Tecnologia não é o futuro (isso não é um clickbait)
Primeiro eu quero me desculpar se você chegou até este texto por uma estratégia de clickbait (quando criamos títulos chamativos e trazemos o leitor pela curiosidade), mas esta afirmação do título deste texto foi baseada em uma reflexão 100% genuína e que eu preciso compartilhar com você! Vamos nessa?
“Tudo é tecnologia”
O que as empresas 99, Buser, Creditas, iFood e Nubank possuem em comum? Todas são empresas ou startups que deram muito certo baseadas na tecnologia como principal pilar. Mas então, estamos afirmando que a tecnologia é o futuro aqui? Em partes sim, mas em muitos casos não. Tente acompanhar essa ideia.
Os olhares de todos os grandes e médios investidores estão voltados para startups de tecnologia, simplesmente por modismos, potenciais reais de retorno e por uma conta muito simples: estas startups resolvem problemas reais de forma muito mais fácil, barata e prática para o usuário e tem potencial de ser escalável (crescer rápido e atender cada vez mais pessoas com eficiência e economia). Esse é o core business dessas empresas, ou deveria ser. Isso não significa que investir milhões em novas tecnologias, pessoal especializado e novas plataformas vai resolver o futuro dessas empresas. Prova disso é que nem todas vão pra frente mesmo com ótimas ideias por trás.
Estamos na mão dos clientes (às vezes, literalmente)
Chegamos ao momento da verdade. Imagine você, uma startup que promete entregar bebidas geladinhas no conforto das casas em poucos minutos e com preços acessíveis? Essa é só uma das ideias que têm dado resultados, com um foco muito grande em tecnologia e experiência de usuário. O app Zé Delivery é um bom exemplo dessa entrega de valor. E eu, como cliente, queria isso. Mas, logo fiquei sabendo que muitos condomínios e prédios estão recebendo um novo tipo de serviço in loco: pequenas conveniências de autoatendimento (sem pessoas, você passa o produto e paga sozinho) que são montadas dentro dos condomínios, onde você pode comprar de tudo, snacks, produtos de higiene e até “aquela cerveja gelada”, que também é entregue pelo app todo tecnológico que citei aqui.
E agora? Qual das duas opções você escolheria? Pediria a bebida pelo app ou desceria no seu prédio e escolheria pessoalmente qual bebida ou comida comprar com toda facilidade do autoatendimento? Spoiler: eu escolhi a segunda. Este é um caso real, mas não me considero uma amostragem, porém me fez pensar.
Uma experiência (com) sem tecnologia
Ao vivenciar essa compra totalmente pautado na conveniência, pensei em quanto custaria fazer uma lojinha em milhares de condomínios de uma cidade, sem precisar de atendimento presencial (tudo bem, precisa investir em câmeras e conferência de estoque), mas quantos seriam os problemas técnicos e de tecnologia que precisaríamos resolver, problemas logísticos, tudo isso passou pela minha cabeça. E, novamente, voltei ao aplicativo de entregas. Essa seria apenas mais uma forma de resolver um mesmo problema: encontrar uma bebida gelada (ou produtos) na hora que eu quero e de forma simples e rápida. No final, a tecnologia ou a experiência do aplicativo de nada adiantou para mim e me fez questionar essa tendência de que tudo é tecnologia.
Necessária, mas não principal
Pronto. Cheguei até onde queria. Uma empresa que foca no real desejo do cliente vai atender ele melhor. Se for preciso abrir lojas físicas, esse é o caminho. Se for preciso criar um aplicativo, saiba das limitações tecnológicas de cada usuário e manda ver! Mas quem irá sobreviver não é a empresa diferentona, “toda tech” do Vale do Silício que recebeu aporte de milhões. Vai ser aquela que atende de forma mais completa a necessidade do cliente, mesmo que essa solução seja bastante convencional e sem tecnologia.
(Tudo bem, vai. Uma pitada de tecnologia é sempre bem-vinda!).
O que acha do tema? Sei que é um assunto polêmico, mas queria muito compartilhar essa visão com você!