Mais de 60% dos brasileiros dizem consumir notícias pela TV, segundo YouGov

Levantamento da empresa de pesquisa on-line mostra que as redes sociais, embora ganhando cada vez mais influência, ocupam segundo lugar como fonte

Embora as redes sociais estejam ganhando cada vez mais influência nos hábitos de consumo de mídia dos brasileiros, elas ainda estão longe de ser a principal fonte de notícias no país. De acordo com dados de junho divulgados pela YouGov, multinacional especializada em pesquisa de mercado on-line, 64,2% dos brasileiros dizem receber notícias pela TV, respondendo à pergunta: “Quais das seguintes fontes, se houver alguma, você usa para acessar notícias?”. Em segundo lugar, ficam as redes sociais, reunindo 55,4% das pessoas.

Em relação às outras mídias, apenas três em cada dez brasileiros afirmam ouvir rádio, e pouco mais de um décimo da população do país costuma ler jornais impressos. Um número ainda menor de pessoas, 5,2%, lê versões físicas de revistas. Um pouco mais populares (43,1%) são os sites de jornais estabelecidos, bem como os aplicativos móveis dessas empresas (31,1%).

Embora a TV continue sendo o principal canal de consumo de notícias no Brasil, sua intensidade de uso não se compara ao tempo que os brasileiros passam nas mídias sociais. Também nos dados do YouGov Profiles, mais da metade das pessoas relatam passar menos de 5 horas por semana assistindo TV. Ao mesmo tempo, quase metade dos brasileiros afirma passar pelo menos uma hora por dia em plataformas como Facebook e Instagram. E as diferenças são ainda mais marcantes com relação aos jornais.

Atualmente, apenas um quinto dos brasileiros passa mais de uma hora por dia, em média, lendo jornais digitais. Além disso, mais da metade dos brasileiros simplesmente diz que não sabe quanto tempo gasta com jornais físicos por semana, ou que simplesmente não consome esse tipo de conteúdo. Embora as redes sociais tenham mais funções do que apenas consumir notícias, o tempo que os consumidores naturalmente passam nelas é uma importante vantagem do setor.

David Eastman, diretor-geral e comercial da YouGov da América Latina, comenta que essas lacunas são importantes devido a um dos argumentos básicos que foram feitas por governos e grupos de notícias em todo o mundo: o poder econômico. “Como a maioria desses participantes é sustentada por receitas de publicidade, que aumentam e diminuem de acordo com os níveis de audiência, o controle do mercado é mantido por aqueles que capturam o maior número de usuários e decidem como direcioná-los para outros canais. Atualmente, esse nível de controle recai principalmente sobre as plataformas digitais, que, com seus algoritmos, decidem o conteúdo que as pessoas veem e, portanto, para onde é mais provável elas irem no futuro próximo”, diz.

Fake news

Um outro argumento dirigido à remuneração financeira das plataformas digitais para a mídia tradicional gira em torno das notícias falsas, como analisa Eastman. “Várias organizações de notícias têm dito que, quanto mais recursos fluírem para a mídia, mais numerosas e eficientes serão as empresas do setor. Isso, por sua vez, permite que elas combatam a desinformação de forma mais eficaz. Além disso, maiores pressões econômicas sobre as redes sociais serviriam – em teoria – como um incentivo para buscar a veracidade das mensagens com mais cuidado”, aponta.

O diretor acrescenta que essa dinâmica é necessária no Brasil porque as pessoas que se informam principalmente nas mídias sociais parecem mais vulneráveis à desinformação. De acordo com a Profiles, 51,8% dos consumidores no país que obtêm suas informações de jornais físicos dizem que já acreditaram que uma notícia falsa era real, antes de perceberem o seu engano. O número é estatisticamente maior do que os 48,2% dos consumidores que preferem obter suas informações nas mídias sociais e que cometeram o mesmo equívoco.

“Isso não significa necessariamente que os leitores de jornais físicos estejam mais expostos a notícias falsas. Pelo contrário, isso parece refletir que os brasileiros que preferem a mídia mais tradicional estão mais protegidos contra a desinformação e, portanto, mais propensos a saber quando uma história é falsa. As pessoas que leem jornais (digitais e físicos) são estatisticamente mais propensas a consumirem notícias com certo nível de desconfiança, em comparação com os brasileiros que obtêm suas informações nas redes sociais”, complementa David Eastman.

Metodologia

YouGov Profiles é baseado em dados coletados continuamente e pesquisas contínuas, em vez de um único questionário limitado. Os dados de perfis para o Brasil são nacionalmente representativos e ponderados por idade, gênero e região.

Fonte: Pollyana Rocha – Assessoria da YouGov no Brasil

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