Regeneração como caminho para o futuro do OOH

Halisson Tadeu Pontarolla, presidente da Central de Outdoor – Crédito: Divulgação

Por Halisson Tadeu Pontarola, presidente da Central de Outdoor

Nos últimos tempos, tenho refletido com mais profundidade sobre o papel da mídia OOH nas cidades. Falamos muito sobre presença, inovação, dados, criatividade, e com razão. Mas será que isso, por si só, ainda é suficiente diante dos desafios que nos cercam? E se a nossa atuação pudesse ir além da entrega publicitária e começasse também a regenerar os espaços por onde passamos? Foi a partir dessa inquietação que o conceito de mídia regenerativa deixou de parecer algo distante e passou a fazer sentido de forma real, prática, possível. Um convite para que o OOH contribua não apenas com mensagens, mas com valor real para o ambiente urbano e para as pessoas.

A diferença entre sustentabilidade e regeneração é sutil, mas significativa. Enquanto a sustentabilidade tenta reduzir o impacto negativo, a regeneração busca deixar um impacto positivo. Ou seja, não se trata apenas de compensar ou neutralizar, trata-se de restaurar, reconectar e cuidar. No contexto da mídia exterior, isso significa ocupar os espaços urbanos com responsabilidade e propósito.

Cada vez mais se fala sobre como a mídia pode contribuir para a restauração dos ambientes urbanos. Termos como “vazios urbanos”, terrenos sem uso, muros abandonados, estruturas esquecidas, passaram a fazer parte do nosso vocabulário. E a provocação é bem vinda: por que não usar a mídia para regenerar esses espaços? Um exemplo vem da Cidade do México, com o projeto Via Verde, onde mais de mil colunas de uma via expressa foram transformadas em 60 mil metros quadrados de jardins verticais. O projeto reduz ilhas de calor, filtra poluentes e melhora o microclima local. E o mais interessante: tudo isso é financiado por publicidade. Parte das colunas recebe anúncios, e essa receita garante a manutenção dos jardins. Isso é a mídia OOH assumindo seu papel como agente de transformação urbana.

Se olharmos para o Brasil, o potencial é enorme. Nossa mídia exterior cobre o país de ponta a ponta. De acordo com o estudo realizado pela Tendências Consultoria em 2024, o setor movimenta R$5,5 bilhões ao ano, sendo R$3 bilhões apenas em receita publicitária. Cerca de 89% da população brasileira é impactada pela mídia OOH no seu cotidiano e esses números não são apenas indicadores de sucesso. São também indicadores de responsabilidade. Se conseguimos chegar a tantas pessoas, todos os dias, precisamos nos perguntar: o que mais podemos entregar, além da mensagem?

A resposta, acredito, está na mídia regenerativa. Ela propõe que a comunicação vá além da estética ou da performance, que ela gere valor real, palpável para os lugares onde acontece. Isso pode acontecer de várias maneiras, como revitalizar um espaço público, apoiar projetos culturais comunitários, criar experiências urbanas sustentáveis, envolver artistas locais e promover ações de educação ambiental. Tudo isso é regeneração e tudo isso está ao nosso alcance.

Mas regenerar também exige coerência. É preciso estar comprometido com ela de verdade, desde os bastidores da campanha até o impacto deixado. Regenerar é um verbo forte, e justamente por isso não deve ser usado em vão. Na prática, significa alinhar propósito com entrega. É olhar para um painel e perguntar que tipo de marca deixamos aqui, além da publicidade?

Na Central de Outdoor, temos fortalecido esse olhar entre os associados. O associativismo é o nosso motor e também pode ser o nosso solo regenerativo. O OOH tem uma qualidade rara no ecossistema da comunicação: ele fala com todos, no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Ele promove o encontro e gera pertencimento. E talvez por isso mesmo, ele seja uma das mídias mais aptas a regenerar, porque já está na rua, nas praças e já faz parte da paisagem.

