Fórmula desgastada… demais.

Um pode ser bom, dois é muito, três é demais (de ruim)

Josué Brazil

Dias destes estava vendo um pouco de TV aberta e como quase todo publicitário passei a prestar atenção no intervalo comercial.E em um deles uma coisa chamou – bastante – minha atenção: no mesmo break assisti à três comerciais que tinham o mesmo garoto propaganda, o Neymar. Nada contra o garoto, até simpatizo com ele e o acho um baita jogador. Mas, puxa vida, três comerciai com a mesma celebridade vendendo três produtos totalmente diferentes e num mesmo intervalo?! É demais! Demais de ruim.

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Neymar em uma de suas ações como garoto propaganda

Há algum tempo que muitas lideranças criativas do mercado brasileiro alertam para o excessivo uso de celebridades e semi celebridades na propaganda brasileira.Parece que qualquer campanha, qualquer problema de comunicação, qualquer produto ou serviço de qualquer segmento merece a mesma – e única – solução: o uso de uma celebridade.

O que pode explicar esse exagero? Anunciante com medo de arriscar? Agências com preguiça criativa? O modelo entrega resultados muito positivos? Pressa para obter resultados? Uma geração de publicitários e criativos menos preparada? O brasileiro precisa de ídolos e referências e a propaganda entrega isso?

Muitas perguntas, muitas possíveis respostas e explicações. Mas o fato é que a experiência e o histórico de todas as coisas mostra que tudo em doses exageradas causa desgaste, reações e efeitos colaterais indesejados e, acima de tudo, desinteresse.

Então, talvez, a pergunta que deva mesmo ser feita é: não dá para fazer de outro modo?

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O golfista Tiger Woods

Todos sabemos dos riscos que o uso contínuo de personalidades e celebridades em propaganda podem causar. Os exemplos se multiplicam mundo afora. Michael Jackson, Tiger Woods, O.J.Simpson, são exemplos de personalidades que acabaram se envolvendo em escândalos e situações embaraçosas e isso acabou arranhando (feio) marcas que estavam associadas a eles.

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O.J. Simpson

No caso do Neymar a super exposição é preocupante. O jovem jogador serve para recomendar de tudo. Será que serve mesmo? Até que ponto a atenção de quem está assistindo TV vai ser realmente atraída por mais um comercial usando o jogador? Eu mesmo não consigo lembrar as três marcas ou produtos anunciadas pelo Neymar naquele mesmo break.

A propaganda brasileira precisa abandonar este modelo surrado. Urgente. É celebridade demais e produto e marca de menos. É pouca construção de marca, de identidade, de busca de originalidade. Sempre digo que uma ideia deve ter sempre tem componentes fundamentais: originalidade, pertinência e adequação. E nem sempre um comercial de TV com celebridade atende a estes componentes (quase nunca).

Devo dizer, antes de encerrar, que há honrosas e brilhantes exceções.Mas devo dizer, para finalizar, que há muito de “mais do mesmo” em nossos intervalos comerciais.

Um comentário em “Fórmula desgastada… demais.

  1. Tem razão, Josué!
    De uns tempos pra cá não há mais a mesma criatividade de propagandas passadas. Antes o processo criativo era mais explorado. Atualmente a impressão que passa é por obter resultados a curto prazo ou até mesmo imediatos. Claro, há exceções, mas o uso da celebridade tem sido exagerado. Um bom exemplo de uma propaganda sem uso de celebridades foi o famoso leão do imposto de renda. Comercial criado pela DPZ e veiculado em 1980. O Leão símbolo da voracidade é criação de José Zaragoza e Neil Ferreira. Tornou-se um símbolo que até hoje é conhecido. Link da propaganda: https://www.youtube.com/watch?v=zIdEGA5i06k

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