Entrevista para marcar a data

Falamos com Arison sobre os 10 anos

Há pouco tempo divulgamos aqui que a Atributo Comunicação Estratégica estava completando 10 anos de atuação em 2014. A agência comandada pelos sócios Arison Sonagere e Julio França até lançou novo site, também publicado aqui.

Agora o Publicitando entrevista Arison Sonagere para saber um pouco mais da trajetória desta agência taubateana.

Confira:

1 – Você e Julio França, seu sócio na Atributo, deixaram aquela que era na época uma das mais importantes agências da região, A Página Comunicação, para fazerem a Atributo. O que motivou tal decisão?

Tanto eu quanto o Julio fomos para Página motivados pela filosofia que ela pregava mas que aos poucos foi sendo substituída por outra que já não nos encantava mais. Foi lá dentro que surgiu um embrião de resgate desses princípios. Quando eu deixei a sociedade da Página e comecei a colocar em prática chamei o Julio para me ajudar.

Na Atributo construímos um ambiente propício à pensar comunicação. Somos todos críticos e apaixonados pelo que fazemos e só fazemos o que acreditamos. Sejam marcas, projetos ou candidatos. Não importa o que tem pra vender desde que isso seja verdade, senão não vendemos.

Além disso consideramos nosso clima interno mais importante do que ganhar prêmios. Todo trabalho tem pressão e responsabilidade. Mas não se pode confundir isso com não se colocar no lugar do outro, principalmente para crescer a qualquer custo ou por vaidade.

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Arison, um dos sócios da Atributo Comunicação Estratégica

2 – Que análise você faz destes 10 anos de atuação da Atributo?

Tudo precisa de tempo para amadurecer, eu e o Júlio amadurecemos muito nesses 10 anos e com certeza nossa empresa também. Quem não conta com o tempo como aliado acaba desistindo, como aconteceu com muitas agências, foi isso que eu aprendi. Ford dizia que os que renunciam são, em maior número, àqueles que fracassam e nós acreditamos nisso.
Nossa via não foi muito fácil, mas acredito que conseguimos nos consolidar mantendo nossos princípios, como falei anteriormente.
De forma geral quando olhamos nossa empresa temos orgulho do montante de trabalho que realizamos, é difícil até fazer um portifólio, pois tudo faz parte dessa construção e tudo tem história. Temos orgulho de nossos “filhos”!
Acredito que esse tempo nos deixou um legado. Hoje temos experiência para reconhecer e resolver qualquer demanda que uma marca precise. Tudo é questão do cliente confiar nesse conhecimento que temos, do remédio e dose certa para o negócio dele, quando isso acontece normalmente o retorno é o mesmo …sucesso.

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Selo comemorativo dos dez anos da agência

3 – Vocês sempre tiveram um perfil bem discreto, uma atuação low profile. Pretendem mudar isso?

Não!!! Nós somos discretos e vamos continuar sendo, porque é muito comum a gente ver o publicitário cair em descrédito porque tem gente falando mais do que realmente faz. Nosso mercado é difícil por culpa dos publicitários que aqui trabalham. É muito bi bi bi e pouco fom fom fom.

Comunicação pra gente não é arte, nem contação de história, é ciência. E se é ciência tem que ter profundidade, estudo.
Não é uma questão de desacreditar na propaganda, é questão de acreditar em vender verdade.

Hoje tem um monte de agência falando que faz branding, assim como haviam muitas que falavam de comunicação total, essas são as palavras da moda, mas na verdade continuam tirando pedido e construindo criações de banco de imagens.

Há 10 anos, chamávamos o que hoje é branding de Comunicação Estratégica. E continuamos chamando. Porque verdade é isso… aquilo que resiste ao tempo e não o que é modinha.

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4 – É duro deixar de ser criativo em tempo integral para passar a gerir o negócio?

É um pouco chato, mas não duro.

Podemos ter criatividade em todas as áreas de atuação. Fico tão feliz como quando criava quando conseguimos contratar um bom talento do mercado, por exemplo. Fizemos isso muitas vezes, grandes profissionais foram descobertos pela agência nestes 10 anos.
Cada vez que isso acontece mostramos a todos que é possível fazer o melhor mesmo com as restrições do mercado.

Quando é assim, gestão e criação não são muito diferentes.

Chato é ter que achar dinheiro em momentos de crise, pois isso dá um pouco mais de dor no estômago!

5 – Quais os planos daqui para frente?

Vamos continuar fazendo comunicação estratégica, pois os meios mudam mas a filosofia não. Pensamos antes de fazer, planejamos tudo para que as coisas se encaixem no dinheiro do cliente e também tenham uma continuidade, formando assim uma marca forte. Gestão de marca é o foco. Estamos alavancando várias marcas novas e outras não tão novas, e colocando elas no patamar que elas precisam ou que podem estar.

O papo é som

A produção de som no Vale do Paraíba

O Publicitando volta a fazer foco no importante segmento de fornecedores. E desta vez vamos falar com Jorge Neri sobre produção de áudio. Ele é o homem por trás do Studio Neri/SD.

