O assunto é Storytelling

Ale Santos, um Storyteller

Sim, as entrevistas estão de volta. E voltaram com tudo. Ale Santos concedeu uma BAITA entrevista para o Publicitando falando do que mais ama fazer: contar histórias. E faz isso profissionalmente hoje em dia.

O Ale Santos é formado em Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, Pós Graduando em Marketing e Design Digital. Cursou Estratégias de games para comunicação e Marketing e Inovação em Storytelling: do branded content à transmídia na ESPM-SP.

Game writing e designer de narrativas do Board Game Selene The Fantasy, autor do livro “Narrativas interativas: O legado dos jogos de RPG” e um dos autores do livro “Caminhos Transmídia: Novas formas de comunicação e engajamento” publicado pelo grupo Era Transmídia, juiz da edição brasileira do concurso de SCIFI “Tomorrow Project” da Intel e autor do conto “A Cor dos seus Olhos” que foi lançada, na antologia mundial publicada nos EUA.

Já palestrou sobre roteiros de jogos em eventos da saga School of Art Game and Animation de Guarulhos e na terceira edição do Fórum Transmídia. Criador e editor do blog RPG Vale, premiado 4 vezes como Top Blog profissional de games.

Atualmente é um dos autores da Storytellers Brand’Fiction, o primeiro escritório de Innovative Storytelling do Brasil.

Confira a entrevista:

1 – Como você chegou nessa atividade de storyteller?

Então, existem vários tipos e níveis de storytellers. Há aqueles casuais, que contam histórias despretensiosamente para seus filhos dormirem ou em sessões de jogos com os amigos. Eu sempre fui um desses, graças ao RPG. Há cerca de 17 anos eu jogo a versão table-top ou de mesa que você dispõe apenas de um dado e uma história para se divertir.

Quando terminava a faculdade eu já estava tentando aproximar minha profissão com esse hobby, fiz um curso na ESPM de estratégias de games para comunicação e marketing e já havia lido algo remotamente sobre o storytelling empresarial. Foi quando conheci o Fernando Palacios que abracei a jornada do storyteller e, ela nunca termina é sempre um processo de aprender cada vez mais sobre como contar suas histórias.

No mundo dos games eu também estava passando pelo mesmo processo, conhecendo pessoas do meio, escrevendo artigos para sites e dando palestras. Fui conquistando confiança para projetos, neste mês acabei de fechar o design da narrativa de um serious game para uma psicóloga em SP, veio de um contato que conheci há 4 anos em um evento de games, que também me contratou para seu jogo, Selene The Fantasy.

Nessa e em qualquer outra área da inovação o CV entra em segundo plano, o primeiro é o contato e ele é feito em cursos, conversas, cafés e coisas do tipo. Networking também é um processo a médio ou longo prazo. Desde meu primeiro contato com o Palacios e Martha eu fiz uns 3 cursos com eles e pude também experimentar a visão sobre inovação, branded content e transmídia que eles tem. O Palacios é pioneiro no estudo do storytelling empresarial aqui na América Latina então estar próximo a ele é como beber água direto da fonte, foi um divisor de águas na minha carreira. Meu primeiro conto escrito logo após esses primeiros meses de contato acabou sendo escolhido para representar o Brasil em uma antologia internacional de Ficção Científica. Após um ano veio o convite para trabalhar com a Storytellers e de lá para cá já se passou outro ano e vários projetos bacanas.

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Ale Santos

 

2 – Como você define ou explica o storytelling?

“Você pagaria para assistir/ler/jogar essa história? Se sim… é Storytelling” Lembro que essa é a definição mais precisa que já tive, é do Fernando Palacios.

A minha definição particular é “Storytelling não é contar histórias. O Storytelling – escrito assim, com S capitular – é saber que a narrativa e o gameplay podem trabalhar juntos para criar grandes experiências.

Essa frase é parte do nosso manifesto transmídia, cada integrante da Storytellers tem a sua e quem conseguir o cartão de todos pode ter uma visão bem ampla de tudo.

