O jovem mídia: como captar a atenção da Geração Z?

Por Gustavo Franco*

As mídias sociais revolucionaram a forma como nos conectamos, consumimos, percebemos e interagimos com marcas, celebridades e conceitos. Esse efeito é, em partes, devido à mudança do direcionamento da comunicação. De um modelo unidirecional, dominado por meios tradicionais como a TV e o rádio, para um modelo bidirecional, onde o consumidor tem voz ativa na construção da marca, nos processos de negócio e no feedback imediato e constante sobre qualquer tema. Para os negócios, esse empoderamento do consumidor gera grandes oportunidades, mas também riscos. Se por um lado os clientes agora conseguem ter acesso a aspectos das ofertas de serviços e produtos com agilidade e interatividade, por outro, eles também conseguem criar movimentos e produzir críticas que não têm relação somente com a sua própria satisfação, mas também com a das suas conexões, por meio do efeito viral.

Gustavo Franco

Ainda no terreno das oportunidades, as mídias sociais contribuem com um outro aspecto: o rejuvenescimento das bases consumidoras das marcas. A adoção destas redes se deu, no Brasil e no mundo, primeiramente nos recortes mais jovens da população. Sobretudo porque oferecem um espaço de conexão, expressão e interação – pelo menos no primeiro momento – sem rígido controle dos pais ou dos outros espaços sociais que frequentam, como a escola. Esse impulso que sentem por aderir a novas tecnologias é compreensível: elas ajudam – por meio de recursos que incentivam a criação e produção de conteúdo – na construção da própria identidade e individualidade tão almejada na adolescência. Conforme essa população passa pelas fases de construção da própria personalidade, ela começa a buscar marcas e experiências de consumo que refletem suas crenças e valores, com um nível de exigência muito maior do que o que tínhamos algumas décadas atrás. E é aí que mora a grande oportunidade para os negócios de fazerem uso destes espaços para rejuvenescer seus negócios e, consequentemente, sua base consumidora.

Por que a geração Z importa?

Conectados, inteligentes, inclusivos e responsáveis. A geração Z, a depender da fonte de definição, tem atualmente entre 8 e 23 anos de idade. De acordo com o último censo do IBGE de 2020, estima-se que ao menos 50% da população do Brasil está hoje nessa faixa de idade. E diferente de quando éramos jovens, essa população tem grande influência nas decisões de compras das famílias. Segundo relatório da NRF de 2019 – National Retail Federation –, 4 em cada 5 pais afirmam que seus filhos têm maior poder de participação nas decisões de compra da família do que eles próprios quando eram jovens. Além dessa influência, estes jovens também estão gastando o seu próprio dinheiro com mais autonomia. E as categorias mais influenciadas e que recebem o maior consumo dessa geração são brinquedos e jogos (92%), roupas e sapatos (91%), alimentos e bebidas (88%) e alimentação fora de casa (87%). Estes decisores do amanhã, quando de fato fizerem parte da população economicamente ativa, estarão muito mais preparados para tomar decisões de consumo. Se antes marcas criavam produtos para jovens a partir dos 18 anos e em fase de prematuridade, como as saudosas contas bancárias universitárias, hoje elas estão refletindo em como lidar com as demandas complexas que essa geração apresenta para o consumo dos adultos: a busca por sustentabilidade, a inclusão e a diversidade, a origem dos produtos e a responsabilidade com a cadeia de produção.

Essas relações de influência, no entanto, têm um componente que precisa ser manejado com cuidado: o conflito de interesses. Qualquer estratégia de marketing que considere este recorte geracional como segmentação deve compreender que adentrará um espaço repleto de dilemas. A rebeldia e a vontade de ocupar lugares e posicionar-se por meio da sua própria visão de mundo são comportamentos que desafiam a criação de valor genuíno. E o que é mais importante: compreender que construir conexão com um novo segmento de mercado sempre é muito difícil, sobretudo se esse segmento tem formas de organização próprias: em comunidades, tão características da juventude e hoje amplificadas pelas mídias sociais. Por exemplo: o mercado de skateboarding. Não somente os códigos da categoria são específicos, também são os processos de escolha dos integrantes. Há uma forte resistência à entrada de marcas consideradas mainstream. A validação de novos produtos por essa audiência leva tempo e requer a construção de percepções que vão além da simples qualidade – é preciso provar que se sabe o que se quer com esses jovens. São essas peculiaridades e interesses específicos e difíceis de capturar que tornam a geração Z desafiadora para os negócios mas também uma grande oportunidade: a de revelar valores complexos das marcas para um público que é cativo e que reverbera suas experiências de consumo. Além de, claro, influenciar seu entorno e reforçar a conexão das marcas de famílias inteiras.

