Olimpíadas revelam grandes potenciais de atletas para o empreendedorismo

O mentor de negócios Luis Namura* oferece insights valiosos sobre como estimular os jovens, visando perspectivas promissoras para um futuro de sucesso

Crédito da foto: Confederação Brasileira de Ginástica

Até agora o Brasil já conquistou 15 medalhas nas Olimpíadas de Paris, e a expectativa da torcida é de que esse número aumente até o dia 11 de agosto, quando a competição mundial terminará. Mas, quando se trata de negócios, podemos dizer que vários ex-atletas também se tornaram verdadeiros campeões empreendendo nos mais variados segmentos, a exemplo de Fabíola Molina, Ronaldo, Bernardinho, entre outros.

Os Jogos Olímpicos são eventos esportivos que exigem grande preparação e empenho. Os atletas aprendem, desde cedo, a superar desafios dentro de um ambiente competitivo. Habilidades como dedicação, estratégia e liderança, adquiridas no mundo das provas, podem ser também muito úteis para os negócios.

Luis Namura, mentor que já fundou centenas de negócios, explica um pouco mais sobre como as competências adquiridas nos esportes podem favorecer atletas que ambicionam alçar o pódio do sucesso:

“Definitivamente, a competitividade pode ser extremamente saudável para os negócios, desde que alinhada com valores éticos e uma visão sustentável de longo prazo. Os atletas que se destacam no esporte muitas vezes levam para o empreendedorismo a mesma paixão e disciplina que aplicam em suas carreiras esportivas. Esta transição é natural e benéfica, pois a mentalidade de buscar sempre a melhoria contínua e enfrentar desafios é crucial tanto nos esportes quanto no mundo empresarial. Assim, a competitividade, quando bem direcionada, promove a excelência e impulsiona a inovação nos negócios”, explica o especialista.

Naturalmente as aposentadorias dos atletas acabam acontecendo de forma precoce, por isso é muito importante pensar em um planejamento a longo prazo. Mas por outro lado, talvez por falta de incentivo e rotinas exaustivas de treinos, ainda são poucos os que acabam concluindo o ensino superior. A pergunta que não quer calar é: Já não seria hora desses jovens serem preparados para isso em nosso país? Namura com a expertise de 40 anos no mundo corporativo e especialista em Educação pode responder com notoriedade:

“É essencial que haja uma maior vocação e preparação para os atletas em termos de educação formal. O término precoce da carreira esportiva não deveria significar o fim do desenvolvimento pessoal e profissional desses indivíduos. Incentivar e facilitar o acesso ao ensino superior, oferecendo horários flexíveis e programas educacionais adaptados, pode ser um caminho. Além disso, é fundamental integrar programas de desenvolvimento empresarial e de carreira durante a formação dos atletas, para que eles possam se preparar para uma transição suave para o mundo do empreendedorismo ou outras áreas profissionais após o esporte”, pondera.

E os atletas das novas gerações estão esbanjando talento e sabendo muito bem onde querem chegar. Nestas Olimpíadas, enquanto o design e falta de criatividade na criação dos uniformes da delegação brasileira foram amplamente criticados pela imprensa e repercutiram de forma negativa nas redes sociais, as atletas olímpicas Jade Barbosa, que desenhou os collants da seleção brasileira de Ginástica Artística e Rayssa Leal, uma adolescente de apenas 16 anos que atualmente é patrocinada por grandes marcas nacionais e internacionais, obtiveram prestígio e estão no radar dos olheiros do mundo dos negócios. Recentemente um modelo de tênis inspirado na “Fadinha” do skate esgotou em apenas 20 minutos quando foi lançado. Aliás, os atletas se revelam excelentes influenciadores digitais em suas modalidades. No time dos homens, Gabriel Medina tornou-se investidor de uma marca de calçados de surfwear e já acumula uma fortuna de mais de R$ 100 milhões, incluindo seus próprios negócios e as publicidades.

