Curtir, compartilhar e votar
As mídias sociais nas eleições
A eleição presidencial de 2014 é uma eleição pra não esquecer. A primeira presidente do Brasil pleiteia a reeleição, um dos candidatos sofreu uma morte trágica no meio da campanha eleitoral, a vice que assumiu o posto de candidata mudou todo o cenário político e rebaixou um dos protagonistas a mero figurante às vésperas da votação.
Todos esses fatos são um prato cheio para a discussão de especialistas, economistas, jornalistas e qualquer Zé na padaria da esquina. No fabuloso mundo da Internet, não seria diferente. Já experimentamos a influência das mídias sociais em 2010, mas, em 4 anos, o cenário atual se transformou profundamente – mudando tudo o que sabíamos sobre o comportamento dos usuários no ambiente digital.
Em 2010, começávamos a abandonar o Orkut para migrar para o Facebook. Esse êxodo, em poucos anos, fez da rede social de Mark Zuckerberg a maior do mundo. E a forma de utilizá-la é completamente diferente da zuera e falta de compromisso no finado e saudoso Orkut.
Nestas eleições, especialmente após a onda de manifestações de Junho de 2013, o posicionamento político dos usuários ativos na rede social é mais aguçado. O feed de notícias está inundado de longos textos defendendo um ou atacando outro presidenciável, o Twitter explode em memes e narra debates em tempo real, reportagens, colunas, vídeos são compartilhados à exaustão; hora com o objetivo de fazer campanha para seu candidato favorito, hora para – apenas – compartilhar informações esclarecedoras para aqueles que, como eu, ainda não decidiram em quem votar.
Não só os usuários como também os partidos já perceberam a importância e a força das mídias sociais na decisão dos eleitores. Antes mesmo de a propaganda eleitoral começar a internet presenciou o caso da Dilma Bolada: um perfil humorístico que usa o nome e imagem da presidente para criar memes e dar opiniões descontraídas sobre fatos e acontecimentos atuais. O dono do perfil, na época, denunciou que foi contatado pela agência responsável pela campanha da oposição para que passasse a produzir conteúdo para o partido tucano.
Nesse tempo, outras páginas de caráter humorístico passaram a abordar abertamente temas políticos, geralmente atacando o governo através de notícias falsas e imagens “engraçadas” (e bota aspas nisso!). É ingenuidade demais acreditar que esse tipo de conteúdo surge espontaneamente.
Daí a importância do bom senso e do discernimento para enxergar a intenção por trás de cada informação e, principalmente, sua autenticidade. O poder viral da internet é incalculável e a velocidade com que boatos são espalhados é impressionante. Isso favorece, cada vez mais, a ignorância, o debate raso e sem argumentos e, na pior das hipóteses, uma escolha equivocada na hora de apertar o botãozinho verde.
Se você quer realmente mudar “tudo isso que tá aí”, comece tomando cuidado com o que anda compartilhando. Apostar na desinformação do povo para satisfazer interesses políticos é estratégia desde os idos do voto de cabresto.
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