Outro fator que é importante para as estratégias mercadológicas para essa geração é a dita “cultura global”. Apesar de os aspectos regionais serem chave, os jovens têm cada vez mais aderido a valores e crenças compartilhadas. Isso porque já nasceram conectados, expostos a tendências globais e com acesso a conteúdo e informações das tribos digitais que se proliferam e se organizam em torno de temas como música, séries, games, esportes, política etc. Isso tem facilitado o reposicionamento de marcas que se escoram nessas semelhanças dos “jovens globais” que são muito mais proeminentes do que as diferenças.

O jovem de hoje pode ser entendido como um hub de influência: é um consumidor indireto da maioria das decisões da família, que fornecem elementos e questionamentos para o processo de tomada de decisão. Sustentabilidade, integridade, transparência. São indivíduos com elevada carga de necessidade de participar, porém agora munidos de questionamentos que desafiam a sociedade. Enquanto estamos preocupados com o preço e a função, provavelmente eles estão pensando no impacto ambiental, se estão financiando trabalho escravo ou comprando de uma empresa sem preocupação social.

Quão jovem meu negócio deve ser?

As mudanças nas estruturas etárias da sociedade vão continuar. E o gap entre as gerações tende a ficar cada vez mais curto. Se antes a civilização transmitia grande parte das experiências pela tradição oral ou pela escrita, hoje as telas e a internet fazem o papel de memória do mundo para os jovens. Porém, isso não quer dizer que seu negócio deva se concentrar somente em um segmento. Tem ganho força nos diálogos de comportamento do consumidor o tema do marketing de gerações, que propõem uma análise (e também estratégias) comparada entre as gerações. Sabe-se que o número de pessoas com 60 anos ou mais aumentará de 800 milhões em 2012 para 2 bilhões em 2050, superando o número de pessoas com 14 anos (UNFPA, 2023). Embora a geração Z represente o futuro próximo do consumo, é também fato que estamos vivendo mais, melhor e com mais renda. O mais recomendado é entender como o seu negócio pode dialogar de forma linear porém diversificada com cada geração, considerando seus valores, hábitos e motivações.

Quanto às mídias sociais serem imprescindíveis ou não, essa é uma discussão já passada. Todo e qualquer negócio hoje necessita de uma presença digital, mesmo que mínima, pois se não a tiver, provavelmente seus consumidores a construirão sozinhos. Seja reclamando, elogiando ou viralizando pontos sobre ofertas, serviços e tópicos de marca. Convém refletir sobre dois pontos cruciais quando sua decisão for na direção de explorar esse segmento de mercado: que frentes de inovação estou focando para dialogar com esses jovens e, sobretudo, que causas, mensagens e motivadores estou disposto a abraçar de maneira autêntica e fiel para conquistar espaço? Não há momento melhor do que o que vivemos, na virada das gerações millenials e Z para refletir sobre isso e rejuvenescer seu negócio de vez.

Gustavo Franco é Country Manager da Labelium Brasil

Love Brands: como as marcas podem transformar o consumidor em fã

por Marcelo Manha Vilela*

“As pessoas não compram o que você faz, elas compram porque você faz isso”. A frase dita pelo autor Simon Sinek sintetiza muito bem um dos conceitos mais fortes e buscados pelas empresas na atualidade: o amor dos consumidores. Chamado de Love Brand, esse “título” é dado a uma marca que é capaz de estabelecer uma conexão emocional tão forte com seus públicos, que ela acaba sendo defendida e promovida de forma espontânea por eles, muitas vezes até mesmo transcendendo argumentos e atributos racionais dessa equação.

Image by PIRO from Pixabay

Para se ter uma ideia da força dessa ligação, não é raro perceber que uma Love Brand acaba alterando a percepção de valor dos clientes, tornando-os consumidores mais desapegados a elementos básicos, como o próprio preço do produto. Dados revelados pela Khorus em 2021 citam que 86% dos considerados brand lovers topam pagar a mais apenas para contar com um produto da empresa que ama.

Mais do que manter o consumo constante por parte desses apaixonados, a marca que consegue conquistar esses fãs acaba adquirindo um pilar fundamental no que se diz respeito a expandir e promover os seus produtos, já que os brand loves são propensos a recomendar os serviços para outros consumidores. A importância desse fator foi comprovada por uma pesquisa publicada pela Marketing Charts em 2020, mostrando que as principais fontes de informação sobre mercadorias e serviços para o comprador contemporâneo continuam sendo as opiniões de amigos e família.

Além de aumentar os ganhos financeiros da companhia, a contemplação com uma Love Brand pode ser apontada ainda como um fator importantíssimo para a construção de uma imagem sólida e robusta para a empresa, tornando-a muito mais resistente e competitiva em momentos de crise – seja ela interna ou externa – e bem menos suscetível a ceder para a entrada de algum concorrente no mercado.

