As novas utilidades do reconhecimento facial

De identificar emoções até personalizar menus, as possibilidades da tecnologia de reconhecimento facial estão só começando a se concretizar

por Ubiratan Resende (*)

Mais conhecido pelas aplicações na área de segurança, o reconhecimento facial vem se popularizando em celulares e aplicativos como o Facebook, e também no marketing, na publicidade, nas vendas e no relacionamento com clientes. Nesses campos, ele vem sendo explorado para testar, identificar e medir reações das pessoas, facilitar compras, fazer pagamentos e fidelizar clientes.

Imagem de Jonny Lindner por Pixabay

Já existem portas de metrô interativas que exibem anúncios e monitoram a reação das pessoas à publicidade apresentada nas portas. Além de medir quantas pessoas viram os anúncios, os sensores de reconhecimento facial embutidos nas portas podem segmenta-las por idade e/ou sexo, ou classificar seu comportamento em quatro tipos: feliz, insatisfeito, surpreso ou neutro.

A tecnologia do reconhecimento facial avança aos saltos: o mercado de US$ 3,85 bilhões deve atingir US$ 9,78 bilhões em 2023, segundo a ResearchAnd Markets. À medida que a tecnologia progride, avançam os diversos usos do reconhecimento facial já disponíveis, como reconhecer emoções, fazer pagamentos, ver quem está atento na aula, acordar um motorista sonolento, menus personalizados e marketing dirigido.

Como o reconhecimento facial consiste na análise de certos pontos da face de uma pessoa para a identificar, o mesmo processo pode ser utilizado para mapear as relações entre os mesmos pontos a fim de detectar emoções. Juntamente com as chamadas “microexpressões”, é possível ao software determinar emoções mais simples, como surpresa, alegria, raiva, tristeza, desgosto e outras.

Hoje, a detecção de emoções pode tanto avaliar um sentimento despertado por uma determinada marca ou campanha publicitária, contribuir para um teste de produto, como para identificar pessoas que dão sinais de agressividade em aeroportos e outros locais púbicos de forma a ajudar serviços de segurança a detectar possíveis agressores.

A face já é ingresso em diversos parques temáticos chineses e eventos de tecnologia. A pessoa também pode retirar passagens de trem depois de identificada por reconhecimento facial e até mesmo fazer transferências de dinheiro para outra pessoa, e sorrindo para ela, com apps para smartphones como Alipay. Clientes do HSBC na China podem fazer pagamento com uma selfie e não deve demorar muito para outras instituições financeiras copiarem a solução.

Hoje, a Ásia lidera a adoção de novas tecnologias e um relatório da Trust in Technology afirma que mais de 60% dos chineses acreditam que a biometria, como o reconhecimento facial ou digital, serão o único meio de acessar serviços bancários dentro de 10 anos.

Imagem de teguhjati pras por Pixabay

O reconhecimento facial, porém, não se limita a identificar pessoas; também pode ser empregado para impedir que um motorista durma ao volante. A campanha Think, do governo britânico, mostrou que cerca de 20% dos acidentes nas principais rodovias do país tem a ver com o sono e que 40% daqueles 20% envolvem veículos comerciais. Sistemas de detecção de sinais de sono por reconhecimento facial funcionam pelo monitoramento de movimentos da cabeça e dos olhos, alertando e acordando o motorista antes de cair no sono.

O mesmo princípio de monitorar movimentos dos olhos e da cabeça pode ser usado para identificar desatenção em salas de aula e centros de treinamento, mas não para punir os desatentos, e sim para selecionar as aulas que mais motivam os estudantes, localizar alunos problemáticos e determinar que tipo de distrações podem ser removidas para melhorar o ambiente de ensino.

Casas de fast food na China usam reconhecimento digital em menus digitais para sugerir pratos a clientes usuais, dispensando cartões fidelidade e logins demorados, inclusive na hora de pagar. Lojas de departamentos identificam clientes pelo reconhecimento facial e a fim de exibir anúncios segmentados em displays inteligentes que casam com as preferências e hábitos daquele cliente. Mesmo na primeira vez que uma pessoa entra na loja, é possível segmentar a publicidade dirigida a ela nos displays digitais com base em sua idade, gênero e outras características faciais.

(*) Ubiratan Resende é diretor-geral da VIA Technologies no Brasil

Fonte: Compliance Comunicação – Assessoria de Imprensa