Coluna Branding: a alma da marca

A definição da marca

Costumo dizer aos meus alunos que, ao apresentarem seus trabalhos a mim, definam o que suas criações nos contam. Este é um exercício de síntese que sempre é muito desafiador a todos eles, mas, que para mim diz muito sobre a capacidade do aluno em fazer design de logotipos.

A palavra “definir” por origem é a descrição do completo fim de um assunto (DE- completamente, FINIS -fim, limite).

É possível entender isso em 2 formas: o assunto está completo e, portanto, não há nada mais a entregar ou, o meu conhecimento sobre este assunto está por completo e se limita a este espaço.

É na hora que definimos uma criação, que vemos qual dos dois entendimentos estamos falando, principalmente na criação de um logotipo, e a maioria dos alunos pensa que deve entregar um assunto por completo, pois assim estará mostrando seu grande conhecimento, sendo mais digno de uma boa nota.

No entanto, entendo que o segundo entendimento é mais propício a um designer do que o primeiro.

Foto: Pixabay

Explico: As vezes criamos conceitos visuais que tem formas tão perfeitamente arranjadas que completam o sentido daquilo que se tem a dizer. São imagens cuja representação é sinônima da informação, e que não geram dúvidas a quem lê o seu trabalho. Nesses momentos, em muitas vezes DESCARTO ESTA IDEIA, pois entendo que um bom trabalho de design gráfico é aquele que contém o mistério.

O valor da criação está no mistério, nossa compreensão precisa ser fustigada e estimulada em busca de algo mais. Como já falei em outros textos, é necessária uma certa rebeldia criativa. Aquela vontade de não estar satisfeito, de querer dominar o assunto, sem ter o poder para isso.

O designer precisa ter apenas consciência da limitação da sua criatividade, mas esta precisa estar em expansão sendo ampliada pela interferência e uso do leitor. Deve poder ser retrabalhado, reconstruído e reestruturado com o tempo, por ter ganho mais corpo e mais significado. É como um filhote de pássaro que quanto mais cresce mais colorido fica.

Uma marca com estas características por mais misteriosa que possa parecer é também mais forte e definida, pois, os seus consumidores vão estar ansiosos por compreendê-la, e assim, também mais relacionados a ela.

Nós os designers de marca precisamos estar imersos nestes mistérios quando criamos. Percebendo o encantamento dele, para que este nos diga mais sobre o assunto, e para que seja possível dar novas formas.

Por fim, a resposta para esta prova que sempre faço aos meus alunos é saber que o designer, é aquele que alimenta sua criação como se esta fosse viva, e usa para isso, a poderosa intuição do criativo e a sua capacidade de formalizá-la, assim, aumenta a compreensão e a definição do seu trabalho.