3 – Há várias possibilidades de uso e/ou aplicação do storytelling. Fale um pouco sobre isso.

As histórias moldaram nosso mundo, vivemos e criamos regras sociais com base nelas. Nos agrupamos em torno de mitos seja em games ou seja em torno de um time de futebol. Tudo tem uma ficção, mesmo que mínima é como o espírito do jogo enunciado por Huizinga. Então usar uma história pode evocar níveis de comunicação extremamente íntimos de cada indivíduo, a psique que Jung diz, “produzir fantasia todos os dias”.

A frase do Olivetto se aplica aqui; A gente tira a publicidade da vida, transforma em publicidade e devolve para a vida.” A diferença é que histórias não precisam ser reais, mas precisam criar realidade ou um senso dela.

Tudo que tem um contexto fica mais envolvente e mais divertido. Na escola educadores criam fantasia para falar de coisas chatas para crianças, nas empresas histórias podem ser utilizadas no lugar de palestras (já trabalhei em um roteiro de teatro pra treinamento empresarial). O que o cinema tenta fazer agora é expandir suas histórias para engajar mais pessoas dentro do seu mundo ficional e assim aumentar os ganhos.

O turismo também só tem a crescer quando existe uma história sobre o lugar. E quando não tem… você pode inventar uma. O livro “Da Vince Code” criou um roteiro turístico em Paris, aonde as pessoas podem visitar os locais que o personagem passou. Ah, e como esquecer do passeio à Nova Zelandia para conhecer a Terra Média. São exemplos interessantes e é apenas o começo, um storytelling bem feito pode ir além das fronteiras que conhecemos na comunicação em 30 segundos – mas dá pra fazer em 30 segundos, só que é outra história.

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4 – O que é preciso para ser um bom storyteller?

É uma pergunta difícil, temos ótimos storytellers em várias dimensões. Tarantino, Stan Lee ou Hideo Kojima são de meios diferentes e com perfis totalmente distintos, mas uma coisa em comum: paixão.

Parece besteira, mas um escritor sabe quando sua obra está acabada. Uma história nasce como uma necessidade, ela precisa sair pro mundo, então sua obrigação é criar o caminho pra ela… esse caminho é o telling. Ele precisa ser lapidado cada vez mais ou você mesmo vai perceber que sua mensagem está mancando.

O escritor Argentino Jorge Luis Borges diz, “Arte é Fogo + álgebra” isso define para mim tudo o que um bom storyteller tem que ter. Tem que ter fogo, em grande intensidade e tem que dominar a álgebra pra controlar as chamas.

5 -E a propaganda? Como vem usando o storytelling? Há bons cases nacionais?

O storytelling tem uma dinâmica diferente da propaganda tradicional. Ele é um processo que geralmente cria algo maior do que a propaganda está mostrando para as pessoas. É só uma questão de pensamento. Um autor conhece a vida dos seus personagens como se fossem vizinhos. Mas o mercado de comunicação tem olhado bastante pra isso e aumentando a intensidade e profundidade da ficção que cria em suas peças. Podemos encontrar personagens mais marcantes e até um princípio de enredo, conflito e dramatização nos anúncios mais recentes.

Mas enquanto eu estava escrevendo isso me peguei pensando “Qual o último anuncio que me impactou ?”. Eu chego a passar mais de um ou dois meses apenas usando Netflix, Xbox e Youtube. E se essa parcela de pessoas como eu começar a crescer?

Essa é uma questão de roteiristas americanos apontam para o Brasil. Alguns dizem que o modelo de sustentar a TV com propaganda está diminuindo e dando espaço para coisas como product placement e outras formas de Branded Content. É difícil e petulante tentar prever o futuro, mas mesmo o Kotler já disse recentemente “invista nas histórias”.

