Coluna {De dentro pra fora}

Precisamos falar sobre isso. Mais uma vez

vitor-2016

Talvez você já tenha lido mais de um texto meu falando sobre observar o ambiente de trabalho, as pessoas e os líderes. Porém, é fundamental repetir o assunto. Veja o porquê.

Numa conversa com amigos, comentávamos sobre como a sociedade ainda tem preconceitos e traços patriarcais bem fortes. Alguns assuntos nós pensávamos que já estavam socialmente resolvidos, como preconceito, mulheres e por aí vai. Mas vira e mexe a gente esbarra num preconceito disfarçado.

Já uma outra amiga afirma que a gente vive numa bolha. Somos a galera da Comunicação. A turma mais mente aberta, mais flexível e contestadora. Porém, a realidade do mundo continua a mesma. Somos nós que estamos fora dela.

Numa terceira conversa, com um amigo que visita empresas e conhece suas diferentes realidades, ele relatava algumas situações que encontra por aí. Dessas que a gente imagina que não existem mais, sabe?

Ou seja, tudo que a gente vê na sociedade ainda tem um reflexo muito forte nas relações de trabalho. Não adianta a gente pensar em aplicativo, em fazer a revista linda, se nossos empregados não têm nem as condições básicas de trabalho. Se eles ainda sofrem assédio. Se os líderes abusam do poder.

Vitor, que texto chato. Sim, infelizmente ainda precisamos falar sobre isso. Observar o ambiente de trabalho, os processos e a relação com os líderes é um pequeno passo para entender a real cultura da sua empresa e não ter um discurso totalmente diferente da prática. Afinal, enquanto discurso e prática não estiverem muito bem alinhados, nada que a gente disser (ou tentar) terá credibilidade. Triste.

Coluna {De dentro pra fora…}

Por que a cultura é tão importante?

Vitor coluna

 

Quando você vai viajar para um lugar muito diferente, uma das primeiras preocupações é entender a cultura desse destino. Afinal, você não quer chegar lá e falar um absurdo, ter uma atitude ofensiva, desrespeitar a crença de um povo. E esse entendimento não serve para julgar o que está certo ou errado. É um aprofundamento. É entender como as pessoas pensam, o porquê e com quais motivações.

Vou exemplificar: se você vai para a Argentina e não quer confusão, é bom saber que futebol não é um assunto muito agradável entre brasileiros e argentinos. Não importa qual é a melhor seleção. Se você está lá e não quer ser indelicado, é preciso respeitar a visão e a cultura local. (Esse exemplo não causaria tantos problemas, ok. Mas ajuda a explicar o que é entender uma cultura sem julgá-la).

Assim como nós temos uma bagagem cultural, as empresas também têm. Portanto, quando vamos traçar um plano de comunicação, estabelecer canais de comunicação interna, propor ações, desenhar mensagens-chave, definir brand persona, etc. é fundamental conhecer a cultura dessa empresa. Isso é fácil? Não!

Compreender uma cultura requer um processo de imersão cuidadoso. Pense no Brasil. Tente definir a cultura brasileira. É muito plural! Na empresa acontece a mesmíssima coisa: são inúmeros públicos, em locais bem distintos, com atividades bem particulares. É quase impossível identificar uma única cultura.

Por isso, o processo de imersão precisa de tanto cuidado. É necessário considerar que a cultura de uma empresa também estará fragmentada conforme as características de seus públicos e atividades. Para refletir: como fazer uma comunicação interna que seja coerente com toda essa fragmentação e ainda sim tenha o discurso da empresa, reforçando sua cultura? Quando a gente percebe toda a complexidade envolvida na comunicação interna de uma empresa, fica claro que é impossível “sair fazendo” sem antes conhecer os detalhes.

No meu simples ponto de vista, este é um dos fatores que desvalorizam a comunicação interna: os comunicadores fazem muito, mas conhecem pouco. Antes de dar qualquer passo, é preciso ter certeza que existe um chão ali. E é preciso saber se é um chão de asfalto, de areia, de lama para, então, você saber qual sapato deve usar.

Em resumo: antes de qualquer decisão, conheça muito bem a cultura que a comunicação precisa respeitar e reforçar. Pesquise, faça imersões, visite as diferentes operações. Sem isso, sua comunicação interna corre o risco de ser só mais um cartazinho bonitinho, mas que não colabora para os objetivos da empresa.