O que mudou em quinze anos

Esse texto veio direto da ProXXIma

Reflexões de um debutante digital

Por Romero Rodrigues – Cofundador e CEO do Buscapé Company

Das várias mudanças que o acesso à informação nos trouxe nesses 15 anos, nenhuma foi mais forte que o aumento do poder do consumidor nas relações de consumo

Em 1998, quatro estudantes estavam com uma ideia na cabeça: e se todas as informações importantes para a compra de um produto estivessem num só lugar? Das várias mudanças que o acesso à informação nos trouxe nos últimos 15 anos, nenhuma foi mais forte que o aumento do poder ao consumidor nas relações de consumo.

O varejo naquela época, no entanto, dava mostras que não gostaria disso. Informar preços por telefone era prática proibida até na lojas com as melhores reputações.

Mas a ingenuidade faz dos jovens uns tolos. Românticos, eles sempre começam sua própria revolução. A nossa se chamava Buscapé.

Há 15 anos, no dia 1o de junho de 1999, entrava no ar o Buscape. Recheado com 35 lojas e 30 mil produtos (hoje são mais de 15 mil varejistas e 12 milhões de produtos), o site trazia quase tudo que se podia comprar online na época.

Sem investimento nenhum na época, o Buscapé era a típica start-up de garagem. No nosso caso, start-up de quarto. Com “investimento” apenas dos R$ 100 que sobravam das bolsas de estágio do CNPq/FUSP de cada um dos sócios, o Buscapé se preparava para a grande revolução digital que estava para acontecer: o real “empoderamento” do consumidor.

Das várias mudanças que o acesso à informação nos trouxe nesses 15 anos, nenhuma foi mais forte que o aumento do poder do consumidor nas relações de consumo. Muitas vezes os números do crescimento do comércio eletrônico são confundidos com os dados de expansão da própria internet.

A força da rápida transmissão de informações ainda vai impactar muito a saúde, a educação e os movimentos democráticos nos próximos 15 anos. Mas, como era de se esperar, o capitalismo foi impactado primeiro – e na sua veia de consumo.

Quando começamos, nosso primeiro plano de negócios – de forma otimista, claro – estimava que o Brasil teria 700 mil usuários de internet em 2000. Hoje, somos mais de 100 milhões de “internautas” (palavra que já morreu) e temos mais celulares que habitantes brasileiros.

A tal revolução digital começa de verdade agora: durante os últimos 15 anos a internet nos trouxe todas as informações disponíveis no mundo. Foi a chave para a uma maior democratização da educação, além de estar sendo a ferramenta para a redução das diferenças sociais. Mas, por pura ironia, elas ficavam todas presas a nosso computador “desktop” (palavra que vai morrer), amarrado em cima de alguma mesa. Na maioria das vezes, inacessíveis quando precisávamos.

Agora esse jogo muda: a mobilidade liberta essas informações e as coloca no local mais importante do corpo do ser humano: o local onde se guarda a identidade, a chave de casa, o dinheiro de plástico e a foto da família.

Bem-vindos aos próximos 15 anos, sem dúvida os mais excitantes para o mundo digital!

Fonte: http://www.proxxima.com.br/home/conectados/2014/06/04/Reflex-es-de-um-debutante-digital.-Por-Romero-Rodrigues.html

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