Pra conhecer mais cases e artigos sobre o tema visitem a redação da Storytellers – www.storytellers.com.br

Coluna {De dentro pra fora}

O primeiro storytelling a gente nunca esquece

Vitor coluna

Sem dúvida, ele é o queridinho da vez. Eu me lembro de ter ouvido falar dele há uns 4 anos – pelo menos – em uma das aulas do Josué. E acho extremamente engraçado ver o mercado todo agitado e querendo fazer story hoje. Para mim, não parece ser algo tão novo. Mas tudo bem, um bom story ainda vale muito a pena. Então, eu sempre me empolgo quando surgem essas oportunidades. Abro parêntese para lembrar que aqui eu falo do mercado corporativo. E é exatamente nesse segmento que o desafio começou. O conceito de storytelling eu aprendi em sala de aula e até hoje me lembro dos diversos exemplos que a turma toda assistiu. Depois, o grupo de amigos ainda trocou mais alguns exemplos e, para fechar, eu e a Isa decidimos abordá-lo em nosso TCC. Então, fomos ouvir redatores que já tinham feito stories e entender um pouco mais sobre o processo de criação. Não existe uma fórmula, claro. Mas existem ingredientes. O ponto de partida, o ponto de virada, o clímax, o desfecho, são exemplos.

Com as entrevistas, eu entendi melhor como dar vida ao que estava dentro da cabeça. Mas tudo ainda continuava a ser teoria.

Agora é pra valer!
Muitos anos depois, finalmente, eu me deparei com o desafio de fazer um story. Foi uma mistura de medo com ansiedade. E tinha um agravante: era um storytelling corporativo. Minha primeira interrogação foi: Isso vai funcionar, gente? E, durante todo o processo, eu ainda me questionava muito. Foi uma oportunidade de colocar a teoria toda em prática, mas também de achar um novo jeito de se fazer story, já que os funcionários eram o público. Fui amarrando as mensagens com as histórias de vida que recebi e, então, tinha o roteiro do primeiro storytelling da minha vida. Bingo! Só que não. Estava fácil demais. O cliente retornou dizendo que não tinha verba para fazer vídeo. Gente, e agora? No meu limitado pensamento, story só ia funcionar em vídeo. Então, fui caçar um formato mais barato para adaptar o vídeo. Afinal, quem disse que só pode ser vídeo?

Quadro a quadro.
Depois de quebrar a cabeça um pouco, cheguei no formato de histórias em quadrinhos. E as barreiras cresciam: o cliente queria que a marca tivesse mais relevância na história. Ixi, para mim, a graça da coisa era exatamente deixar a marca em segundo plano. Fui ajustando até o ponto em que o cliente aprovou e eu achei que ficou interessante.

Nessa primeira experiência, eu já descobri que storytelling corporativo pedia uma narrativa um pouquinho diferente. O tempero da marca, infelizmente, precisava ser caprichado. Depois desse episódio, outros vieram. Assim, fui descobrindo diversos formatos para encaixar a técnica do storytelling. E é isso que eu gostaria de reforçar ao contar essa história toda: invente novos formatos para técnicas que já existem. Ultimamente, eu tive a oportunidade de fazer um storytelling que era corporativo, mas (até que enfim!) poderia ser um vídeo. Eu fiquei bem satisfeito com o resultado, mas, se eu não tivesse sambado tanto antes para aprender a moldar a técnica, tenho certeza de que não teria ficado tão legal.

Desde meu primeiro story (que precisava ser impresso, pra Vale Fertilizantes) até o último (que poderia ser um vídeo, pra 3M), eu me envolvi nas histórias e me diverti muito amarrando a mensagem corporativa aos acontecimentos da vida.

Antes de pensar que é impossível para o seu cliente ou para o segmento em que você atua, procure maneiras diferentes de fazer. Molde a técnica aos recursos que você tem, acredite, divirta-se e coloque vida.

