por João Lee*
Qualquer manual de varejo on-line deveria trazer um capítulo dedicado ao planejamento anual de 13, isto mesmo, 13 meses: além dos 12 tradicionais, um novo mês deve ser acrescido em sua programação. Afinal, cerca de um 1/13 das vendas do setor é faturado entre Black Friday e Cyber Monday. Ou seja, em apenas cinco dias, entre a última quinta-feira de novembro e a segunda-feira seguinte, vende-se em um dia o mesmo do que tradicionalmente se comercializa em uma semana.
Estamos falando de volumes gigantescos de transações em poucos dias. Segundo a Ebit/Nielsen, em 2020, entre 19 a 27 de novembro, o faturamento do e-commerce com a Black Friday foi de R$ 6 bilhões, 30,1% a mais que as vendas de 2019. O mesmo Ebit/Nielsen informou que, levando-se em conta as promoções de “esquenta” Black Friday, o varejo no ano passado recebeu 10,63 milhões de pedidos nessa ocasião.
E o que esperar de 2021? Neste ano a maior temporada de liquidações on-line deverá ser ainda mais importante. Os mais de 13 milhões de brasileiros que estrearam nos caminhos do e-commerce, forçados pela pandemia no ano passado, já estão mais confiantes. Na prática, já ultrapassaram a barreira dos primeiros cadastros on-line, experimentaram novos meios de pagamento e provavelmente se sentem prontos para se arriscar a comprar um maior número de itens e produtos de valores mais expressivos. Por outro lado, muitos ainda estão receosos das aglomerações no varejo físico, apesar da vacinação contra a Covid estar em curso. Tudo aponta para uma maior adesão ao e-commerce.
A notícia, aparentemente, é boa para o varejista. O problema é que essas vendas não caem do céu. No cenário on-line, há uma concorrência ainda maior pelo consumidor, inclusive de sites internacionais, que normalmente não estão no radar do varejo tradicional. Portanto, se você pretende que o seu site ou landing page esteja entre as primeiras opções das ferramentas de busca na Black Friday, é preciso trabalhar duro para isso. E esse esforço deve ser feito desde… ontem!
Quem conhece um pouco de SEO (Search Engine Optimization) sabe que os algoritmos do Google – e de outros buscadores – precisam notar que você existe – e que você é ativo on-line há um bom tempo – para que o seu site ou landing page ganhe uma posição de destaque nos resultados de busca. Não adianta simplesmente criar uma página de Black Friday às vésperas da data. Ela desaparecerá ante à concorrência. Ainda que ela seja tecnicamente perfeita, se não houver um histórico de buscas e visitas associado a ela, o seu endereço não será visto pelo Google como relevante para o consumidor.
Quem quer levar uma estratégia de SEO a sério, com foco em Black Friday, assim como em qualquer outro evento sazonal, deve criar landing pages focadas no tema com meses de antecedência, com os termos mais óbvios relacionados a essa temporada de mega liquidações. É importante que sua página contenha termos como Promoção de Black Friday, Ofertas Antecipadas de Black Friday, Preços mais baixos de Black Friday, Black Week, Black Novembro, Produtos Exclusivos de Black Friday e similares. Outra dica é ter em vista como a população busca o que procura. O varejo brasileiro tem o costume de usar em excesso expressões em inglês. Por isso, também leve em consideração o “abrasileramento” na grafia dessas expressões como: black frayday, black fraidai, blaqui fraidei e afins, e as adotar para captar essas buscas também.
Outra dica é adotar modelos de vendas híbridos. Voltando alguns anos no tempo, lembramos que as ofertas iniciais de Black Friday eram todas on-line. O varejo rapidamente a assimilou e extrapolou suas fronteiras, abarcando, ainda, as vendas nas lojas físicas. Com a pandemia, tudo mudou novamente. Agora há a tendência de o consumidor retomar fortemente as compras on-line. Portanto, pensando na comodidade do cliente, vale a pena oferecer a opção de compras on-line com retirada agendada na loja, para evitar as filas e aglomerações típicas das principais liquidações do ano. Esta é uma forma de driblar eventuais problemas logísticos de entrega, eliminar o custo do frete e, ainda, contribuir para que o consumidor não se exponha desnecessariamente aos riscos da pandemia.
(*) João Lee é sócio fundador da Simplex