Marca x Consumidor: quem define as regras agora?

Por Renan Cardarello*

Nos últimos anos, foi possível ver um crescente aumento no poder de decisão de compra de diversos tipos de produtos pelos consumidores, mais seletivos em escolher marcas que representem o item ou commodity desejado. Diante desta nova autoridade do mercado, será que o poder das empresas nesta relação está caindo? Quem define as regras deste jogo agora? E, de que forma os empresários podem se preparar para tentar ter um pouco mais de autoridade sobre as vendas?

A relação de compra e venda vem sendo construída em nossa sociedade desde o antigo Egito. Em um artigo intitulado “A Short Story of Branding”, o autor destaca que o primeiro uso comercial das marcas foi como um sinal de propriedade. Ao colocar seu nome ou símbolo em um bem, como o gado, o proprietário podia marcar sua posse. Os antigos egípcios foram os primeiros a usar marcas como sinais de propriedade há pelo menos 5.000 anos. E foi daí, claro, que veio a palavra ‘brand’ (marca).

Em sua essência, as marcas, atualmente, servem para, literalmente, marcar um tipo de produto e declarar que aquilo pertence a uma entidade. Tal necessidade surgiu quando as civilizações começaram a prosperar e, nessa ideia, itens do dia a dia começaram a ter vários produtores, o que causou a necessidade de uma forma de diferenciar a origem de cada um.

Porém, no passado, as marcas não possuíam a força e mensagem que começaram a apresentar após a revolução industrial e o crescente número de concorrentes para commodities e produtos cotidianos. Foi necessário algo mais do que apenas um nome que poderia ser sinônimo de qualidade – afinal, os concorrentes poderiam obter os mesmos maquinários e utilizar os mesmos métodos de produção – seja através de uma história da empresa (storytelling), seus pontos de vista, atividades solidárias ou outras estratégias.

O que era uma atividade única tornou-se um processo contínuo. Hoje, é possível ver que a maioria das empresas busca atingir um público que, por sinal, pode até se tratar de um mesmo nicho para várias delas, contudo, suas estratégias, valores, histórias, formas de atribuir um valor agregado aos seus produtos são diferentes e, portanto, suas abordagens também são.

Atualmente, no entanto, existem tantas marcas para específicos nichos de mercado que os clientes podem escolher dentre dez, vinte, trinta concorrentes, apenas considerando pontos diferenciais que cada um acha importantes. Basicamente, o consumidor faz uma avaliação comparando vários pontos e analisando se eles conversam com seus ideais.

Isso vem fazendo, como exemplo, com que várias empresas começassem a se importar mais com causas sociais, valores, responsabilidade social, inovação, personalização, conveniência e agilidade, pós-venda e preço justo, entrando no campo de batalha para tentar se diferenciar de seus concorrentes e atrair os possíveis consumidores com a intenção de fidelizá-los.

Desde o início da utilização das marcas e da criação do branding, o poder, ou autoridade do consumidor, somente foi crescendo ao longo das evoluções tecnológicas, ganhando cada vez mais autoridade para selecionar os produtos desejados e, hoje, possuem, mais do que nunca, o poder de escolha.

Diante desse panorama, percebe-se que a autoridade no processo de compra migrou consideravelmente das marcas para os consumidores, que agora desempenham um papel ativo e criterioso na seleção do que consomem. Se antes bastava um nome reconhecido para garantir a venda, hoje é preciso ir além: compreender os desejos e os valores do público, estabelecer conexões autênticas e construir uma presença que dialogue diretamente com suas expectativas.

Assim, a autoridade das marcas não desapareceu, mas foi redistribuída. Agora, ela precisa ser constantemente conquistada, sustentada e renovada através de estratégias que valorizem não apenas o produto, mas também a experiência, a identificação e o propósito compartilhado com o consumidor.

*Renan Cardarello é CEO da iOBEE – Agência de Marketing Digital e Tecnologia.

Coluna “Discutindo a relação…”

Como a propaganda influencia nossas vidas?

Por Josué Brazil

Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay

A propaganda exerce uma influência profunda na vida das pessoas ao atuar não apenas como uma ferramenta para promover produtos e serviços, mas também como um espelho e formadora de comportamentos, valores e tendências culturais. Ela se infiltra no cotidiano através de diversas mídias — televisão, redes sociais, internet, revistas, outdoors — e cria uma ponte, uma conexão entre os desejos e aspirações do consumidor e as soluções oferecidas pelo mercado.

