O assunto – ainda mais uma vez – é criação

Taise fecha o ciclo

Escolhemos Taíse Gasparin para fechar nosso ciclo de entrevistas sobre criação e redação publicitária. Depois de ouvir os redatores Murilo e Vitor é hora de ouvir (ler) uma voz feminina sobre o tema.

Veja o que a Taise tem a dizer, começando por sua trajetória.

Trajetória

Formada em Publicidade e Propaganda em 2005, com especialização em Língua Portuguesa – gramática e uso, ambos pela UNITAU. Estudei Redação Publicitária na Miami Ad School | ESPM. Com 9 anos de experiência em Publicidade, já atuei em agências do Vale do Paraíba como Atendimento, mas, principalmente, como Redatora. Recebi em 2009 o Troféu Zilraldo | GM, como Melhor Redatora do Vale do Paraíba. Atualmente componho a equipe de criação da agência MaCost Brasil, além de fazer parte do corpo docente da Anhanguera Educacional.

1 – Há muita procura por profissionais de criação por parte das agências regionais. Mas não é fácil achar bons estagiários e profissionais. O que é preciso para ser um bom criativo e ser desejado pelas agências?
Eu penso sempre em talento. Ou nasce com ou nasce sem. Fora isso, tem que ter vontade de aprender. Significa que você pode entrar em uma agência sem saber nada de Photoshop e ser o melhor estagiário do mundo. O importante são as ideias que você terá e a forma como você vai transformá-las em material de comunicação. E isso só se faz bem com muito treino e critério, não só com ferramentas. Meus olhos brilham de ver alguém pegar papel e lápis para começar um job em vez de abrir logo qualquer programa no computador. E é aí que vem o talento. Porque sem ele, o papel em branco vai continuar em branco.

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Taise Gasparin, redatora da MaCost Brasil

2 – As agências buscam mais por assistentes de arte e diretores de arte. Você é redator. Como avalia a baixa procura e contratação de redatores?
Eu nunca vou esquecer o dia em que eu estava indo para o trabalho e meu colega (atendimento) me disse que uma pessoa da nossa área (e região) havia perguntado a ele se “esse negócio de redator funcionava”.
Eu fiquei acabada, porque estava saindo de Taubaté às 8h da manhã para trabalhar em São José como redatora e, em seguida, iria para São Paulo para estudar ainda mais redação. Na bolsa, eu estava com aquele livro “Sedução pela Palavra”. Pensei: Meu Deus! Minha vida é a Redação Publicitária e tem gente que não sabe se isso funciona?
Isso prova que “esse negócio de redação” é mais recente no Vale. Ainda temos redatores que trabalham meio período ou agências que contratam apenas redatores free-lancers. Na agência em que eu trabalho, nosso fluxo pede mais diretores de arte e assistentes que redatores. Sempre foi assim nas agências em que estive. Enfim, um pouco é cultura local, um pouco é quantidade de trabalho. Mas, sem redator não dá pra ficar. E as agências daqui certamente assumiram isso.

3 – Você vê evolução no nível criativo da propaganda do Vale do Paraíba?
As campanhas têm estado mais estruturadas, com um conceito, e as ideias cada vez mais originais. Além disso, tenho visto prêmios por aí e uns anúncios legais. Como não gosto de me acomodar, prefiro achar que ainda temos muito que evoluir, principalmente em criação para a TV.

4 – O que não pode faltar no portfólio de um bom redator?
Títulos. As pessoas gostam de ver títulos muito criativos aplicados em maravilhosas artes feitas pela pessoa que faz com você uma dupla de criação. Arranje alguém e façam uma pasta brilhante. Troquem os anúncios todos os meses.

O assunto é – mais uma vez – criação.

Desta vez ouvimos o Vitor Morais

Sou suspeito. Sou fão do Vitor. Ele foi meu aluno e sempre se destacou – muito – nas aulas de redação publicitária. E o mais legal: ele dizia que ia ser redator desde o começo da faculdade. E é.

Vamos começar com ele escrevendo sobre sua trajetória e depois ele responde às perguntas. Boa leitura,pessoal!

Trajetória

“Ué, você não vai fazer Administração?”

