Marketing em xeque: mais de 70% das empresas não alcançaram essas metas em 2024

Por Renato Sobrinho*

Uma boa estratégia de marketing pode servir como um excelente GPS para guiar as empresas frente a um futuro cada vez mais promissor. Mas, como calibrá-lo corretamente, para que consiga apontar o melhor caminho? Para muitas empresas, as métricas de vendas acabam sendo as grandes referências para ajustar essa rota – algo que, nem sempre, contribuirá para que conquistem os objetivos desejados. Muitos outros dados podem ser utilizados para direcionar os planejamentos a serem seguidos, cabendo à cada organização essa alteração do foco para que consigam resultados cada vez melhores.

Segundo um estudo do Panorama de Marketing e Vendas 2025, 71% das empresas não atingiram suas metas de marketing em 2024. Quando nos aprofundamos na pesquisa para entender melhor o que pode ter prejudicado isso, 34% dessas equipes focaram essas ações para gerar uma maior demanda; 27% em fortalecer a marca; 14% em inovações digitais; e 13% em estreitar relacionamentos.

Esses dados evidenciam como grande parte dos negócios ainda prioriza o aumento do número de vendas na elaboração das ações que serão implementadas, o que, nem sempre, acaba contribuindo para a conquista do crescimento real da empresa. Dentro do marketing, existem muitas outras informações que podem servir como referência para definir o crescimento do negócio em questão, contudo, as nuances são diferentes e, portanto, nem sempre colocar as vendas em destaque pode ser a escolha mais sábia.

Outros números que podem servir como uma metrificação da evolução da empresa incluem novos clientes, consumidores fidelizados, crescimento dos números de seguidores nas redes sociais, aumento de menções na web, visitas aos espaços físicos, números de contatos recebidos, dentre muitos outros.

Com essa maior diversidade de dados em mãos, o marketing pode pegar emprestado um conceito central da área de growth, chamado de North Star Metric (Métrica Estrela Norte ou NSM), através do qual é possível evitar ilusões de crescimento e focar no longo prazo – mostrando o que realmente impulsiona o negócio, garantindo retenção e alinhando toda a empresa ao mesmo objetivo.

Ao utilizar essa tática de mensuração de resultados, pode-se fugir de possíveis falhas das quais os outros KPIs estão passivos de apresentar, como: otimizar para receita imediata e prejudicar o futuro, interpretar picos de vendas como crescimento real, perder de vista o valor real entregue ao cliente, desalinhamento entre áreas, ignorar problemas de retenção e engajamento, e medir o que é fácil e não o que importa.

Através do uso dessa ferramenta, tanto a miopia de marketing (enxergando apenas o que está à sua frente, ignorando possíveis oportunidades a serem exploradas) quanto a hipermetropia (não focar no que está à sua frente, visando apenas o futuro) podem ser evitadas. Dessa forma, novas metas de marketing podem ser definidas, junto a métricas que realmente farão sentido para o negócio.

Levando essa premissa aos dados apresentados no estudo acima, por exemplo, temos uma parcela de entrevistados que apresentam “inovar no digital” como uma meta. Mas, como isso pode ser mensurado? Como essa inovação vai impactar o crescimento do cliente? Provavelmente, são perguntas que não podem ser respondidas, mas que deveriam, para que essa estratégia consiga gerar valor ao negócio.

Sair da bolha de focar somente nos dados remetentes às vendas pode ser um grande desafio para muitas empresas, uma vez que exige que saiam dessa sua área de conforto e comecem a analisar outros números e fatores importantes. Porém, a visualização de suas operações por outros ângulos pode ser bem mais vantajosa e útil para seu crescimento ao longo do tempo.

*Renato Sobrinho é um especialista em Growth, Marketing e Vendas.