Presente em nossas vidas

No contexto cultural, a propaganda se adapta e se inspira nos costumes, na linguagem e nos ícones de uma sociedade, criando um diálogo que visa conquistar a atenção e a identificação do público. Em países com grande diversidade cultural, como o Brasil, a publicidade busca abraçar as diferenças regionais e valorizar elementos locais, tornando-se, muitas vezes, um reflexo da diversidade nacional. Ela pode, por exemplo, explorar o sotaque de diferentes regiões, como tradições festivas, a culinária típica e outras expressões culturais para estabelecer uma conexão com o consumidor e torná-lo mais receptivo à mensagem.

Além disso, a propaganda responde e, ao mesmo tempo, molda o contexto social e econômico. Em períodos de crise, por exemplo, as mensagens tendem a valorizar temas como economia, solidariedade e resiliência. Já em épocas de prosperidade, há uma tendência de se exaltar o consumo e o prazer associado a ele. A publicidade também exerce o papel de contribuição para causas sociais, como sustentabilidade e inclusão, sensibilizando o público para essas questões e, muitas vezes, incentivando mudanças de comportamento em prol de um bem comum.

Por outro lado, ao se adaptar ao contexto social e cultural de cada país, a propaganda contribui para a valorização de identidades locais e para a preservação da cultura. Publicidades que exaltam a riqueza cultural e as tradições de uma nação ajudam a reafirmar o orgulho local, enquanto campanhas de empresas globais são adaptadas para o público de cada país estrangeiro para um diálogo intercultural, permitindo que valores e tradições sejam vistos e apreciados no mundo todo.

No entanto, essa influência não é neutra. A propaganda também pode promover estereótipos ou pressão sobre o público para atingir padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade. Dessa forma, sua presença contínua e envolvente faz com que as pessoas sejam constantemente expostas a ideais e valores que moldam suas aspirações, decisões e até mesmo sua percepção de si mesmas.

Assim, a propaganda é uma força que transcende a simples venda de produtos, exercendo papel fundamental na construção da cultura e no reflexo do contexto social de cada país. Ela interpreta o espírito do tempo e adapta suas mensagens, revelando uma interação complexa entre mercado e sociedade.

Introdução de novos hábitos

Além de moldar comportamentos e fortalecer padrões, a propaganda tem o poder de introduzir novos hábitos e criar exigências que antes não existiam. Ela faz isso ao despertar necessidades no público, associando produtos a emoções e desejos como felicidade, prestígio, segurança ou inovação. No entanto, essa influência vai além do consumo material: a propaganda também reforça ideais de vida, como a busca pela juventude eterna, o sucesso profissional e a liberdade social. Dessa forma, ela não apenas vende produtos, mas também propaga valores que podem influenciar as escolhas, aspirações e o estilo de vida das pessoas.

Reflexo da sociedade

A propaganda, portanto, não é apenas uma ferramenta de marketing, mas também um reflexo da sociedade. Ela acompanha as mudanças culturais e sociais e, ao mesmo tempo, influencia essas transformações. Em resumo, a propaganda tem um papel significativo na vida das pessoas e na sociedade, pois está diretamente ligada ao contexto cultural e econômico de cada época e local, estimulada como um espelho que reflete e molda os valores, comportamentos e as aspirações de uma sociedade.

Marketing Human to Human: como ele fortalece a conexão com os clientes?

Por Renan Cardarello*

E se, ao invés de focar na venda de seus produtos ou serviços, sua empresa priorizasse as relações humanas como centro de suas estratégias? Essa é a proposta do marketing human to human (H2H), uma abordagem que contribui para a construção de conexões genuínas e duradouras entre as partes. Por mais que o conceito já esteja presente no mercado há anos, foi apenas em 2024 que começou, de fato, a ganhar espaço no mundo corporativo, o qual merece maior atenção considerando os benefícios que pode trazer para o fortalecimento da marca em seu segmento.

Imagem de Gordon Johnson por Pixabay

Este conceito vem recebendo destaque diante da conscientização sobre a importância de se criar experiências individualizadas e memoráveis aos clientes, se comunicando com eles de forma mais transparente, autêntica e humana, criando, com isso, relações de maior confiança que os retenham à marca e, ainda contribuam para sua recomendação orgânica.