Minha mãe me perguntou quando avisei que seria redator, antes mesmo de entrar na faculdade. Então, já entrei sabendo o que queria. Comecei de verdade na PREX – Pró-reitoria de Extensão e Relações Comunitárias, da UNITAU. Lá vivi desde atendimento até criação, a gente fazia de tudo e isso foi muito bom pra aprender a rotina de trabalho. Também descobri o que era Comunicação Interna, já que a gente fazia a divulgação de alguns eventos de diversos departamentos. De lá vim direto pra Supera. Aceitei o desafio de um estágio em redação, fui contratado e, no meio de 2013, assumi a Coordenação de Redação. Esse processo todo durou cerca de 3 anos e meio. Além disso, fiz alguns freelas pra agências da região. O Zeca Martins sempre foi uma referência pra mim. Como TCC, eu e a Isadora Fialho (redatora da Arriba!) escrevemos um livro sobre redação publicitária para as novas mídias. Ganhamos o Intercom Sudeste e fomos pra final do Nacional, experiências indescritíveis.

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Vitor Morais,coordenador de redação da Supera

1 – Há muita procura por profissionais de criação por parte das agências regionais. Mas não é fácil achar bons estagiários e profissionais. O que é preciso para ser um bom criativo e ser desejado pelas agências?

Tem que aprender a segurar o garfo e levar a comida até a boca. Acredito que tudo começa com as referências. Alimentar-se. Ouvir pagode, observar os programas dominicais e as comédias românticas também são funções de um criativo. Claro, os filtros precisam estar sempre ativos, mas conhecer um pouco de tudo ajuda muito no processo criativo. Além disso, o desafio não é apenas ter ideias geniais, mas ideias funcionais. Ter um portfólio lindo, mas com ideias que não funcionam, não serve pra muita coisa. Alguns podem discordar, ok. Aliás, acho fundamental saber ouvir trezentas e trinta e sete opiniões diferentes. Criativo não pode ser revoltado. Tem que ouvir o atendimento, o planejamento, o assistente. E ter sempre em mente que tudo que faz é pra resolver um problema de comunicação. Está lindo, o tratamento da imagem está impecável, diagramação surpreendente, fontes perfeitas, mas e o problema? É uma solução para ele? Então nem precisamos continuar discutindo. Curiosidade e perfeccionismo também são fundamentais. (Pra quem quer ser bom).

2 – As agências buscam mais por assistentes de arte e diretores de arte. Você é redator. Como avalia a baixa procura e contratação de redatores?

Vida de redator não é fácil. (Mentira!) A relação sempre é poligâmica, um redator para vários diretores de arte. Em geral, o nosso trabalho parece mais rápido. “É só um textinho!”. Qual redator nunca ouviu isso? E, como a classe deu conta do recado, isso virou uma cultura. Por outro lado, acredito que o mercado acabou nessa estrutura pela falta de redatores. Ultimamente acompanhei várias vagas para redação. Vários amigos de outras agências desesperados por redatores. Se é difícil ser redator, mais difícil ainda é encontrar um. A gente pode ver nas salas de aula: a diferença entre “quero ser diretor” x “quero ser redator” é incomparável. É superlegal ser redator! Venham pra luz, a redação precisa de vocês. Enfim, acredito que a procura por redatores aumentou bastante. Agora só depende de quem quer, é preciso correr atrás e se preparar.

3 – Você vê evolução no nível criativo da propaganda do Vale do Paraíba?

Sim. A gente sempre pode melhorar, penso assim e acho que todos devem pensar. A satisfação é um estágio perigoso. Gosto de acompanhar os trabalhos das agências, ver o pessoal ganhar prêmios, ser destaque, as agências ganharem novos clientes. Tudo muito legal, mas vamos pra frente! Vamos continuar nesse ritmo: lapidando ideias, aperfeiçoando o olhar crítico, aprimorando nossas estratégias, análises, soluções.

4 – O que não pode faltar no portfólio de um bom redator?

Já falei um pouco disso, mas vou repetir. Solução. Não pode faltar solução. Títulos de enlouquecer, textos bem estruturados, slogans brilhantes, ideias arrebatadoras. Ok, isso é muito importante. Agora, tudo isso como solução de um problema de comunicação, com um argumento matador, ah! não tem pra ninguém. Outro ponto que acho fundamental: a Língua Portuguesa é a sua ferramenta de trabalho. Você precisa dominá-la. Não tem como fugir disso. Receber portfólio com deslizes de pontuação, concordâncias e erros gramaticais é triste. Pra mim, um bom portfólio é aquele que, além de tudo isso, revela que escrever é a paixão da pessoa. Pra ser redator, precisa gostar da coisa. Acho engraçado quando um portfólio consegue transmitir o que o candidato gosta de ler, o gênero textual a que ele é apegado, essas coisas. O texto tem esse poder. Pelo menos deveria ter.

