Especialista em branding Caroline Jurdi aponta que o próximo ano será marcado por regeneração, cocriação e pertencimento — com a Geração Z liderando uma nova era de autenticidade e propósito.
As marcas estão prestes a entrar em um novo capítulo. Depois de uma década dominada pela aceleração digital e pelo consumo em massa, 2026 chega com uma promessa clara: reorientar o marketing.
De acordo com relatórios recentes da WGSN, Harvard Business Review e Bloomberg, o comportamento da Geração Z está reformulando os fundamentos da comunicação e do consumo. E as empresas que entenderem esse movimento sairão na frente.
“A Geração Z não quer apenas consumir. Ela quer participar, cocriar e transformar. As marcas que prosperarem serão as que unirem propósito, fluidez e humanidade”, afirma Caroline Jurdi, fundadora da CJ Hub e especialista em comportamento e branding.”
O marketing da regeneração e do pertencimento
Para Caroline, o próximo ano será marcado pela transição da sustentabilidade para a regeneração — um novo patamar de responsabilidade das marcas, que passam a devolver mais do que retiram.
Transparência radical, economia circular e impacto positivo deixam de ser diferenciais e se tornam obrigações éticas.
Paralelamente, o foco deixa de ser o mainstream e se volta para microcomunidades e tribos culturais, os chamados minorStones — pequenos marcos e micromomentos que conectam pessoas por valores e narrativas locais.
“A Gen Z valoriza autenticidade. Ela quer se ver representada nas marcas que consome — não por estereótipos, mas por afinidade real com valores, estética e propósito”, explica Caroline.
Tecnologia com propósito e leveza digital
O uso de inteligência artificial continuará crescendo, mas com uma nova lente: IA com propósito (AI for Good).
Segundo Caroline, não se trata apenas de eficiência, mas de humanizar o uso da tecnologia: “As pessoas querem entender o porquê por trás da IA. As marcas que comunicarem com clareza seu impacto e ética terão mais confiança.”
Ao mesmo tempo, o fenômeno global da Great Exhaustion, apontado pela WGSN, mostra que o público está cansado de estímulos incessantes.
“Vivemos um paradoxo: buscamos conexão, mas também paz. O marketing precisa respeitar o tempo do consumidor”, destaca.
O consumo funcional e a estética híbrida
Em meio à instabilidade econômica global, cresce o desejo por produtos multifuncionais — o famoso “3 em 1” da nova geração.
Funcionalidade, estética e propósito se tornam o tripé do consumo inteligente.
E visualmente, 2026 será o ano do cultural hybrid branding: um mix entre artesanato e tecnologia, nostalgia e futurismo, imperfeição e inovação.
Fim da segmentação etária e início do diálogo intergeracional
Estudos da Harvard Business Review apontam uma transição importante: o marketing deixa de falar para gerações e passa a criar pontes entre elas.
A autenticidade se torna o idioma comum.
“Não existe mais a marca da Gen Z ou dos Millennials. Existe a marca que entende pessoas. E isso é atemporal”, conclui Caroline.
Sobre Caroline Jurdi
Caroline Jurdi é especialista em branding e comportamento de consumo, fundadora da CJ Hub, agência que atua no modelo Marketing as a Service, unindo estratégia, criatividade e tecnologia.
Trend Hunter e pesquisadora de comportamento, percorreu polos de inovação como Coreia do Sul, Japão, Nova York e Cingapura, estudando de perto as transformações do varejo e do consumo global.
Formada em Comunicação pela Universidade de Gutenberg (Alemanha), em Publicidade pela ESPM, e pós-graduada em Administração pela FGV, Caroline traduz tendências globais em estratégias reais e aplicáveis para o mercado brasileiro.
Fonte: Gabi Oliveira

