Um ótimo papo com um ótimo redator

“Aprenda a escrever conteúdos, matérias, artigos, contos, romances. Resumindo, seja um escritor.”

O entrevistado desta semana aqui no Publicitando é o redator Mário Nunes. Ele está atualmente na Focusnetworks – OnLife Business Group e conta um pouco de sua trajetória profissional até aqui, além de dar algumas ótimas dicas para quem está dando os primeiros passos na profissão de publicitário e quer ser redator.

Confira:

1 – Você já atuou em agências “tradicionais” e agora atua numa agência focada em digital. O que mudou em seu trabalho como redator?

Basicamente, tudo. Nas agências “tradicionais”, os clientes requisitavam campanhas com um único objetivo: vender mais (seja produto ou serviço). Sendo assim, o meu trabalho como redator era direto, incisivo e essencialmente persuasivo.
Na Focusnetworks, eu trabalho principalmente com produção de conteúdo. Nós usamos a criatividade para desenvolver uma relação positiva e duradoura entre marca/cliente. A venda, nesse caso, é uma consequência natural, não um objetivo primordial. Esse simples fato abre inúmeras possibilidades para a redação. Eu posso explorar o universo do produto ou serviço, sem nem ao menos citá-lo no material. As métricas também são sensacionais para o trabalho do redator. É possível perceber instantaneamente se uma determinada linguagem adotada deu certo ou não. Assim, podemos corrigir a rota, buscando outro caminho criativo.

Mário Nunes, nosso entrevistado da vez

Mário Nunes, nosso entrevistado da vez

2 – Em sua opinião por que há poucos redatores no mercado valeparaibano?

Não acho que esse seja um problema exclusivo do vale. O mercado em geral forma menos redatores do que outros profissionais. Agora, focando em nossa região, vejo alguns pontos cruciais. Primeiro, é importante lembrar que, até pouco tempo, grande parte das agências regionais de pequeno e até médio porte não possuíam um redator em sua equipe. O tal ‘criativo’ fazia os dois papéis, era designer e redator. Eu mesmo trabalhei dessa forma em duas agências. Isso causava um afastamento de quem queria trabalhar exclusivamente com redação. Porém, tenho observado uma mudança nesse ponto. Segundo, a própria profissão não é muito difundida por aqui. Os alunos entram na faculdade de publicidade e só vão descobrir que existe a possibilidade de ser redator, quando se deparam com a matéria Redação Publicitária I. E por último, entra o fator oportunidade. Se o aluno se destaca como criativo, é mais fácil ele achar oportunidades como designer do que como redator. Principalmente como freelancer.

3 – Que dicas você daria para quem está iniciando em propaganda/comunicação e quer ser redator?

Monte um portfólio com peças fantasma e encontre um estágio. Esses são os dois primeiros passos.
No segundo ano de PP, quando eu decidi ser redator, abordei o KK Abdalla em uma palestra da Secom. Pedi pra ele me dar uma oportunidade de estágio na KMS, e ele me deu uma lista de exercícios para redação. rsrsrs. Escrevi centenas de títulos e recebi várias dicas dele, mas não consegui um estágio porque eles estavam sem vagas. Com os títulos em mãos, apresentei um portfólio na Supera e fui contratado como estagiário. Daí em diante, eu me desenvolvi como redator.
E pra passar um pulo do gato, estude outras técnicas de redação, além da redação publicitária. Aprenda a escrever conteúdos, matérias, artigos, contos, romances. Resumindo, seja um escritor.

4 – O que faz para se manter criativo?

Para responder essa pergunta, vou dividir o meu processo criativo em duas etapas: 1- ter a ideia; 2- escrever a ideia.
Para me manter criativo na etapa 1, eu exploro a maior diversidade de experiências e interações possíveis. Saio de casa e vou ter com o mundo. Gosto de observar o comportamento das pessoas, faço muitas perguntas e tiro insights criativos de conversas cotidianas.
E para me manter criativo na etapa 2, eu escrevo e leio muito, muito mesmo. Nas horas vagas, escrevo músicas e contos literários. E para abastecer o repertório, leio, pelo menos, um autor diferente por mês.

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