71% das empresas não atingiram metas de marketing em 2024, aponta estudo da RD Station

Imagem gerada pela IA do Canva

O Panorama de Marketing e Vendas 2025 revela desafios e oportunidades para o setor, destacando o uso crescente de Inteligência Artificial e WhatsApp como ferramentas estratégicas.

A maioria das empresas brasileiras enfrenta dificuldades para atingir suas metas de marketing: 71% não alcançaram os objetivos estabelecidos em 2024, segundo o Panorama de Marketing e Vendas 2025, lançado pela RD Station, unidade de negócio da TOTVS. O estudo destaca que, embora o setor tenha avançado em algumas áreas, como o uso de Inteligência Artificial (IA), ainda há desafios significativos a serem superados, incluindo automação de processos, definição clara de metas e integração de ferramentas. Para o levantamento, foram ouvidos mais de 3.800 profissionais de empresas de diferentes portes e segmentos de todas as regiões do país, além de bilhões de dados das ferramentas RD Station.

Entre os principais objetivos dos times de marketing para 2025 estão gerar mais demanda de vendas (34%), aumentar o reconhecimento da marca (27%) e inovar nas estratégias digitais (14%). Apesar dessas ambições, 33% das empresas ainda trabalham sem metas definidas, o que reforça a necessidade de maior planejamento estratégico e alinhamento interno.

A adoção de IA continua em expansão no Brasil, com 58% das empresas já utilizando a tecnologia em suas operações. No marketing, 70% dos profissionais utilizam IA para atividades como criação de conteúdo, personalização de campanhas e planejamento estratégico. Já nas vendas, a tecnologia é aplicada na elaboração de pitches, análise de dados e otimização da produtividade. Entre os benefícios relatados pelas empresas que adotaram IA estão maior facilidade na criação de conteúdo (72%) e aumento de produtividade (71%).

O WhatsApp também se consolidou como uma ferramenta essencial, sendo utilizado por 72% das empresas para atendimento comercial, nutrição de leads e captação via anúncios pagos. O canal foi apontado como o mais eficaz no contato inicial com leads, superando telefone e e-mail. Contudo, desafios como esforço manual e dificuldade para mensurar resultados ainda precisam ser enfrentados.

Outro ponto crítico abordado no estudo é a integração entre os times de Marketing e Vendas. Apenas 18% das empresas consideram essa conexão satisfatória, embora tenha havido avanços em relação ao ano anterior. Além disso, 57% das empresas não possuem um SLA (Acordo de Nível de Serviço) definido entre as equipes, enquanto 69% dos times de marketing acompanham os resultados de vendas. Investir em processos integrados e ferramentas compartilhadas, como CRMs, tem se mostrado uma estratégia eficaz para melhorar a conversão de leads e atingir metas.

Desafios, oportunidades e tendências emergentes para 2025

Entre as tendências emergentes para o próximo ano, o relatório aponta a valorização de conteúdos mais pessoais e autênticos (52%), a transformação das redes sociais para promover maior conexão com o público (41%), o relacionamento humanizado via bots e automação (39%) e a comoditização da Inteligência Artificial (33%). Estratégias omnichannel e a hipersegmentação prometem redefinir a forma como marcas interagem com seus públicos, enquanto o live commerce e a criação de comunidades ganham força como novas formas de engajamento e inovação no setor.

“Os dados do Panorama de Marketing e Vendas 2025 mostram que o mercado está em um momento decisivo. As empresas precisam ir além das ferramentas e adotar uma abordagem mais estratégica, integrando tecnologia, processos e equipes para alcançar resultados consistentes. A Inteligência Artificial e o WhatsApp são exemplos claros de como a inovação pode ser usada para gerar impacto real, mas isso só será possível com planejamento, alinhamento interno e foco no cliente. Nosso papel é ajudar as empresas a transformar esses desafios em oportunidades concretas de crescimento”, afirma Vicente Rezende, CMO da RD Station.

Confira aqui o Panorama de Marketing e Vendas 2025 completo.

Fonte: IDEAL Axicom