Acompanhem o que o Jorge tem a dizer sobre esse importante segmento:

1 – O que o levou a abrir uma produtora de áudio?

Juntei o curso que fazia com minha paixão pela música. Enquanto cursava Publicidade em SP, meu principal hobby era produzir música. Como na época não haviam redes sociais, mandava para os amigos pelo ICQ ou MSN. A brincadeira ficou séria quando um amigo disse: “você deveria ganhar dinheiro com isso!” Foi dele o 1o orçamento que fiz na vida e desde então, nunca mais parei. Porém, para abrir a produtora oficialmente, me preparei como empreendedor com a ajuda do SEBRAE, estudei Áudio no IAV em SP (e muito, muito sozinho), aprendi a ser locutor no SENAC e tive ajuda de algumas figuras do mercado que me ajudaram muito.

2 – É um mercado difícil no Vale do Paraíba, já que as rádios, por exemplo, “dão” a produção de spots para clientes que compram o espaço. Como tem sido atuar neste mercado?

A tecnologia que me permitiu ter contato com áudio em casa, também permitiu que as rádios fizessem spots sozinhas e de graça. Ou seja, não posso reclamar disso. A verdade é que o mercado sabe que quando precisa de algo realmente personalizado e artesanal
, não tem jeito: vai precisar de uma produtora de áudio. Aliás, as próprias rádios nos procuram quando o cliente pede algo a mais. Já tive dezenas de indicações das principais rádios da região. Atuar nesse mercado é desafiador, pois precisamos entregar qualidade, agilidade e (muito) bom preço – três coisas que não combinam juntas. Quando comecei, haviam agências na região que não se importavam com a qualidade de áudio dos materiais que criavam. Hoje, isso é passado. O gargalo está no cliente. Nem sempre o cliente é um profissional de Marketing que sabe exatamente o que está fazendo. A tendência é de melhora, claro. E quanto mais gente preparada pede, melhor se cria e por conseguinte, melhor se produz.

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Jorge Neri comanda o Studio Neri, produtora de áudio localizada em SJCampos

3 – O que um bom produtor de áudio precisa ter? Ele tem que ser músico?

Não é preciso ser músico, mas ter musicalidade, é essencial. Noções de tempo, melodia, harmonia, são pré-requisitos para produções avançadas de um spot, por ex. Quanto mais musical o produtor for, melhor. Agora, quem produz jingle ou trilha sonora tem que saber se expressar musicalmente, saber se comunicar com os músicos que vão executar o que você ou o arranjador compôs pra aquele fonograma. Muitas vezes, por uma questão de custos, é você que vai tocar os instrumentos. Fora isso, outro fator fundamental é gostar de tecnologia. Sempre há novas ferramentas e elas nos fazem soar melhor, encurtam caminhos, cortam custos e nos deixam mais rápidos.

4 – Como tem sido as parcerias com as agências regionais? Há um bom relacionamento?

Em nossa região, áudio personalizado é um luxo que nem todas produções podem ter. E é algo que agências daqui valorizam bastante. Já tive algumas decepções aqui e ali, como todo mundo tem. Mas o saldo é positivo. Ser fornecedor no nosso mercado, que tem um número de players reduzido, é ter uma relação a longo prazo. É preciso confiança. Confiar que eu entrego o que você pedir no tempo que combinei. Confiança que seu cliente vai curtir essa produção cara que você tanto insistiu. E a confiança das agências e produtoras de vídeo é o maior bem que conquistei nesses anos de mercado.

5 – Além de trabalhar com spots e jingle você pensa em atuar na geração de conteúdo (programas, programetes e outros formatos)?

Hoje em dia, não tenho mais como abraçar a produção inteira de um programa ou podcast. A não ser que seja algo pontual. A demanda por spots, jingles e trilhas ainda é alta.

Experiência internacional

Não exportamos só pra sampa

Entrevistamos hoje o Alan Santiago. O Alan foi meu aluno. Ele leu a série “Os Exportados” e fez contato comigo falando de sua experiência no exterior e de como isso poderia de alguma forma contribuir para os leitores do Publicitando.

Fizemos um bate bola com ele. Leia na sequência:

1 – Fale um pouco de sua trajetória inicial.

Logo no segundo ano de UNITAU comecei como estagiário de criação na Publicarte em Taubaté. Fui criado pelos premiados diretores de arte Henrique Barros e Pedro Henrique Simões, hoje em dia sócios da agência Esgrima em São Paulo, na qual cheguei até a trabalhar por um tempo em 2011.Mas como sempre fui muito interessado em comunicação digital, me mudei para a Phocus Interact de SJC, onde trabalhei por 1 ano e meio. Um job interessante foi o material multimídia para um site do Corinthians.

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Alan Santiago é o primeiro da esquerda para direita

2 – Como surgiu a oportunidade de ir para o exterior?

Eu estava morando em Buenos Aires, trabalhando com meus freelas do Brasil e estudando espanhol. Um belo dia, minha amiga Cristina Ludwig, uma grande brand designer de São José dos Campos, comentou que a agência que trabalhava na Africa do Sul, Cape town, a Pier2Pier, estava procurando um webdesigner. O processo foi interessante pois fiz um job teste, um design conceito para um cliente de mercado de luxo deles, a UMAN Italian Suits.

