“… precisamos ser parceiros de negócio, que explicitamente impactam positivamente nos resultados dos clientes.”
O Publicitando entrevistou o Alex Gonçalves. Ele é Coordenador do Núcleo de Inteligência Digital da KMS Comunicação, agência situada em SJCampos.
Veja o que ele nos contou:
1 – Você pode ser considerado um dos pioneiros do digital aqui no Vale do Paraíba. Quando e por que surgiu o interesse por esta área da comunicação?
O meu interesse começou na época da faculdade. Para estudar eu buscava informações na internet, onde acabei me identificando com os blogs. Então, por hobby, em 2006 eu criei o blog Publiloucos, que foi ganhando forma e me ajudando a aprender mais sobre esta parte da comunicação. Desde então fui me interessando mais e mais.
2 – Você coordena uma área bastante incomum nas agências da região. Como é desenvolver estratégias digitais para os clientes do Vale do Paraíba?
Na minha percepção esta área não é mais novidade para as agências da região, tem muita gente se movimentando e fazendo um trabalho bem bacana.
Antes de falar especificamente do digital, precisamos falar das relações entre clientes, profissionais e a comunicação.
Sempre que falamos de clientes regionais, é automático: aparece a comparação de budget com mercados maiores. Sim, enfrentamos budgets menores, mas este desafio nos obriga a pensar bastante em ações que tragam retorno real ao cliente.
Em algumas ocasiões as empresas não tem um budget para comunicação, entendimento sobre o papel da agência e na maioria dos casos não enxergam um benefício ao contratar uma agência, pois nos veem apenas como um fornecedor que faz apenas o que é solicitado.
Este formato não funciona. A insistência neste caminho é sinônimo de contrato não renovado, carimbado com aquela frase de que “publicidade não funciona”.
Cabe à nós, profissionais de comunicação, tomar a frente e mostrar que não somos apenas fornecedores, precisamos ser parceiros de negócio, que explicitamente impactam positivamente nos resultados dos clientes.
Agora falando de estratégias em ambientes digitais: precisamos desconstruir o mito de que o digital é barato. Podemos afirmar que os anúncios online são mais acessíveis, onde você pode investir pequenas quantias em mídia. Mas repito, é o valor de mídia. Para toda esta engrenagem rodar são necessários profissionais, que investem suas horas no projeto e tudo isto gera um custo. E alguém precisa pagar, senão a conta não fecha.
3 – Como promover integração on e off pra valer?
Eu sou da época em que o computador usava roupa! Era obrigatório vestir o computador com um plástico branco para não juntar pó, senão acontecia alguma tragédia. E não falávamos “acessar a internet”, o certo era “entrar na internet”. E isto tinha dias e horários específicos, que eram ansiosamente aguardados. Entrar na internet (numa conexão discada de lentíssimos 44 Kbps que caia frequentemente e tinha que “entrar de novo”) era o máximo.
Esta saga mostra como era algo estranho ter o acesso. É nítido que havia uma separação, pois se você tinha que entrar é porque você estava do lado de fora.
As pessoas mais jovens não passaram por isto, já nasceram naturalmente conectados. Já estão “dentro da internet”. Não sentem esta separação do on/off.
Com a comunicação funciona da mesma maneira. Temos os objetivos de comunicação e as ações pra atingí-los tem que estar integradas. A marca tem que ser a mesma em qualquer lugar, seja num outdoor, numa ação OOH ou no Facebook.
4 – A maioria dos profissionais da área digital em comunicação hoje são bastante autodidatas e se valem de cursos rápidos/eventos/palestras. Como a academia (as faculdades e universidades) podem colaborar para reverter este quadro?
Isto é fato. Creio que deva acontecer uma aproximação maior entre empresas e academia. Na teoria é muito fácil, mas na prática não é tão simples assim. Acho que um passo seria realizar palestras e workshops com mais frequência nas universidades.
5 – Qual o melhor caminho para se chegar a uma posição de destaque no cenário digital?
Olha, até hoje eu não sei, rs. Não existe fórmula pronta. Mas em qualquer lado em que o profissional estiver (agência x cliente), deve haver muita força de vontade para estudar, correr atrás das novidades, buscar melhoria contínua, trabalhar com foco e encarar os problemas de comunicação como desafios próprios.