Mulheres techies: um terreno masculino cada vez mais ocupado por elas
São jovens e têm cargos importantes relacionados à tecnologia. Aprimoram seu talento e se preocupam com sua imagem, sem que nenhum preconceito ponha em dúvida seu desempenho.
Poderia ser um grupo de amigas jogando conversa fora numa mesa de bar: jovens, lindas, simpáticas e arrumadas, cada uma em seu estilo. Mas não: é um grupo de especialistas em tecnologia que somam títulos como “UX Designer”, “Performance Marketing”, “Data Scientist”… ocupações e áreas que, para quem tem mais de 30 anos, podem ser tão distantes das clássicas “medicina”, “direito”, “economia”, como Plutão do Sol.
Inúmeros estudos mostram que equipes com grande diversidade de conhecimentos e opiniões obtém melhores resultados e maior inovação. Isto é o que acontece com a Nuvem Shop, a plataforma que permite criar lojas online profissionais, da qual as entrevistadas fazem parte. Apesar de serem especialistas graduadas, que trabalham com análise de dados e estratégias digitais e de marketing, reconhecem que às vezes não sabem como explicar a seus pais, companheiros e/ou amigos o que realmente fazem, inseridas em um mundo onde a maioria são homens.
“Eu trabalho com muitas empresas, nas quais os postos importantes são ocupados por homens, mas nem minha idade e nem meu gênero são um condicionante do que posso fazer”, diz Victoria Blazevic (23), que se dedica a Branding e Comunicação na empresa.
“A demanda nos cargos técnicos é tão grande que as oportunidades vão se equiparando. Existe o preconceito de que o homem é analista e quem planeja, e que a mulher não pode fazer essas coisas, mas não é assim”, completa Virginia Milano, (26) Designer da Nuvem Shop.
As meninas, como especialistas, acreditam que o olhar feminino acrescenta muito à tecnologia: “Somos mais observadoras de alguns comportamentos humanos que talvez para os homens passem despercebidos e temos a capacidade de pensar no outro muito desenvolvida”, acrescenta Laura Esper (32), graduada em Economia .
Como chegaram a trabalhar com tecnologia?
Natalia Lopes, (31) Scalable Channel da Nuvem Shop assinala que “é uma área que sempre me identifiquei e gostei muito, mas nunca pensei em seguir carreira por achar mesmo que era algo muito masculino. Mas hoje, trabalhando em uma empresa de tecnologia, vejo que poderia ter seguido esse caminho antes, pois na Nuvem Shop é bem equilibrado o número de homens e mulheres trabalhando”.
Victoria está prestes a se formar em comunicação publicitária e institucional, mas sempre quis se dedicar ao ramo tecnológico: “Buscava um meio desafiador e de rápido crescimento. Para minhas amigas, que se dedicam às humanas, e para minha família, é difícil entender que trabalho em uma plataforma de comércio eletrônico, sem ter uma formação necessariamente em tecnologia. Acreditam que se você não tem conhecimento de tecnologia, não consegue entender a essência do negócio. E, pelo menos no meu trabalho.”
Luane Silvestre, (21), Content Strategist, aponta que desembarcou na tecnologia quase por acaso. “Por conta de um curso técnico de informática, para o qual desenvolvi um sistema em parceria com a prefeitura municipal. Foi uma experiência maravilhosa e, particularmente, não senti um tratamento diferente pelo meu gênero – talvez pelo ambiente em que eu estava. Mas sei que, infelizmente, isso permanece comum”.
Os desafios das mulheres no mundo das TI
Existe um fato particular e preocupante: de acordo com os dados de grandes empresas tecnológicas, as mulheres representam apenas 30% da força de trabalho em áreas relacionadas à engenharia e à tecnologia. Esta desigualdade é conhecida como “disparidade de gênero”.
Por isso quisemos saber quais são os desafios de gênero vistos da perspectiva de nossas convidadas.
Natalia: “Acho que o principal é ter muito conhecimento. Penso nisso porque é uma forma de mostrarmos que temos voz, que sabemos do que estamos falando e passando essa segurança”.
Laura: “Há poucas mulheres em posições de gerenciamento, e isso vai mudar com o tempo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já existem programas de formação em colégios secundários orientados a mulheres, para que comecem desde criança”.
Virginia: “Nós, mulheres, temos que nos fazer escutar e nos tornarmos referência no mundo da tecnologia, onde hoje 90% delas são homens”.
Luane: “Acredito que vá além da área de TI e se estenda para todas as Exatas: não deixar que o estranhamento alheio seja um fator desencorajador, e sim um incentivo para permanecermos firmes em nossos propósitos e mostrarmos a que viemos. Porque matemática não é coisa só de homem e nem literatura, coisa de mulher. Conhecimento é algo tão rico e amplo que, ao meu ver, nem merecia tantas divisões.Não dá para dizer que não existe uma diferença em relação a outras áreas. Sim, ainda somos poucas na tecnologia e as pessoas soltam um olhar de surpresa quando veem mulheres se dedicando a TI. Quando é admiração, ok. O problema é se ele significa desconfiança” conclui Luane.
Atualmente no setor da tecnologia, a educação de qualidade pode vir de diferentes e valiosos lugares sem distinção de gênero. Existe toda uma quebra de paradigma que vem junto com a geração dos Millennials, as TI e as novas formas de trabalho, onde a mulher vai ocupando seu espaço e buscando ser cada vez mais referente.
Fonte: Partner Press&RP