Natal de inclusão e diversidade

Papai Noel que se comunica por Libras e assistente de Noel com síndrome de Down levam inclusão e representatividade ao Colinas Shopping

José Mario Graciano e Isis Pontes têm emocionado e inspirado público que passa pelo centro de compras, em São José dos Campos (SP)

Isis Pontes e José Mário Graciano

Na fila para conhecer a Mamãe Noel e o Papai Noel, crianças observam a movimentação próxima ao trono quando uma delas aponta uma das assistentes da família Noel: “Olha, uma princesa!”. Momentos assim têm feito os dias de trabalho de Isis Pontes, assistente com síndrome de Down, ainda mais felizes.

“É uma experiência maravilhosa. Quando fiquei sabendo que eu ia ser noelete, fiquei super contente. Estou gostando muito de fazer um bom trabalho com as crianças. A parte que eu mais gosto é tirar fotos. Elas pedem muito para tirar fotos comigo”, conta Isis.

A jovem de 19 anos, que atende no Colinas Shopping, em São José dos Campos (a 90 quilômetros de São Paulo), chegou ao trabalho por meio de uma oficina de empregabilidade da Asin (Associação Síndrome de Down) – instituição que atualmente atende cerca de 120 pessoas, de 5 a 56 anos, na mesma cidade.

“O objetivo é fortalecer a autonomia de jovens e adultos com síndrome de Down e promover a inclusão deles no mercado de trabalho. Temos diversas oficinas, entre elas a de trabalho, na qual os jovens têm aulas de boas práticas, que vão de comportamento e postura no trabalho a possíveis situações e suas soluções. É um exercício semanal. Quando entram no mercado de trabalho, continuamos acompanhando”, explica Tiago Araujo, coordenador do projeto de empregabilidade da Asin, que existe há 10 anos e já inseriu diversos jovens no mercado.

Segundo Araujo, o nome de Isis foi escolhido pela boa verbalização e comunicação com o público, e sua atuação já tem inspirado outros jovens da Asin. “Ao ver o trabalho da Isis, um dos atendidos pela Asin decidiu que quer trabalhar no shopping. Isso é importante, porque eles enxergam que também são capazes”, conclui.

Isis também compartilha a mesma opinião. “Meus amigos da Asin também vieram me ver. Falam: ‘Como ela está linda, estou amando ver ela trabalhando’. Quando eles me falam sobre trabalhar, eu converso e apoio.”

Libras

Ao lado de Isis, estreante como noelete, está o experiente Papai Noel José Mario Graciano, 70, que já contabiliza 14 anos de carreira natalina. Entretanto, foi há quatro anos que o Natal ganhou um significado ainda mais profundo para ele, quando decidiu aprender Libras – a linguagem brasileira de sinais – após um encontro marcante.

“Duas irmãs gêmeas se aproximaram, mas estavam muito tímidas. O pai delas fez um sinal, mostrando que elas eram surdas, e aquilo me comoveu. Por instinto, tentei fazer gestos de um abraço e elas retribuíram. Foi muito especial e pensei que poderia fazer algo para receber melhor esse público”, disse.

Logo em seguida, ele fez um curso básico de Libras na AADA (Associação de Apoio ao Deficiente Auditivo), em São José dos Campos, passou a manter contato com grupos de jovens da Pastoral do Surdo, inscreveu-se no curso de nível intermediário e pesquisa constantemente sobre o tema na internet.

No Colinas Shopping, ele já é figura conhecida e diariamente atende ao público de surdos e mudos da cidade.

Para quem quiser visitar Isis, ela está no Colinas Shopping às quartas e quintas, das 10h às 16h, e aos sábados, das 14h às 20h. Já o Papai Noel que se comunica em Libras atende todos os dias: de segunda a sábado, das 10h às 14h; domingos e feriados, no período vespertino e noturno.

Fonte: CABANA – Suzane Rodrigues Ferreira

As cidades inteligentes

Smart Cities: cidades cada vez mais inteligentes

por Carlos Rodolfo Sandrini

Nas cidades inteligentes, o cidadão e os serviços essenciais estão conectados, utilizam energia limpa, reaproveitam a água, tratam o lixo, compartilham produtos, serviços e espaços, se deslocam com facilidade e usufruem de serviços públicos de qualidade. Além disso, a cidade inteligente cria laços culturais que une seus habitantes, propicia desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida.

Barcelona

Em busca do status de Smart City, cidades de todas as regiões do planeta irão investir entre US$ 930 bilhões e US$ 1,7 trilhões ao ano até 2025. Porém, mais do que investimentos, a cidade para ser inteligente, necessita de iniciativas inteligentes do poder executivo e legislativo.

A iniciativa privada tem se reunido em fóruns mundiais, como o SmartCity Business America, para apontar soluções e oportunidades de negócios no mercado das Smart Cities. Entre as adaptações, que seguem o desejo da população, estão a adoção de conceitos e tecnologias sustentáveis; inclusão urbana, ao contrário do isolamento das periferias; educação agregadora para evitar a radicalização; foco total na educação presencial e inclusiva até os 18 anos; e planejamento urbano que contemple os espaços para ensino e educação, que hoje não é apenas uma questão acadêmica.

Com essas novas características, as cidades inteligentes terão um aumento da oferta de emprego nos setores públicos, de hospitalidade e, principalmente, da economia criativa, área que tem crescido exponencialmente, tendo como processo principal o ato criativo e resultando, entre outros, na transformação da cultura local em riqueza econômica.

Seul

Essa evolução social e cultural promete gerar novo desejos, fazendo com que a cidade seja utilizada cada vez mais por prazer e promovendo ideais como inclusão, aproximação, conectividade, relacionamento e compartilhamento. O conceito aborda, também, a verticalização das cidades, com práticas sustentáveis e encurtando distâncias com soluções inteligentes de transporte, com o carro deixando de ser sonho de consumo; e uma transformação legislativa, que deverá possibilitar e encurtar caminhos para o desejo da maioria.

As novas tecnologias vão permitir, ainda, que as pessoas possam trabalhar em casa, além de não precisarem se deslocar para adquirir o básico ou resolverem problemas burocráticos. Não tem mais lógica as pessoas se dividirem diariamente entre dois ambientes (residencial e comercial). Assim como não existe lógica no horário comercial padrão. Por qual motivo a maioria das pessoas é obrigada a se deslocar nos mesmos horários? Veremos, em breve, o fim dos prédios comerciais como conhecemos. Já os prédios residenciais ganharão novos conceitos e funcionalidades.

Fica claro que os próximos anos serão de transformações intensas nos grandes centros urbanos. O conceito das Smart Cities tem ganhado força em todos os continentes e, em breve, seus benefícios estarão presentes em nossas vidas. Em um ambiente cada vez mais degradado e com dicotomias religiosas e políticas, as cidades inteligentes, apostando na inclusão, em soluções compartilhadas e em serviços públicos eficazes, podem representar a oportunidade de viver numa sociedade ideal.

Carlos Rodolfo Sandrini é arquiteto, urbanista e presidente do Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br).