Desta vez ouvimos o Vitor Morais
Sou suspeito. Sou fão do Vitor. Ele foi meu aluno e sempre se destacou – muito – nas aulas de redação publicitária. E o mais legal: ele dizia que ia ser redator desde o começo da faculdade. E é.
Vamos começar com ele escrevendo sobre sua trajetória e depois ele responde às perguntas. Boa leitura,pessoal!
Trajetória
“Ué, você não vai fazer Administração?”
Minha mãe me perguntou quando avisei que seria redator, antes mesmo de entrar na faculdade. Então, já entrei sabendo o que queria. Comecei de verdade na PREX – Pró-reitoria de Extensão e Relações Comunitárias, da UNITAU. Lá vivi desde atendimento até criação, a gente fazia de tudo e isso foi muito bom pra aprender a rotina de trabalho. Também descobri o que era Comunicação Interna, já que a gente fazia a divulgação de alguns eventos de diversos departamentos. De lá vim direto pra Supera. Aceitei o desafio de um estágio em redação, fui contratado e, no meio de 2013, assumi a Coordenação de Redação. Esse processo todo durou cerca de 3 anos e meio. Além disso, fiz alguns freelas pra agências da região. O Zeca Martins sempre foi uma referência pra mim. Como TCC, eu e a Isadora Fialho (redatora da Arriba!) escrevemos um livro sobre redação publicitária para as novas mídias. Ganhamos o Intercom Sudeste e fomos pra final do Nacional, experiências indescritíveis.
1 – Há muita procura por profissionais de criação por parte das agências regionais. Mas não é fácil achar bons estagiários e profissionais. O que é preciso para ser um bom criativo e ser desejado pelas agências?
Tem que aprender a segurar o garfo e levar a comida até a boca. Acredito que tudo começa com as referências. Alimentar-se. Ouvir pagode, observar os programas dominicais e as comédias românticas também são funções de um criativo. Claro, os filtros precisam estar sempre ativos, mas conhecer um pouco de tudo ajuda muito no processo criativo. Além disso, o desafio não é apenas ter ideias geniais, mas ideias funcionais. Ter um portfólio lindo, mas com ideias que não funcionam, não serve pra muita coisa. Alguns podem discordar, ok. Aliás, acho fundamental saber ouvir trezentas e trinta e sete opiniões diferentes. Criativo não pode ser revoltado. Tem que ouvir o atendimento, o planejamento, o assistente. E ter sempre em mente que tudo que faz é pra resolver um problema de comunicação. Está lindo, o tratamento da imagem está impecável, diagramação surpreendente, fontes perfeitas, mas e o problema? É uma solução para ele? Então nem precisamos continuar discutindo. Curiosidade e perfeccionismo também são fundamentais. (Pra quem quer ser bom).
2 – As agências buscam mais por assistentes de arte e diretores de arte. Você é redator. Como avalia a baixa procura e contratação de redatores?
Vida de redator não é fácil. (Mentira!) A relação sempre é poligâmica, um redator para vários diretores de arte. Em geral, o nosso trabalho parece mais rápido. “É só um textinho!”. Qual redator nunca ouviu isso? E, como a classe deu conta do recado, isso virou uma cultura. Por outro lado, acredito que o mercado acabou nessa estrutura pela falta de redatores. Ultimamente acompanhei várias vagas para redação. Vários amigos de outras agências desesperados por redatores. Se é difícil ser redator, mais difícil ainda é encontrar um. A gente pode ver nas salas de aula: a diferença entre “quero ser diretor” x “quero ser redator” é incomparável. É superlegal ser redator! Venham pra luz, a redação precisa de vocês. Enfim, acredito que a procura por redatores aumentou bastante. Agora só depende de quem quer, é preciso correr atrás e se preparar.
3 – Você vê evolução no nível criativo da propaganda do Vale do Paraíba?
Sim. A gente sempre pode melhorar, penso assim e acho que todos devem pensar. A satisfação é um estágio perigoso. Gosto de acompanhar os trabalhos das agências, ver o pessoal ganhar prêmios, ser destaque, as agências ganharem novos clientes. Tudo muito legal, mas vamos pra frente! Vamos continuar nesse ritmo: lapidando ideias, aperfeiçoando o olhar crítico, aprimorando nossas estratégias, análises, soluções.
4 – O que não pode faltar no portfólio de um bom redator?
Já falei um pouco disso, mas vou repetir. Solução. Não pode faltar solução. Títulos de enlouquecer, textos bem estruturados, slogans brilhantes, ideias arrebatadoras. Ok, isso é muito importante. Agora, tudo isso como solução de um problema de comunicação, com um argumento matador, ah! não tem pra ninguém. Outro ponto que acho fundamental: a Língua Portuguesa é a sua ferramenta de trabalho. Você precisa dominá-la. Não tem como fugir disso. Receber portfólio com deslizes de pontuação, concordâncias e erros gramaticais é triste. Pra mim, um bom portfólio é aquele que, além de tudo isso, revela que escrever é a paixão da pessoa. Pra ser redator, precisa gostar da coisa. Acho engraçado quando um portfólio consegue transmitir o que o candidato gosta de ler, o gênero textual a que ele é apegado, essas coisas. O texto tem esse poder. Pelo menos deveria ter.
Apesar de tudo isso, confesso que genial mesmo é quando o candidato consegue transformar uma ideia muito boa em texto. Isso é matador.