Acreditamos que a cidade não precisa escolher entre publicidade e paisagem urbana. Nunca fomos rivais — ao contrário, somos aliados do desenvolvimento urbano. O que buscamos implantar é um modelo de ordenamento urbano inteligente, que valorize a paisagem, respeite o patrimônio, envolva a população e, de forma harmoniosa, utilize a mídia regenerativa — trata-se de usar ativos publicitários como plataformas de transformação urbana — como um agente de impacto social. Acreditamos que o futuro das cidades e da publicidade OOH está na curadoria estética e funcional dos espaços urbanos, e não na sua exclusão.

Hoje, não tenho dúvidas de que esse é um dos caminhos mais promissores para o nosso setor. A criatividade continuará sendo essencial, claro. A inovação, também. Mas o diferencial de verdade será o impacto positivo que deixamos, vamos seguir valorizando a ideia, mas, acima de tudo, vamos valorizar o que essa ideia pode transformar.

Coluna Propaganda&Arte

Carros elétricos: a realidade que slogan nenhum vai mostrar

Por R. Guerra Cruz

As propagandas de carros elétricos nos encantam com imagens de paisagens exuberantes, tecnologia de ponta e um estilo de vida moderno e sustentável. Mas, como em qualquer grande transformação, há nuances e desafios que merecem ser examinados com cuidado.

Impacto Ambiental: Nem tudo que reluz é “verde”

A produção de baterias, a alma dos carros elétricos, pode ter um lado obscuro. A extração de minerais raros e o consumo de energia em larga escala geram preocupações ambientais.

Além disso, o descarte inadequado de baterias usadas é um problema real, com potencial para contaminar o solo e as águas. No entanto, há esperança: a indústria está trabalhando para tornar a produção de baterias mais sustentável, utilizando materiais reciclados e fontes de energia renovável.

A longo prazo, os carros elétricos contribuem para a redução da emissão de gases poluentes, combatendo a mudança climática e melhorando a qualidade do ar.

Acessibilidade: Um obstáculo a ser superado.

O preço dos carros elétricos ainda é um impeditivo para a maioria dos consumidores, assim como a infraestrutura de recarga, ainda precária em muitas regiões, limita a viabilidade da adoção em massa.

No entanto, as coisas estão mudando: os custos estão diminuindo com o avanço da tecnologia e a produção em escala, enquanto incentivos fiscais e a expansão da infraestrutura de recarga, impulsionados por investimentos públicos e privados, estão tornando os carros elétricos mais acessíveis.

Impacto Social: Uma transição que “vai dar trabalho”

A migração para carros elétricos pode levar à perda de empregos na indústria automobilística tradicional, especialmente na área de motores a combustão, e a mineração de minerais raros para baterias levanta preocupações com condições de trabalho precárias e violações de direitos humanos.

No entanto, podemos construir um futuro melhor: a indústria de carros elétricos está criando novas oportunidades de trabalho em áreas como pesquisa, desenvolvimento e instalação de infraestrutura de recarga. Além disso, há um movimento crescente para garantir práticas de mineração éticas e sustentáveis, com foco em condições de trabalho justas e respeito aos direitos humanos.

O que as propagandas e slogans estão dizendo?

Chevrolet: “Bolt EV: O futuro é elétrico.”
● O slogan da Chevrolet reflete a visão otimista da marca em relação ao futuro da mobilidade elétrica, enfatizando a inovação e a modernidade.

Kia: “Niro EV: O crossover elétrico para todos.”
● A Kia destaca a acessibilidade de seu modelo elétrico, transmitindo a mensagem de que a tecnologia elétrica está ao alcance de todos os consumidores.

Volvo: “XC40 Recharge: O SUV elétrico que te leva mais longe.”
● A Volvo posiciona seu SUV elétrico como uma opção de alta performance e autonomia, enfatizando a capacidade do veículo em ir além das expectativas.

Promessas e desafios da indústria de carros

É fundamental ter uma visão crítica e abrangente, que considere os benefícios e as polêmicas que envolvem essa tecnologia. Cabe a governos, empresas e consumidores trabalharem juntos para construir um futuro sustentável, equitativo e acessível para todos, mas saiba que slogan nenhum vai falar sobre isso.