E-commerce & jogos mobile: uma estratégia de branding e monetização

Por *Sue Azari, Líder da Indústria de eCommerce, e Adam Smart, Diretor de Produto de Gaming na AppsFlyer

O setor de publicidade em jogos está em alta e tem chamado a atenção dos profissionais de marketing em todo o mundo, ainda mais considerando que a relação entre e-commerce e jogos mobile se tornou uma poderosa estratégia para que as marcas aumentem seu engajamento. Os dados mostram o impacto que esse tipo de iniciativa pode ter, uma vez que o mercado global de publicidade em jogos deve crescer US$6 bilhões entre 2024 e 2028, segundo dados da Technavio.

Young beautiful hispanic woman streamer playing video game using smartphone at gaming room

A seguir, vamos desvendar as estratégias que as marcas de e-commerce estão adotando para aproveitar os ambientes de jogos mobile e fortalecer seus esforços de branding, bem como as lucrativas oportunidades de monetização que essa tendência apresenta para os profissionais de marketing de games.

Mundos virtuais imersivos oferecem novas possibilidades para marcas

Há uma distinção crucial a ser feita entre publicidade in-app e publicidade in-game. Enquanto os anúncios in-app vistos em jogos mobile podem, muitas vezes, parecer desajeitados e desconectados do visual e da proposta do aplicativo, a publicidade in-game ocorre dentro do próprio ambiente do jogo. Em vez de uma interrupção intrusiva na jogabilidade após a conclusão de um nível ou tarefa, os anúncios in-game são encontrados pelo jogador enquanto ele joga, tornando-se parte da experiência geral.

Cada vez mais marcas estão capitalizando a natureza imersiva dos games mobile, integrando seus produtos na experiência de jogo por meio de publicidade in-game contínua, lojas virtuais pop-up e experiências de compra, patrocínios estratégicos e colaborações com desenvolvedores.

No centro desse fenômeno, estão soluções como a Roblox, plataforma de criação de jogos MMO e sandbox. O uso de conteúdo gerado por usuários (UGC) no mundo dos jogos mobile pelo Roblox fornece um ponto de partida para as marcas que desejam se conectar com seu público em um jogo.

Algumas marcas, como o Walmart, lançaram seus próprios jogos de grande sucesso dentro do Roblox, com o Walmart Discovered entre os 10 jogos de marca mais jogados na plataforma. Mais recentemente, a marca de luxo Hugo Boss construiu seu próprio mundo virtual personalizado para o Roblox, seguindo os passos de outras marcas como a Gucci. E esses são apenas alguns exemplos.

Como as marcas de e-commerce estão desbloqueando o potencial dos jogos mobile

Os jogadores de mobile são altamente engajados com as plataformas que utilizam, enquanto os mundos virtuais oferecem capacidades para exibir produtos em sua melhor forma. Temos como exemplo de sucesso a colaboração da ASOS com The Sims, em que os jogadores podem vestir seus Sims com a linha de roupas da marca. Nike e Epic Games realizaram uma colaboração semelhante dentro do Fortnite, onde os jogadores podiam estilizar seus personagens com roupas da marca Air Max.

À medida que a indústria de jogos se expande, a indústria de e-commerce continua inovando para capturar esse público. Essa abordagem apresenta um cenário de ganho mútuo: os profissionais de marketing de jogos ganham acesso a novas possibilidades de monetização, enquanto os profissionais de marketing de e-commerce podem explorar públicos anteriormente desconhecidos e elevar a presença de suas marcas em um ambiente muito envolvente. Embora os esforços atuais nos ambientes de jogos se concentrem principalmente em iniciativas de branding, no futuro esperamos ver a integração de mecanismos de compra direta dentro dos jogos.

O que o futuro reserva

As marcas que procuram capitalizar com essa dinâmica entre e-commerce e jogos mobile, para obter uma vantagem em um cenário digital cada vez mais competitivo, devem estar preparadas para inovar e experimentar para ver o que funciona melhor. Iniciativas simples de branding são um bom ponto de partida, mas os profissionais de marketing devem pensar melhor em como podem colocar seus produtos – e não apenas seus logotipos – na frente dos jogadores.

Encontrar os ambientes certos para exibir produtos de forma eficaz dependerá do perfil individual da marca. Se conseguirem encontrar um mecanismo eficaz para possibilitar compras, a publicidade in-game os levará alguns passos mais perto da conversão. O próximo passo, no entanto, será garantir que possam medir efetivamente os impactos e resultados de suas estratégias in-game, para poderem provar o ROI.

Do ponto de vista dos desenvolvedores de jogos, é importante pensar em como seus ambientes podem suportar publicidade por meio de experiências in-game imersivas, enquanto fornecem aos parceiros de marca os insights de dados de que precisam para otimizar essas experiências.

Podemos esperar muita inovação nesse mercado nos próximos meses, à medida que os profissionais de marketing de ambos os lados dessa balança buscam redefinir as possibilidades da publicidade in-game.

* Adam Smart é Diretor de Produto para Jogos na AppsFlyer, onde se concentra em impulsionar o crescimento do setor por meio do desenvolvimento de produtos, estratégias de entrada no mercado e desenvolvimento de negócios.

* Sue Azari é líder de e-commerce para EMEA e LATAM na AppsFlyer, onde utiliza seu profundo conhecimento do setor para aconselhar empresas sobre suas estratégias de marketing móvel. Ela possui mais de 10 anos de experiência em escalar aplicativos de varejo.