Apesar de tudo isso, confesso que genial mesmo é quando o candidato consegue transformar uma ideia muito boa em texto. Isso é matador.

O assunto é criação

Vamos ouvir (ler) o Murilo

A maior parte da vagas que este blog publica é para a área de criação. A maior parte das indicações de nomes que me pedem é para a criação. E está cada vez mais complicado indicar bons nomes e preencher satisfatoriamente as vagas abertas.

Para tentar colaborar um pouco para o bom andamento da área de criação no mercado valeparaibano resolvemos ouvir um criativo.  O escolhido foi Murilo Israel, jovem e competente redator da Arriba!.

Primeiro ele fala de sua trajetória e depois responde às nossas perguntas.

Trajetória:

Estudei publicidade na PUC-SP e desde sempre quis trabalhar com criação. Mas por gostar de desenhar, pintar e ler quadrinhos, quase virei ilustrador. Durante o meu TCC, uma campanha para o Museu da Língua Portuguesa, comecei a mudar de ideia. Bateu uma vontade de fazer o que o André Kassu, o Alexandre Peralta e o Edu Lima faziam.

Vim trabalhar em São José quando a Arriba me contratou para ser assistente de arte. Entre um layout e outro, eu me arriscava na redação. Uns meses depois, meu TCC venceu o EXPOCOM Sudeste e, mais tarde, o EXPOCOM Brasil na categoria campanha. Foi minha deixa para virar redator de vez. A direção de arte agradece.

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Murilo Israel, redator da Arriba! fala um pouco sobre criação

1 – Há muita procura por profissionais de criação por parte das agências regionais. Mas não é fácil achar bons estagiários e profissionais. O que é preciso para ser um bom criativo e ser desejado pelas agências?

Precisa ter muita vontade, algum talento e pouquíssimo respeito pela publicidade. Quem a respeita demais nunca a desafia. Coisa que os publicitários que admiramos fizeram à exaustão. Mas você só consegue fazer isso se entende a publicidade a fundo. Os melhores criativos costumam se interessar também por atendimento, planejamento, internet, mídia. Eles conhecem o negócio como um todo! Isso vale para o mercado daqui, de São Paulo ou mesmo na gringa.

Outras dicas que acho legal: Pense no seu público, pois ele também pensa; Use as referências que só você tem; Aprenda a defender as suas ideias; Se mate de aprender a teoria agora, você tem o resto da vida para melhorar a técnica; E nunca, nunca pare de refinar seu critério.

Esse último é o seu bom gosto, sua intuição. Criar critério é afiar o seu olhar para saber o que é bom e por que é bom. Isso vem com a experiência, mas você pode treinar estudando o que as grandes agências fizeram e estão fazendo. Só tome cuidado. Alguns criativos esquecem que as melhores referências para a publicidade estão fora da publicidade. Como no cinema, nos clipes de banda, na poesia, no noticiário, nas piadas da internet, nas piadas do seu tio etc.

2 – As agências buscam mais por assistentes de arte e diretores de arte. Você é redator. Como avalia a baixa procura e contratação de redatores?

Acho normal. Muitas agências começaram com pequenos trabalhos que poderiam ser feitos sem um redator. Como logotipos, cartões de visita e folhetos. A maioria das grandes agências adota o modelo com duplas de criação. Mas a realidade nas agências do Vale é outra. Nossos prazos são outros, nossas verbas são outras e, por isso, nossas equipes bem mais enxutas. Há quem pense que isso é simples ganância dos donos de agência: “Pra que colocar dois funcionários fazendo um único job?”. Mas não é bem por aí. Você não pode contratar um monte de redatores do dia para a noite, a equipe ficaria inflada.