Relação que precisa ser construída e preservada

Porém, com tantos benefícios apontados, é de se imaginar o quão complicado seja construir uma conexão tão sólida com o público. Nesse sentido, o histórico de mercado mostra que existem dois passos introdutórios fundamentais para iniciar esse processo construtivo: entender a essência que a marca tem (o que ela faz, porque, como faz), e, então, entender profundamente seu público (para quem ela faz).

De acordo com um estudo publicado pela “Global Consumer Pulse” da Accenture Strategy, 83% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas que defendem propósitos alinhados aos seus valores de vida. Dessa forma, é fundamental que uma marca esteja atenta a esse contexto e busque sempre aproximar o que ela pode oferecer com o que o público tem interesse para si.

Diante disso, além de entregar o que promete funcionalmente, uma Love Brand precisa ainda saber criar e comunicar de uma forma coerente com a sua comunidade. Para isso, ela precisa atuar ao lado de uma identidade visual, adotar um tom de voz e ofertar uma apresentação ou experiência – que pode ser o unboxing, no caso de um produto, ou um ritual, no caso de um serviço – que sejam encantadores para as pessoas que a consomem; que as faça ter orgulho de se associarem, de alguma maneira, a essa marca.

É preciso ressaltar ainda o papel essencial atribuído aos canais digitais nesse processo de construção de uma Love Brand, sobretudo nos tempos atuais. Esse meio acaba sendo hoje a principal porta de diálogo e interação entre uma empresa e seu público, tornando essa ligação especial por meio de cada nova peça, campanha ou até mesmo uma simples publicação nas redes. É também por ali que os brand lovers promovem e defendem a corporação de seu interesse, se conectando, trocando experiências e perpetuando essa relação.

Tão importante quanto criar essa cultura de envolvimento próxima entre o fã e a empresa é estruturar fórmulas para que esse amor perdure por um longo período. Sendo assim, é fundamental que a companhia continue entregando um padrão evolutivo de qualidade (sempre a mesma ou maior, porém nunca menor) em seus produtos e serviços e conte com uma comunicação interativa, próxima e qualificada com seus públicos, seja por meio de eventos, ativações, tom de voz na comunicação ou promoções, sempre ressaltando e cultivando aquele atributo emocional que faz os consumidores se sentirem especiais.

Construir uma Love Brand não se dá do dia para noite. É um processo que requer muita coerência, consistência e constância, tanto na oferta, quanto na comunicação da empresa perante o público. Porém, é inegável que este é um título que vale a pena conquistar. Na era da informação, tudo o que as marcas querem é serem amadas.

*Marcelo Manha Vilela é estrategista de marca e diretor de estratégia da Agência Ecco, é apaixonado por construir marcas com propósito e que sejam capazes de trazer bons resultados para o negócio e para a sociedade.

Copa é sinônimo de churrasco para torcedor de S. José

Pesquisa ACI/Unitau revela como o joseense planeja acompanhar os jogos do Brasil no Mundial do Qatar; detalhe: torcedor está pouco entusiasmado com torneio

Apesar de ainda estar pouco entusiasmado com a Copa do Mundo, o torcedor de São José dos Campos já sabe como pretende acompanhar os jogos do Brasil no Mundial do Qatar: fazendo churrasco.

Isso é o que revela a mais recente pesquisa de comportamento do consumidor feita pela Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos em parceria com a Universidade de Taubaté, por intermédio do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais). O levantamento foi realizado nos dias 28 e 30 de setembro, em locais de grande concentração de consumidores na cidade, como a praça Afonso Pena, Calçadão da Rua 7 e shoppings Centro, CenterVale e Colinas. Foram entrevistadas 108 pessoas.

Quando perguntados que produtos planejam comprar durante o período do Mundial de 2022, com a possibilidade de citar até 3 itens, 50% dos entrevistados disseram “produtos para churrasco” e 40% citaram bebidas para acompanhar os jogos do Brasil. Camisetas da seleção (oficiais ou não) receberam 40% de citações; bandeiras, 35%; com cornetas ou instrumentos musicais ficando com 5%. Trocar a TV foi descartada pelo torcedor, assim como comprar chapéus, bonés e perucas com temática da seleção brasileira.

O levantamento traz uma informação positiva para o comércio: o tíquete-médio do joseense nos jogos da Copa deve ficar entre R$ 50 e R$ 300 (80% das citações), com um pico na faixa de R$ 100 a R$ 200 (30%).