Buscando especialização

Molotov especializa-se em “storytelling”, a arte de contar boas histórias

Em constante formação e renovação profissional, a equipe da Molotov participa de palestras, oficinas e cursos para aprimorar a qualidade dos serviços que a agência oferece aos clientes. Seguindo essa premissa, há três meses, Eduardo Spinelli, sócio e diretor de criação da Molotov, está fazendo um curso de roteiro na Academia Internacional de Cinema, AIC, em São Paulo – SP.

Considerada uma das escolas mais importantes do país, a AIC foi a pioneira na introdução de cursos completos na área de cinema no Brasil e possui em seu corpo docente professores experientes e cineastas de destaque nacional e internacional.

Ministrado por Thiago Fogaça – roteirista e professor de roteiro, formado na New York Film Academy com um Master of Fine Arts in Screenwriting -, o curso apresenta uma introdução aos diferentes elementos e ferramentas que constituem a dramaturgia e a narrativa, promovendo qualificação para o desenvolvimento de roteiros próprios e estrutura de histórias. Entre os conteúdos abordados estão “técnicas de criatividade”, “conflito dramático”, “formatação de mercado e internacional”, “workshop de roteiros e argumentos” e outros.

Thiago Fogaça e Eduardo Spinelli. Foto Alex Riegel

Thiago Fogaça e Eduardo Spinelli. Foto Alex Riegel

Com exemplos de textos e fragmentos de filmes e séries, Fogaça ensina os alunos a entenderem e identificarem questões temáticas; construírem e explorarem personagens; revisarem e analisarem histórias dramatúrgicas para TV e cinema; e utilizarem palavras e recursos audiovisuais para transmitirem boas histórias, ou seja, o chamado “storytelling”.

“A Molotov sempre contou histórias sobre marcas e empresas. A diferença é que agora teremos mais ferramentas para potencializar ainda mais os resultados. Um exemplo que sempre mostro em palestras de storytelling é o filme ‘Castigo’, da Coli. É puro storytelling. Uma história leve, divertida, que prende a atenção do telespectador. E o mais importante: que vende o produto de uma forma totalmente original. Nem parece propaganda.”, conta Spinelli.

Assista ao filme “Castigo”, da Coli, um case de storytelling da Molotov publicado no CCSP – Clube de Criação de São Paulo: http://www.ccsp.com.br/site/pecas/35365/resultado-busca

Selecionado em antologia internacional

Autor Valeparaibano tem conto publicado em uma antologia internacional de Ficção Científica da Intel

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Em 2013 a Intel, em parceria com a Fiap promoveu a edição brasileira do Tomorrow Project Brasil. O Tomorrow Project explora nossas possibilidades futuras por meio de ficção baseada na ciência e na realidade e conversas em video com cientistas e autores de ficção científica, figuras lendárias e especialistas de fama mundial, defensores apaixonados e pessoas comuns. O Tomorrow Project Brazil, em colaboração com a FIAP, foi um concurso que busca histórias originais, em forma de textos, vídeos ou ilustrações, que descrevem a sua visão de “Um dia na minha vida em 2025”.

O resultado deste concurso foi a publicação de uma antologia nacional, entre os contos presente estava o do autor Ale Santos, da cidade de Cruzeiro:

“A cor dos seus olhos é uma história sobre invasão alienígena, mas ela carrega também questionamentos fortes da natureza humana e apresenta uma realidade aonde a fé e a sobrevivência podem ser facilmente questionadas”.

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Além de representar o Vale do Paraíba na antologia nacional, o conto de Ale Santos entrou também como um dos 4 representantes brasileiros na antologia internacional “Cautions, Dreams & Curiosities” do Tomorrow Project, reunindo contos do mundo todo e publicada em inglês.

http://isef.tomorrow-projects.com/2013/10/cautions-dreams-curiosities-anthology/
Ale Santos é autor/storytellers e além de contos escreve para blogs e jogos. Atualmente é redator do game Selene The Fantasy e trabalha na Storytellers Brand ‘n’ Fiction que é o primeiro escritório de Innovative Storytelling no país. Também dá palestras e cursos sobre roteiros para games.

Mais informações http://alesantos.me/