Namura revela os fatores que podem impulsionar o sucesso desses profissionais: “A visibilidade proporcionada pelo esporte é, sem dúvida, uma alavanca poderosa para o empreendedorismo. Atletas como Jade Barbosa e Rayssa Leal não apenas destacam-se em suas modalidades, mas também sabem capitalizar sobre sua popularidade para construir marcas pessoais fortes. A chave para muitos atletas que alcançam sucesso como empreendedores está na capacidade de identificar nichos de mercado inexplorados e necessidades não atendidas, utilizando seu conhecimento íntimo do setor. Eles transformam sua influência em plataformas para lançar e promover novos negócios, produtos e serviços, exatamente como grandes ícones como Ronaldo e Bernardinho fizeram. A transição de influenciador para empreendedor é facilitada pelo conhecimento adquirido e pela rede de contatos, tornando-os casos exemplares de como a visibilidade esportiva pode ser convertida em sucesso empresarial”, conclui.

Essas falas refletem a perspectiva de Luis Namura sobre como as habilidades desenvolvidas no esporte podem ser transferidas para o empreendedorismo, enfatizando a importância da educação e o potencial dos atletas como influenciadores e empreendedores. Como a assunto é bastante abrangente, se você quiser fazer uma imersão completa sobre como é possível alavancar qualquer tipo de negócio acesse o site 

*Luis Namura é um engenheiro renomado, formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em São José dos Campos, São Paulo, e um especialista reconhecido em Marketing e Administração de Empresas, com um MBA em Franchising pela Louisiana State University.

 

Artigo – Jogos Olímpicos de Tokyo 2020 e o Marketing de Emboscada

*Marcio Lamonica e Vanessa Macarrão

Grandes eventos esportivos se sustentam com diferentes fontes de receita. Uma delas vem dos patrocinadores oficiais, empresas que acreditaram no projeto e adquiriram cotas de participação mediante determinadas contrapartidas. Nesse cenário, um velho tema volta a borbulhar no mercado: o marketing de emboscada.

Os Jogos Olímpicos de Tokyo, previstos para acontecer entre os dias 23 de julho e 8 de agosto deste ano, podem ser terreno fértil para o uso parasitário de quem não é patrocinador oficial, e de forma não autorizada divulgada a sua marca em desrespeito às regras divulgadas pelo Comitê Organizador.

Vanessa Macarrão

Os patrocinadores oficiais pagam (e caro) pelos espaços publicitários oferecidos pelo organizador do evento. Os “não” patrocinadores buscam associar as suas marcas no mesmo evento, porém de forma ardilosa e oportunista.

O marketing de emboscada se divide em duas categorias: associação e intrusão.

No marketing de emboscada por associação, o não-patrocinador utiliza nome, marca, imagem ou mesmo o mascote do evento para divulgar a sua marca e obter vantagem econômica ou publicitária. O consumidor, nesse caso, acredita que a marca não patrocinadora participa do evento de forma oficial, o que naturalmente representa uma maior aderência aos produtos ou serviços divulgados.

Já no marketing de emboscada por intrusão, a empresa não-patrocinadora realiza alguma atividade promocional no local do evento, induzindo o público a acreditar que seus produtos ou serviços são aprovados pelo Comitê Organizador.

MARCIO LAMONICA

No Brasil não há, ainda, uma legislação específica que trate de marketing de emboscada. A solução, de forma alternativa, é buscar respaldo na Lei de Propriedade Industrial, no Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e Código Civil, conforme o caso.

Merece destaque o Projeto de Lei do Senado nº 67/2017 – ainda em tramitação – que tipifica o marketing de emboscada como crime contra a propriedade intelectual das organizações esportivas, estabelecendo a pena de detenção de 3 meses a um ano ou multa tanto para o marketing de emboscada por associação como de instrução.

É importante dizer que nem tudo é marketing de emboscada. As marcas não patrocinadoras não precisam simplesmente ficar inertes e assistir as atividades dos patrocinadores. Existem, sim, maneiras legais e criativas para divulgar as marcas não-patrocinadoras sem cometer o marketing de emboscada.

Existem diversas ferramentas legais para a divulgação de marcas em eventos do porte de uma Olimpíada, como, por exemplo, as distribuições gratuitas de prêmios por meio de sorteios, concursos e brindes em geral. Não sendo patrocinadora, nenhuma das atividades pode se utilizar de nome, marca, imagem ou mesmo o mascote do evento para divulgar a sua marca, mas pode perfeitamente organizar um evento ou divulgar produto ou serviço com a temática dos jogos olímpicos sem cometer qualquer irregularidade.

Para isso é muito importante analisar e validar todas as peças de divulgação para não correr o risco de praticar o marketing de emboscada, ainda que de forma involuntária.

*Marcio Lamonica e Vanessa Macarrão são sócios do escritório FAS Advogados

Fonte: RPMA