Coluna Branding: a alma da marca

Fee fixo é fim

arte arison colunaRecuperando o assunto Big Bang da propaganda, que trata da implosão do mercado da comunicação e sua reformatação, vimos que o modelo agenciador da publicidade contribuiu para a desvalorização da imagem do profissional de propaganda (https://valepublicitando.com/?p=5973). Hoje, trataremos do assunto finanças das agências.

Logo que saí da faculdade e iniciei minhas aventuras como empresário da comunicação me encantei pela ideia da remuneração por Fee fixo. Definir um valor que cobriria todos os múltiplos serviços que eram feitos dentro da agência, era claramente o sistema mais adequado para a remuneração do nosso negócio. Pensava ser um dinheiro seguro para a agência e sem dúvida controlável para o cliente.

A partir do Fee fixo era possível buscar a lucratividade com as outras duas fontes de remuneração previstas em lei e que estavam sendo auto-regulamentadas pelo nosso conselho de classe que na época se formava a galopes deixando a impressão de que seria a OAB do mercado publicitário.

Um pouco de experiência fez a Alice sair do mundo imaginário e voltar para a realidade, rapidamente percebi que nem o Fee fixo nem nossa auto-regulamentação eram assim tão vantajosas à essa grande maioria de agências.

No mercado das pequenas e médias agências, a sonhada lucratividade vinda do investimento em mídia e produção de terceiros, passa a ser concorrente do saboroso Fee fixo.

Vou explicar melhor:

Pegando como exemplo que o varejo no mercado interiorano, em quase sua totalidade, necessita do dinheiro pago em Fee para o investir em mídia e em produção de materiais de propaganda. Quando isso acontece o cliente passa a questionar o trabalho da agência, taxando-a de intermediadora com insinuações como: “Por que preciso pagar essa comissão, se já pago um fixo?”

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Na verdade, ele sabe o porque, e também conhece o combinado, só não está tendo coragem de dizer: “Eu não tenho dinheiro para pagar o Fee e a mídia!” Mas a agência escravizada pelo dinheiro do Fee não reage à esta desconfiança dando uma resposta vaga ao cliente, que normalmente não cola e exige dele um esforço para pagar a comunicação.

As agências de publicidade para dirimir à desconfiança, passam a multiplicar os serviços oferecidos internamente para justificar a remuneração fixa e então temos o problema escancarado.

O fato é que o novo mercado da comunicação exige muito mais de uma agência. Hoje, um atendimento, um diretor de arte, um redator e mídia, previstos nos livros de comunicação como serviços internos não são suficientes.

Vemos profissionais de UX, pesquisas, psicólogos, jornalistas, gestores de eventos, TI, mídias sociais, audiovisuais e muitas outras áreas presentes nas estruturas das agências, para o desenvolvimento de um serviço diferenciado e de qualidade, na atualidade.

Isso custa o Fee e, às vezes, mais do que ele!

Dessa forma, três caminhos naturais são encontrados pelos empresários da pequena propaganda: os estagiários, o aumento da carteira de clientes ou a terceirização.

A primeira resposta óbvia do empresário de agências é o de baixar custos internos, isso faz com que a agência contrate estagiários com intuito de formá-los alinhando custos. Esse caminho exige um grande esforço do empresariado no treinamento e, mesmo assim diminui a qualidade diferencial do serviço. Sem contar que este funcionário quando formado e barateado é o maior desejo de seus concorrentes, criando no mercado a prática do alto giro de colaboradores.

Se não dá para cortar tem que entrar mais, e o investimento na prospecção transformam as agências, em muitos casos, na famosa pastelaria! Padronizam-se os serviços e se trabalha em linha de produção e o resultado é a baixa fidelização de clientes e alto giro de profissionais de criação e atendimento, dificultando a construção da imagem de marca da agência.
É aí que entra a terceira via, da terceirização! Se no primeiro momento esta prática parece aumentar os custos do cliente, é, para mim hoje, o único caminho viável que ainda pode acontecer.

É preciso mudar o Fee fixo da agência para uma espécie de Retainer Fee ou Success Fee que só cobrem os atendimentos e planejamento. Mas, que remunera a agência por projetos, em valores específicos por serviço ou resultado, negociados para que a agência possa adaptar cada serviço de acordo com seus custos internos.

Neste caso até o honorário sobre serviço de terceiro ou o percentual de desconto padrão podem entrar em negociação junto ao cliente. O que vale é o serviço prestado e o serviço prestado tem valor.

Por fim deixo claro que o Fee Fixo, não é vantajoso nem para o cliente. Pois, pelos motivos acima apresentados a agência fica impossibilitada de questionar os serviços solicitados pelo cliente, pois lhe falta coragem para se posicionar como representante da comunicação. O que transforma a agência muito mais em pedreiro de ideias do que arquiteto de projetos de propaganda.

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