Anúncios no Streaming: Como as Marcas Podem Sobreviver ao Terror da Nova TV
Por R. Guerra Cruz
As grandes plataformas de streaming, que surgiram como alternativas revolucionárias à TV tradicional, estão agora se aproximando perigosamente do que costumávamos odiar: comerciais.
O que está por trás disso? O crescimento estagnou, os custos de produção dispararam, e os acionistas querem ver resultados. A solução mais óbvia para equilibrar essa equação foi a boa e velha publicidade. No entanto, essa transição não foi suave, e o público — que paga para evitar comerciais — percebeu, e como não poderia deixar de ser, reclamou.
Para entender essa mudança, basta olhar os números. As gigantes do streaming estão investindo bilhões de dólares em conteúdo original, ao mesmo tempo em que o crescimento de novos assinantes está desacelerando em mercados-chave.
O resultado é um buraco nas finanças que precisa ser preenchido. E os anúncios, que já eram comuns em plataformas como Hulu, se tornaram a bala de prata dessas empresas. Mas isso trouxe outro problema: como equilibrar o desejo por rentabilidade com a experiência de quem já paga para evitar exatamente isso?
A Percepção dos Usuários: Frustração à Vista
E então vem a frustração. O público, já pagando uma assinatura, não entende por que agora também tem que ser “bombardeado” por anúncios. E essa frustração não vem apenas da interrupção em si, mas da sensação de ser traído por uma promessa inicial. Afinal, os streamings sempre se venderam como alternativas à TV paga, que era cheia de comerciais. Agora, parece que a linha entre os dois mundos está cada vez mais borrada.
Para muitos, a questão não é só o anúncio em si, mas o fato de que essa mudança foi imposta sem uma transição suave ou uma explicação clara.
O Dilema das Marcas: Como Anunciar Sem Ser Odiado?
Diante desse cenário, surge uma questão crucial para as marcas: como se destacar em um ambiente em que a audiência não quer te ver? O desafio é claro: o usuário já está frustrado. Ele quer voltar para o episódio que estava assistindo o mais rápido possível. Se o anúncio for irritante ou descontextualizado, a associação negativa vai ser imediata.
Então, como contornar essa situação? Aqui estão algumas dicas rápidas para as marcas que precisam sobreviver no campo minado dos anúncios em streaming:
Dicas Rápidas para Criar Anúncios em Streaming (e Evitar a Fúria do Usuário)
1. Seja Breve e Direto: O público de streaming quer velocidade. Seu anúncio precisa ser curto, direto e, de preferência, resolver alguma dor ou oferecer algo interessante no menor tempo possível. Os 15 segundos mais bem gastos da sua vida.
2. Contexto é Rei: Anúncios descolados do que o espectador está assistindo criam frustração. Se o usuário está imerso em uma série dramática, seu anúncio de uma nova bebida energética precisa reconhecer o tom, talvez até brincar com o fato de que ele não queria te ver. Timing é tudo.
3. Use a Personalização a Seu Favor: Plataformas de streaming sabem muito sobre seus usuários. Então, use isso! Crie anúncios que falem diretamente com os interesses do público que está assistindo. Quanto mais personalizado, mais aceitável será o conteúdo publicitário.
4. Humor é uma Arma Poderosa: Um bom anúncio com humor pode reverter a situação. Se a interrupção for divertida o suficiente, o público vai perdoar. Pense como as marcas podem ser inesperadamente engraçadas, sem perder de vista a mensagem principal.
5. Não Prolongue o Sofrimento: Anúncios longos são a morte certa para a atenção do espectador. Seja rápido e relevante. Entregue a mensagem, deixe a curiosidade no ar e saia de cena.
6. Atenção ao Timing das Plataformas: As empresas de streaming costumam inserir anúncios em momentos-chave — entre episódios ou em transições de cenas. Aproveite esses momentos e não desperdice o tempo do espectador. Ele já está pronto para um intervalo, então, se você for eficiente, ele não vai te odiar.
O Novo Normal dos Streamings (e Como Jogar Esse Jogo)
A realidade é que anúncios vieram para ficar no mundo do streaming. As plataformas precisam dessa receita para continuar entregando os shows e filmes que amamos.
Para as marcas, isso abre uma nova janela de oportunidade, mas exige um jogo delicado. O público não está lá para ver anúncios, então, para ser aceito — ou, pelo menos, não ser rejeitado —, a comunicação precisa ser estratégica, criativa e o mais amigável possível.
Com criatividade e respeito ao momento, dá até para garantir que o espectador, ao invés de pular o comercial, vai ficar de olho e, quem sabe, te convidar para a próxima maratona! Afinal, todo bom enredo merece um final feliz… até o intervalo.