Não à toa, há alguns anos, pudemos notar uma maior preocupação das empresas em mudar seu tom de voz e posicionamento no mercado, diante de tamanhas mudanças referentes ao comportamento do consumidor e suas exigências – as quais, em sua maioria, se destinavam a aproximar sua relação com o público-alvo. Então, o que temos aqui não é algo inovador, mas um aprofundamento nas questões que têm relação com esse tipo de estratégia.

Esse cuidado pode ser claramente visto em empresas dos mais diversos portes e segmentos, mesmo aquelas “mais famosas” e referências no mercado, como ocorre nos empreendimentos de luxo, como exemplo. Algumas das ações que mais costumam ser adotadas por esses negócios, nesse sentido, são vinculadas a causas sociais, criação do senso de comunidade e uma abordagem mais ética e ligada ao mundo de hoje. Afinal, segundo um relatório especial do Edelman Trust Barometer, 70% da geração Z se diz estar envolvida em causas sociais e políticas, tidos como alguns dos fatores que pesam nesse público ao considerarem os produtos que compram e usam, optando por escolher marcas ecológicas que se posicionam sobre essas questões sociais.

Em outro exemplo prático, o H2H beneficia, significativamente, o setor de infoprodutos e cursos digitais, os quais sofreram um boom gigantesco durante e após a pandemia. Isso porque, com o crescimento dessa esfera, uma movimentação que também a acompanhou foi o marketing de autoridade. Nesse sentido, cursos de gestão de tráfego pago, por exemplo, deixaram de ter o foco no campo de estudo em si e começaram a ser vendidos, principalmente, com ênfase em seus criadores, que acabaram por se tornar grandes influencers no atual mercado do marketing digital. E o que é possível notar na maior parte desses criadores? O foco em um tom de voz humanizado e próximo dos “clientes”. Além, é claro, da copy feita de modo a colocar seus instrutores em um pedestal.

Por mais que, a um primeiro momento, essa nomenclatura possa sugerir algo extremamente recente no mercado e pouco difundido no mundo do marketing digital, na realidade, já estamos em contato com o H2H há muito mais tempo do que imaginamos. Cada vez mais, a partir de agora, veremos esse tipo de comunicação se tornando algo essencial para todo tipo de marca que nasce e busca um contato com novas gerações em seus relatórios de faturamento mensais, e ficar de fora dessa tendência, certamente, será fatal para a prosperidade do seu negócio.

*Renan Cardarello é CEO da iOBEE, Assessoria de Marketing Digital e Tecnologia.

APP Ribeirão abre inscrições para o FestDigital 2023

A premiação é uma das mais importantes da área digital do mercado publicitário do interior e é voltada para agências, profissionais e estudantes de comunicação

O FestDigital tem como objetivo a valorização da indústria da publicidade no segmentos de áudio e online – Crédito: Divulgação

As inscrições para o FestDigital 2023 — Online e Áudio, premiação mais importante da área digital do mercado publicitário do interior e organizado pela APP Ribeirão (Associação dos Profissionais de Propaganda de Ribeirão Preto), já estão abertas. No site festdigital.com.br estão disponíveis informações sobre o calendário, regulamento e as inscrições, que podem ser feitas até o dia 14/07. A premiação ocorrerá no dia 22 de agosto às 20h, no CCRP, em Ribeirão Preto (SP).

Com o slogan “Os fodón para a história entrarón”, o FestDigital deste ano conta com as categorias: Jingles, Spots, Órgãos Públicos, Causas Sociais, Campanha exclusivamente para rádio e Universitário que englobam as categorias em áudio.

As categorias que compõem o conteúdo online abrangem sites institucionais, hotsites e landing pages, e-mail marketing, postagens em redes sociais, Video online 1 (conteúdo de marca), Vídeo online 2 (promocional/vendas), Vídeo online 3 (vídeos em mp4, na vertical para Stories, Reels e TikTok), campanha exclusivamente para o online, órgãos públicos, causas sociais e prêmio universitário.

Realizado há 22 anos pela APP, o festival é destinado para agências de publicidade, anunciantes, produtoras de áudio, produtores de mídia digital e estudantes de comunicação estabelecidos no interior do país.

O julgamento dos trabalhos inscritos será no mês de julho, com júri composto por profissionais de comunicação reconhecidos no mercado nacional, regional e internacional.

Fonte: Agência ERA® – Mariana Cruz