Em um período de isolamento social, jogos casuais mobile registram crescimento em popularidade

Novo relatório da Liftoff registra o comportamento e consumo dos jogadores casuais em smartphone e quais as tendências para o ano de 2021

A crise causada pela pandemia do coronavírus afetou diversos segmentos da economia mundial, porém os jogos eletrônicos não seguiram essa tendência e mostraram um crescimento durante o período. A indústria se beneficiou com a chegada de jogadores em busca de novos passatempos durante o período de isolamento.

Os jogos mobile, que já representavam uma grande parcela de tempo de uso, também apresentaram gastos por parte dos jogadores 2,8 vezes maiores que os jogos para PC e 3,1 vezes superiores aos jogos de console. Com esse panorama interessante dentro do mercado de entretenimento, a Liftoff monitorou mais de 400 apps e 246 milhões de instalações de jogos casuais no último ano, com tendências para os profissionais de marketing aproveitarem melhor a onda mobile que veio para ficar.

Custo por Instalação (CPI): Público alvo de jogadores casuais é grande, mas a enorme concorrência pode dificultar o trabalho dos profissionais de marketing

O relatório da Liftoff mostra que está mais caro atrair a atenção dos usuários – o CPI teve aumento de 45,2% em comparação ao ano passado. Existem três fatores principais que causaram o aumento nos CPIs: o aumento na concorrência de estúdios e criadores de jogos entrando no segmento, usuários que se mostram mais distraídos, tornando-se um desafio prender a atenção deles e o aumento dos testes e gastos dos profissionais de marketing para o cenário pós-IDFA.

O ROAS (Retorno Sobre o Investimento Publicitário) do sétimo dia caiu 1,8% em comparação a 2019, enquanto o do trigésimo dia despencou 7,5%, o que significa que a aquisição dos usuários está custando mais e as recompensas estão diminuindo.

Gêneros de Jogos Casuais

O Relatório distribuiu os jogos em 3 gêneros diferentes: Estilo de Vida, Quebra-Cabeças e Simulação.

Os jogos de Estilo de Vida (histórias interativas, personalização de casas, moda, etc) normalmente são orientados por uma narrativa que mantêm o interesse do usuário por mais tempo, mas que exigem um esforço maior dos profissionais de marketing, afinal, com um CPI de US$2,57, o gênero fica no topo dos mais caros, ao mesmo tempo que proporciona a maior permanência. Investir em jogos de Estilo de Vida se mostra uma boa aposta, já que o retorno por publicidade (ROAS) também é o maior entre os gêneros (22,5%), 13% a mais do que o último colocado Quebra-Cabeças.

Quebra-Cabeças possuem jogabilidades simples e mecânicas fáceis, favorecendo a sua conversão. O crescimento de uma subcategoria de “combinar 3” presente em jogos como Candy Crush, por exemplo, é uma tendência que os profissionais de marketing devem investir, até mesmo em recursos de narrativa para garantir a permanência do público alvo.

O gênero de Simulação demonstra os custos mais baixos de CPI e, com uma jogabilidade cativante, gera um bom desempenho e possui um ROAS de 14,9%, mostrando ser uma aposta mais segura entre os gêneros analisados.

Tipos de Anúncio

O relatório também analisou o desempenho dos tipos de anúncios usados em jogos casuais. Os anúncios Interativos mostraram popularidade, com um inesperado aumento de 113% no uso até o fim de 2020. Anúncios Premiados, em que os usuários são atraídos por bônus até os jogos, aumentaram 2 vezes a sua popularidade, com um pico em janeiro de 2021. Já os famosos Banners voltaram com força, alcançando um aumento de 128% em Janeiro de 2021, mostrando ser um formato eficaz desde que os profissionais acertem em um design criativo que gere conversão.

Guerra de Plataformas – Android vs iOS

A mudança no IDFA no sistema da Apple impactou diretamente nos dados coletados pelo relatório. Com os profissionais de marketing mais inseguros sobre o recurso, o Android passa a ser uma opção mais barata e possivelmente uma aposta mais segura.

Quando comparamos o CPI de ambas as plataformas a diferença geral é três vezes maior, com o CPI do Android custando US$1,15 contra US$4,30 do iOS. Entre os gêneros, a diferença de custo também se mostra sendo alta, com os jogos de Estilo de Vida sendo a exceção e tendo CPIs até próximos entre ambas as plataformas.

As mudanças ano a ano indicam que o marketing está migrando para o Android

Ano a ano, o Android registrou um aumento em seus gastos, fazendo os CPIs dispararem e aumentarem 120%. Os custos do iOS também subiram 47% em comparação ao ano anterior. Mesmo com o custo do iOS sendo mais elevado, o ritmo de crescimento é maior e mais rápido no Android, crescimento que pode indicar que a plataforma está atraindo mais profissionais de marketing por conta das mudanças relacionadas ao IDFA.

“Os profissionais precisam bolar ações que possam fisgar usuários dentro do novo contexto relacionado ao IDFA, como o oferecimento de descontos especiais ou conteúdo exclusivo para quem der um ‘opt-in’ (agora, voluntário). O setor de jogos casuais precisa se reorganizar para dançar conforme a nova música caso queira ter sucesso no iOS.” Comenta Antonio Affonseca. Porta-voz da Liftoff no Brasil

Para conferir o relatório completo e ter mais informações clique aqui.

Fonte: About – Felipe Proetsch