A Copa do Mundo começa no dia 20 de novembro (domingo), com a partida entre Qatar e Equador, às 13h (horário de Brasília). O Brasil estreia no Mundial ocorre no dia 24 de novembro (quinta-feira), contra a Sérvia, às 16h (horário de Brasília), pelo Grupo G do torneio. Mais dois jogos da seleção brasileira já têm data definida na fase de classificação do Grupo G: dia 28 de novembro (segunda-feira), às 13h (horário de Brasília), contra a Suíça; e dia 2 de dezembro (sexta-feira), às 16h (horário de Brasília), contra Camarões.

Torcida

A pesquisa ACI/Unitau revela, no entanto, que a Copa do Qatar ainda não entusiasma o torcedor joseense. Segundo os índices do levantamento, 54,6% dos entrevistados disseram estar pouco ou muito pouco entusiasmados com a Copa frente a 18,2% que se declararam estar entusiasmados ou muito entusiasmados com o Mundial. Outros 23,6% têm um entusiasmo mediano. O restante não soube ou não quis responder.

“Esse entusiasmo relativamente baixo com a Copa já era esperado. A atenção do brasileiro está focada atualmente nas eleições. Esse é o grande tema da mídia, das redes sociais, nas rodinhas de bate-papo. Acredito que, passado o dia 30 (data do segundo turno), a Copa vai entrar, de fato, na pauta do brasileiro. Se repetirmos esse levantamento em novembro, tirarmos uma outra ‘foto’ do mesmo cenário, o resultado, com certeza, será diferente”, disse o pesquisador Odir Cantanhede Guarnieri, coordenador do Nupes.

O baixo entusiasmo pela Copa reflete diretamente na torcida do joseense pelo Brasil no Mundial. Pelos números do levantamento, 48,7% dos entrevistados acreditam que a seleção brasileira não seja favorita para vencer o Mundial e conquistar o hexa no Qatar, frente a 43,4% que consideram o time treinado por Tite como favorito. Outros 7,9% não quiseram ou não souberam responder.

Fonte: Matéria Consultoria & Mídia – Gabriel Camacho

O consumidor multimpactado

por Josué Brazil

Vivemos em um cenário no qual várias disciplinas alternativas de comunicação surgiram e vem surgindo. Isso possibilitou várias maneiras de contatar o consumidor, muito além do cenário das mídias de massa e de mão única que vivenciamos até bem pouco tempo.

Imagem de Gerd Altmann do Pixabay

O surgimento das mídias digitais – internet – foi um ampliador e acelerador deste cenário. Como consequência a comunicação ficou mais dirigida e menos massiva, ao mesmo tempo em que o consumidor passou a sofrer uma enorme carga de impactos de comunicação, informação e marketing: o consumidor multimpactado.

Em megacidades como São Paulo e Nova Iorque as pessoas são expostas a milhares de mensagens por dia. De acordo com Daniel Leal:

“O conceito de Capitalismo Informacional determinou que a Tecnologia da Informação é o paradigma das mudanças sociais, que reestruturou o modo de vida moderno a partir da década de 80. Com isso, consolidamos uma sociedade conectada e cada vez mais desconfiada, consequência direta da sobrecarga de informação disponível (“information overload” ou “infoxication” – como é conhecido pelos norte-americanos) que dificulta a tomada de decisão em diversas situações.”

Dados apontam também que o Brasil figura como terceiro país na lista entre os que mais exibem comerciais durante o dia. E aí é importante citar que de acordo com o Dimension 2019, estudo realizado pelo Kantar Ibope Media, para grande parte dos consumidores toda comunicação de marca é publicidade.

A partir desta realidade entendemos que o espectador agora é INTERATOR. E que o consumidor agora é PROSSUMIDOR. Com a popularização da Internet o cidadão ampliou o seu lugar de fala e mudou o jogo. Para Raquel Recuero (Redes Sociais na Internet, 2010) vivemos uma nova revolução na qual as redes são as mensagens.

Esse quadro fez emergir um novo consumidor. Bastante diferente do consumidor de duas ou três décadas atrás.

De acordo com Joseph Jaffe em sua obra O declínio da mídia de massa, o consumidor atual é:

1 – O consumidor de hoje é inteligente;

2 – O consumidor de hoje está emancipado;

3 – O consumidor de hoje é cético;

4 – O consumidor de hoje está ligado;

5 – O consumidor de hoje tem pouco tempo;

6– O consumidor de hoje é exigente;

7 – O consumidor de hoje é “desfiel”;

8 – O consumidor de hoje está sempre acessível;

9 – O consumidor de hoje está a frente;

10 – O consumidor de hoje é vingativo.

A ideia e a compreensão do conceito do consumidor multimpactado nos leva a discutir a Economia da Atenção. Já sabemos que o excesso de informação conduz à escassez de atenção. Mas isso já é assunto para o nosso próximo artigo.