esses jovens fazem isso por algumas razões: têm mais opções; chegam ao mercado de trabalho com muito mais preparo e bagagem e por isso podem fazer escolhas; e, por último e não menos importante, se engajam com propostas que de fato façam sentido para seus objetivos de vida.

Essa é a grande diferença do momento atual. Há cada vez mais relatos de jovens profissionais que simplesmente desistem da carreira na publicidade após uma experiência desagradável em agências. Na ponta oposta, aumenta o número de profissionais mais maduros que estão amargurados com os rumos de suas trajetórias profissionais e em especial da falta de oportunidade em trabalhar em agências cuja proposta e clima realmente sejam atraentes. No entanto, por conta dos seus altos salários, da idade e de todos os compromissos que têm, perduram em trilhar nos seus destinos mal ajambrados.

Se nos últimos anos deu certo tratar equipes com desrespeito, gritos e uma carga de pressão e de trabalho desproporcionais, hoje existe a necessidade de rever tais atitudes. Caso contrário, sobrarão poucos sobreviventes nas equipes para perpetuar tais agências. E os que restarem não necessariamente serão os melhores.

Há alguns anos, tive a oportunidade de conhecer diversas agências de ponta nos mercados norte-americano e europeu e, dentre várias, a coisa que mais chamou a atenção nessas empresas era seu clima leve, descontraído e amigável. Basicamente o que se espera de uma empresa dita criativa.

Os salários dos profissionais de criação no Brasil são os maiores do mundo por uma série de razões. No entanto, eles são a face mais visível de um ciclo vicioso que está corroendo por dentro os talentos.
A questão aqui é tudo menos dinheiro. É sobre comprometimento, realização pessoal e a sensação de fazer parte de algo realmente transformador. Ou, como diria Kassu, essa tal felicidade.

Este editorial faz parte da edição 1626 do Meio & Mensagem, com data de 8 de setembro de 2014.

Leia Mais: http://www.meioemensagem.com.br/home/meio_e_mensagem/blog-da-regina/2014/09/08/Como-tratamos-os-nossos-talentos.html#ixzz3D6dq9KS0

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