Pelo direito de viver em banda larga
“Na minha época não era assim, a gente conversava!!!”
“Pára de mexer nesse celular e vai viver a vida!!!”
“Uma geração de alienados”
– bradam, raivosos, no Facebook direto de seus smartphones na Starbucks mais próxima de você.
Você já deve ter lido na sua timeline algo do tipo. Gente defendendo “viver a vida de verdade”, compartilhando aquele vídeo “impressionante” de como as redes sociais afetam as nossas vidas (sempre de forma negativa).
Eu acredito que foi-se o tempo em que estar na internet era praticamente hibernar dentro do quarto, sem luz, rodeado de pacotes de salgadinho e dos restos mortais da pizza de 3 dias atrás. Todos já passamos – e sobrevivemos – à época da internet discada em que tínhamos hora marcada para sentar em frente àquele trambolho mágico. O mundo hoje é outro completamente diferente daquela caverna em que vivíamos.
Sou cria da Geração Y e como a maioria das pessoas que eu conheço, vivi em épocas completamente distintas: brinquei de boneca e de queimada, tive um computador em que só usava o Paint, presenciei o auge dos finados Orkut e MSN e hoje vivo nesse turbilhão de novidades que surgem a todo momento de forma ativa e constante.
E, por isso, não vou jamais endossar o coro daqueles que subestimam a vida em banda larga.
Com o avanço tecnológico que nos atingiu feito uma avalanche nos últimos anos, é possível postar uma foto no Instagram, compartilhá-la simultaneamente no Twitter e no Facebook enquanto faz um check-in no Foursquare e dá uma olhadinha no Tinder pra ver se tem um boy magia por perto.
Estar sempre com o seu smartphone em mãos não quer dizer que você não esteja vivendo a sua vida, curtindo a sua viagem, aproveitando o seu jantar romântico.
É claro que existem casos extremos e a influência da internet na vida das pessoas é, sim, algo que deve ser estudado e compreendido.
Mas, será que é realmente – ou exclusivamente – culpa da ferramenta? Será que as respostas para os exageros não estão em quem a maneja?
Quero dizer: entender – do ponto de vista psicológico mesmo – o que leva ao desespero por atenção; à carência; à violência; à reclusão, à depressão?
Resisto em acreditar que uma pessoa equilibrada em suas relações interpessoais e conflitos internos se torne refém de uma telinha brilhante e abra mão de sua “vida real” por causa dessa lavagem cerebral que tentam nos fazer acreditar que sofremos diariamente.
A nossa maneira de se relacionar com o mundo e com quem está por perto se transforma a cada dia e em muitos aspectos a internet aproxima mais do que afasta e desinibe mais do que cala, educa mais do que aliena. Mas essas histórias raramente são contadas. “Lutar contra o sistema” é bem o tipo de coisa que as pessoas tem gostado de fazer ultimamente, mesmo sendo, elas mesmas, partes integrantes e colaboradoras desse modelo de comportamento.
De maneira geral, é incrível a quantidade absurda de informação a que estamos expostos. A mídia(ou imprensa, não sei qual o melhor termo) tem um papel importantíssimo quanto a forma que estas informações são apresentadas.
Mas neste cenário, já vemos mais um benefício da internet e suas redes sociais, que servem de reduto para vários agentes midiáticos independentes.
Voltando à questão do discernimento quanto ao uso da internet, cabe a nós saber filtrar o que há de melhor no conteúdo que nos é apresentado, para tentar reduzir a síndrome do “ver mas não olhar”.
Acho que fugi um pouco do seu assunto, mas o texto me fez pensar nisso rs.
Parabéns pela colune =)