Além disso, ao contrário das agências na capital, não é todo dia que contratamos fotógrafos ou estúdios de retoque, ilustração e 3D. O que, querendo ou não, deixa o trabalho dos nossos DA’s mais complicado. Os caras precisam fazer um pouco de tudo e ainda fechar arquivos. É uma correria. Talvez isso colabore para a proporção DA/redator ser menor.

Sobre a procura por redatores, posso dizer que ela não é mais tão baixa assim. Os últimos meses foram agitados e isso tende a aumentar. Eu só gostaria que os profissionais por aqui, não só os redatores, pensassem um pouco mais no negócio e nas suas carreiras. É mais fácil contratar um profissional para uma vaga específica, quando ele conhece ou se importa em conhecer como funciona a agência, a publicidade e o mercado.

3 – Você vê evolução no nível criativo da propaganda do Vale do Paraíba?

Sim, por uma série de fatores. Nossos clientes regionais estão crescendo e ficando mais profissionais, começamos a atender clientes em outros estados, há agências fazendo parcerias com agências maiores e profissionais de São Paulo vindo trabalhar aqui. Acho que tudo isso colabora ou é sinal de que estamos evoluindo. Mas a gente pode fazer melhor. Ainda vejo pouco compromisso dos profissionais com a criatividade. Nos outros departamentos, mas na criação também.

De quebra, desejo que todos parem de confundir criação, direção de arte e redação. É constrangedor ver publicitários que acreditam que redação e criação, ou redator e criativo, são coisas opostas. Deviam pesquisar como funcionava uma agência antes da DDB colocar um redator e um diretor de arte para criarem juntos.

4 – O que não pode faltar no portfolio de um bom redator?

A resposta fácil seria “boas ideias”. Mas acho que fico com “sinceridade”. Seu portfolio é um espaço que representa a sua opinião. Então, se você coloca algo lá que não considera criativo de verdade, você está se prejudicando. Na dúvida, jogue fora as ideias que você não gosta muito ou que não têm nada de mais.

Tente pensar o seguinte: seu primeiro portfolio é o único lugar em que nenhum cliente, atendimento ou diretor de criação pode te cortar. É você quem aprova tudo. Então, aproveite. Mostre os títulos que ninguém aprovaria, mostre os roteiros que ficariam caros demais e as ideias para rádio que subvertem o próprio rádio. As possibilidades são infinitas. Hoje em dia dá para mostrar ideias em formatos como ações, aplicativos e mídias sociais. Só não vá esquecer que você é um redator. Então, guarde um espacinho para aqueles títulos que causarão inveja.

 

“Análises e Expectativas – A voz dos Líderes”

A voz que lidera a Arriba!

A série de entrevistas especiais tem sequência com Daniele Botelho Rojas, a publicitária que comanda a Arriba!, uma das mais expressivas e importantes agências da nossa região. Veja o que ela tem a dizer sobre o ano de 2013 e suas expectativas em relação ao ano que vem.

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Daniele Botelho Rojas, proprietária da Arriba!

Como foi 2013 para a Arriba!

Sem dúvida, um ano de grandes conquistas e gratas surpresas, especialmente por conta das novas oportunidades de negócios que desenvolvemos ao longo de todo ano. Foi um ano importante para uma diversificação ainda maior da nossa carteira de clientes, com a chegada de marcas como Refrigerantes Mantiqueira, Editora Santuário, Tenaris Confab, Colchões Castor, Via Brasil Transaéreo, Objetivo, Gerdau e tantos outros. Também desenvolvemos grandes trabalhos para clientes que já faziam parte da nossa carteira, como Fabiola Molina, Arevale, Santander, Loja Anjo da Guarda, Imobiliaria Nova Freitas, Construtora Costa Tressoldi e fortalecemos nosso know-how no segmento imobiliário com novos trabalhos para Alphaville e outras empresas Brasil afora do segmento imobiliário.

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Qual a expectativa para 2014?

Apesar da força que estamos ganhando com os clientes nacionais, a Arriba! continuará a ter a matriz sediada em São José dos Campos, onde nasceu há 7 anos. Manteremos nossas metas ousadas e continuaremos a desenvolver nosso projeto de Gente e Gestão, que tem como objetivo principal valorizar os profissionais da comunicação. Continuaremos a desenvolver novas lideranças, a investir nas pessoas para que estejamos preparados para os novos desafios, projetos e oportunidades. Plantamos muitas sementes este ano e em 2014 teremos muitos frutos para colher.