Por Fernando Adas*
Tudo caminhava bem na fila da sorveteria.
Sofia, a menina que estava à minha frente com os pais, olhava animada para as cores na vitrine.
Perguntei a ela qual sabor iria escolher e recebi um sorriso tímido de dúvida.
“Próximo”, grita o atendente e Sofia arrisca: “cupuaçu”.
A mãe surpresa intercede: “Cupuaçu? O que é isto”?
“É uma fruta típica da Amazônia” responde o moço do balcão e já oferece uma degustação a ambas.
O pai mais ansioso e menos receptivo à prova, pergunta: “o copinho custa R$15,00”?
A menina, meio esquecida na cena, retoma o protagonismo e decide: “Limão”.
Eu, torcendo pela paz familiar, sorrio e apoio a assertividade da decisão.
Nossa vida é cheia de palpites que vêm dos outros ou de nós mesmos. Nossas decisões resultam deles.
Pense bem, quantas marcas você consome sem que tenha decido por elas?
E se alguém decidiu por você, será que uma outra pessoa lhe influenciou? E talvez uma terceira tenha comprado…?
Nesse Natal, ganhei vários presentes, entre eles, um urso de pelúcia. A amiga, confiante, me explicou: “Pedi uma sugestão lá em casa e meu irmão trouxe de Miami”.
Tá vendo… vou curtir meu urso americano escolhido pela minha “amiga”, sugerido pela família e comprado pelo irmão.
Quando se fala de público alvo, devemos abrir o nosso olhar para este contexto.
Seu público consumidor pode ser eu (ou a menina do cupuaçu), mas a decisão, a influência e o pagamento da compra podem estar nas mãos de outros “targets”.
Um banco de dados preparado para prospecções ou relacionamento, precisa contemplar estes personagens.
Além das informações cadastrais como o nome completo, o endereço, telefone, e-mail, torna-se cada vez mais importante o olhar comportamental sobre o seu consumidor e seus clientes.
Em um primeiro momento, pesquise o comportamento de compra com a definição dos hábitos e motivações em relação à marca comprada.
Depois, avance ao comportamento social nas questões sobre religião, hábitos esportivos, time do coração e assim por diante.
Conhecer bem o seu público é uma jornada sem fim, aliás, como todo relacionamento deve ser. Uma troca constante de informações e ações.
Por isso, comece já e faça a sua fila de cliente crescer e ser bem atendida.
*Fernando Adas é fundador e diretor de planejamento e atendimento da Fine Marketing e autor do livro “O Safado, a Biscate e Eu: causos, cases e casos de um publicitário indiscreto”.