Dois caminhos estratégicos no planejamento de mídia
Por Josué Brazil
Imagem de Gerd Altmann do Pixabay
Este texto retoma uma série de textos sobre mídia que já postamos por aqui. Desta vez vamos nos concentrar em uma parte importante do planejamento que é a seleção e uso dos meios de comunicação, dos veículos.
Há duas possibilidades básicas neste momento. Trabalhar um composto (ou míx) de mídia ou utilizar a mídia única. Não há receita de bolo aqui. Deve-se analisar cada cenário, cada situação, para definir que caminho adotar.
Vamos detalhar um pouquinho cada um dos possíveis caminhos.
Mídia mix
É o uso de mais de um meio de comunicação para favorecer os aspectos de comunicação da campanha, melhorar a cobertura (alcance), equilibrar a distribuição de freqüência e passar ao público-alvo mais de uma forma de comunicação da mesma mensagem. Com o Mídia Mix há maior probabilidade de eficácia da comunicação.
É mais recomendável quando ocorre:
Lançamento/relançamento de produto;
Campanha promocional com necessidade de resposta rápida;
Complemento de comunicação do meio básico;
Diferenciação de comunicação diante da concorrência;
O recuo do mídia mix
– Pode ocorrer por eventual escassez de verba;
– Deve ser feito levando em consideração que em todo mix existe um meio básico e os complementares;
– Os possíveis cortes, portanto, devem ser feitos de “fora para dentro” (das menos prioritárias para as mais prioritárias), preservando o meio básico.
Mídia única
Caracteriza-se pela utilização de um único veículo de comunicação em sua campanha. Veículo, e não título, emissora etc. Exemplificando: a mídia única será revista, mas você poderá inserir anúncios em diferentes revistas (Veja, Exame, Claudia, Época etc)
O uso de mídia única implica em:
O meio recomendado é auto-suficiente para atender aos objetivos de comunicação;
Escassez de recurso (verba) que impede a inclusão de meios complementares
Importante ressaltar que em uma estratégia de Mídia Mix devemos considerar o quanto um meio pode complementar e ampliar a ação do outro. Temos que pensar em complementaridade e integração de vantagens dos diferentes meios selecionados para a campanha.
Hoje, dia 8, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Em reflexão a essa data, você já parou para pensar como as mulheres foram e são atualmente representadas no contexto do marketing e da publicidade? Ao longo da história, podemos observar algumas conquistas e transformações nas campanhas publicitárias das marcas e meios de comunicação. Vamos lá a um breve histórico.
Entre os anos 50 e 60, as mulheres eram representadas nas propagandas geralmente como frágeis, submissas, incapazes e até inferiores. Trago como exemplo, uma propaganda clássica da época de uma famosa marca de carro com o para-choque amassado mostrando os seguintes dizeres: “Mais cedo ou mais tarde, sua esposa vai dirigir […] Caso a sua mulher venha bater em algo com seu carro, isso não lhe custará muito”. Hoje em dia seria impensável ver na mídia uma propaganda com conteúdo tão misógino.
Já nos anos 80 e 90, as mulheres, na maioria das vezes, surgiam como objetos sexuais, onde suas características físicas eram enaltecidas em detrimento de sua capacidade intelectual, fato ocorrido principalmente na indústria cervejeira. Foram décadas de revistas recheadas com imagens de corpos femininos ultra expostos, segurando uma garrafa de cerveja.
O mais contraditório, é que já faz alguns anos que as mulheres se tornaram consumidoras de cerveja. Tanto é que, em uma pesquisa recente da Kantar, realizada no terceiro trimestre de 2021, mostrou que a participação das mulheres no consumo de cervejas subiu de 14,5% para 21,2% em locais públicos, e de 14,3% para 18,3% em casa de familiares e amigos. Porém, apenas recentemente parece que as empresas “acordaram” e começaram a colocar a mulher em suas peças publicitárias como consumidoras, e não mais como objeto sexual.
Outra mudança que podemos notar nos últimos anos, é a representação da mulher por parte da indústria cosmética. Normalmente as marcas deste setor utilizavam apenas mulheres jovens, magras, brancas – inclusive muitas vezes com corpos irreais manipulados por Photoshop. Tal fato colocava uma pressão cruel em mulheres e meninas, que se frustravam em não atingir tais padrões, ou tentavam a todo custo se enquadrar no que o mercado estabelecia.
Felizmente, nos dias de hoje vemos grandes empresas do ramo cosmético inserindo em seus comerciais, mulheres das mais diversas etnias, com diferentes formatos de corpos e de várias idades. Tais atitudes ainda são minoria, mas é um movimento importante, um primeiro passo rumo a uma sociedade mais igualitária.
Apesar de serem a “passos de formiga”, temos motivos sim para comemorar, e de preferência bebendo uma cervejinha bem gelada!
*Shirlei Camargo é doutora em Estratégia de Marketing e professora do Centro Universitário Internacional Uninter.