Por uma manobra do destino, esse cliente tem tudo a ver com meu TCC sobre mercado de luxo no segmento de aviação executiva da Embraer.

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A agência em que Alan atuou na África do Sul

 3 – Como foi atuar em outro país? Fale um pouco das diferenças em relação ao que você já tinha vivenciado aqui no Brasil.

Foi uma experiência grandiosa viver na África do sul. Viver lá me despertou um espirito DIY (do it yourself – faça você mesmo) e o entendimento do valor de uma boa a idéia. Você lida com briefings muito desafiadores, algumas vezes verbas curtas que almejam grandes resultados e lida com pessoas que pensam muito diferente de você.

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Imagem do dia a dia da agência

Trabalhando aprendi que o que faz um designer ser assertivo é a sua curiosidade e capacidade de processar referências. Acredito que o mais interessante dessa estadia Africana foram as diferenças culturais e o que isso me agregou como criativo. Outro ponto que me impressionou foi a lida que o país tem na questão racial. Tudo tem que ser delicadamente redigido, além do fato de ter 11 idiomas oficiais.

4 – Você atuou no mercado digital. Qual é o estágio de desenvolvimento da comunicação digital na África do Sul?

O mercado digital está super aquecido. São varias empresas locais empreendendo em webservices. Baladas, bares e restaurantes que divulgam exclusivamente em redes sociais. Cape Town abriga algumas startups de web, como a Woothemes, Port2Port, Join Weaver e GustPay.

Por outro lado, empresas super tradicionais como as vinícolas, estão começando a desenvolver suas plataformas e até a exportar vinho via web. Outro fato bacana é que nesse ano, Cape Town é a capital mundial do design, então o mundo todo está de olho no trabalho das agências e criativos de lá.

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Mais uma imagem do dia a dia da Pier2Pier

Quem quiser conhecer e entender mais do trabalho do Alan dá uma olhada no portfólio dele: www.alansantiago.com, ou manda um email para ele no info@alansantiago.com.

 

Os Exportados

Última da série

Para fechar muito bem a nossa série de entrevistas convidei a Dani San Sebastian. Ela já foi redatora, agora atua no planejamento e está há mais tempo no mercado de São Paulo do que nossos entrevistados anteriores.

Vamos ver o que ela tem a nos dizer!

1 – Como você iniciou sua carreira aqui no Vale do Paraíba?
Comecei como estagiária de marketing na Mars, quando ainda estava no segundo ano de PP na Unitau. Foi uma experiência muito rica, pois me deu uma visão ampla da área. Também tive contato com grandes agências e descobri o que realmente queria: trabalhar com criação. Troquei o estágio por outro, na área de redação, na Jeter Design de São José. E depois de um ano lá fui contratada como redatora na Supera, onde fiquei por dois anos.

2 – Em que área atua atualmente e como chegou ao mercado de São Paulo?
Cheguei em São Paulo em 2008, depois de mostrar meu portfólio em muitas (muitas!) agências. Fui contratada pela Motivare, uma agência de promo, mas fiquei por pouco tempo. Logo me chamaram para trabalhar na Fracta, a agência de propaganda da Chilli Beans. E depois de dois anos lá fui para a TV1 RP, onde estou atualmente. Após três anos como redatora, recentemente fui convidada para ir para o planejamento, área em que atuo agora.

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Dani San Sebastian fecha a série Os Exportados e fala de sua experiência no mercado paulistano

3 – Quais as maiores dificuldades? E o que tem de melhor em relação ao mercado do Vale?
Para mim, a maior dificuldade foi “entrar” no mercado de São Paulo sem ter uma indicação. Mas, depois que você está aqui, as oportunidades aparecem. E, no dia a dia, o trabalho é praticamento igual. O que São Paulo tem melhor que o Vale são os investimentos das empresas em comunicação, muito maiores, o que amplia as possibilidades da agência. Também acho que, em alguns casos, aqui em São Paulo a interface no cliente entende melhor a comunicação, o que deixa o trabalho mais desafiador e interessante. E acabamos conhecendo mais profissionais da área, o que faz diferença para o crescimento profissional.

4 – O mercado de São Paulo é mais exigente? Você tem que investir mais em você, em sua formação?
Acho que na realidade que a gente vive, conectado o tempo todo e com acesso a tudo que acontece no mundo, não há um lugar mais exigente que o outro. Você tem que investir no seu desenvolvimento sempre, seja com formação acadêmica ou atualizações em geral. Na minha opinião, o que acontece é que aqui em São Paulo, por ter muito mais gente, a concorrência é consequentemente maior. Mas isso não foi (e acho que não deve ser) a razão para eu investir no meu crescimento profissional, e sim a vontade de crescer na profissão. Como estou atuando em uma agência de RP, além de alguns cursos livres na área de redação e planejamento, também fiz uma pós-graduação em Comunicação Corporativa.