Mídia tradicional é confiável para 23% dos brasileiros, revela Ipsos

Pesquisa foi realizada no Brasil e em outros 28 países; Governo ficou na última posição

Dados da edição mais recente do “Monitor Global de Confiança”, feito pela Ipsos, revelam que as empresas de tecnologia e do setor farmacêutico são as que mais despertam confiança entre os brasileiros. Ao todo, nove setores da economia foram avaliados no Brasil e em outros 28 países. O Governo registrou o índice mais baixo.

As empresas de tecnologia (exceto as empresas de redes sociais, avaliadas separadamente) são consideradas confiáveis por 39% dos brasileiros entrevistados, índice acima da média global (34%). Os países que atingiram maior nível de confiança neste segmento são Malásia (56%), Índia (55%) e Arábia Saudita (51%). Já França (23%), Holanda (23%) e Grã-Bretanha (22%) registraram os menores.

Os demais segmentos avaliados foram: indústria farmacêutica, instituições bancárias, indústria automotiva, companhias de óleo e gás, empresas de redes sociais, serviços públicos, governo e mídia tradicional.

Indústria farmacêutica

Consideradas confiáveis por 38% dos brasileiros, as companhias que produzem medicamentos e ocupam a segunda colocação no ranking. O percentual está acima da média global (31%) e é o sexto maior entre os 29 países que integram a pesquisa. A Malásia registrou o maior índice (55%) e o Chile (12%), o menor.

Serviços bancários e indústria automotiva

Na terceira posição, empatadas, estão as instituições bancárias e a indústria automotiva, ambas tidas como confiáveis por 30% dos respondentes do Brasil, nível acima da média de todos os países que participam do levantamento – 28% para bancos e 27% para fabricantes de automóveis.

Os chineses são os que mais confiam nos bancos de seu país (63%), enquanto os espanhóis têm o menor nível de confiança nas instituições financeiras (13%). Já a indústria automotiva é considerada confiável por 50% das pessoas na Malásia e apenas 14% dos habitantes da Suécia, maior e menor índices para este segmento, respectivamente.

Mídia

O Brasil registrou o quinto maior índice de confiança na mídia tradicional entre as nações pesquisadas: 23% dos entrevistados no país confiam nos jornais impressos, revistas, emissoras de rádio, TV e portais de notícias. A Arábia Saudita atingiu o maior índice (37%) e a Grã-Bretanha, o menor (9%). A média global é de 19%.

Já as empresas de mídias digitais, que administram redes sociais na internet, além de aplicativos de trocas de mensagens, por exemplo, são consideradas confiáveis por apenas 19% dos brasileiros – índice um pouco acima da média global (17%). Juntas, Malásia e Índia lideram o ranking de confiança nestas empresas (33%). O menor percentual foi registrado entre os franceses entrevistados (8%).

Governo

Levando em conta os entrevistados de todos os países que participam do “Monitor Global de Confiança”, dois em cada dez (20%) afirmam que o Governo de seu país é confiável. O Brasil tem um dos cinco piores índices de confiança no governo entre os países pesquisados: apenas 14% dos brasileiros entrevistados confiam no seu governo. Os maiores níveis de confiança foram identificados na Alemanha (31%) e na Holanda (30%); já os mais baixos estão na Colômbia (8%) e no Peru (9%).

Outros setores

A Ipsos também mediu o nível de confiança em outros dois setores da economia: serviços públicos e companhias de óleo e gás. Para 24% dos brasileiros, os serviços públicos são confiáveis – abaixo do índice global (28%). A confiança nas companhias de óleo e gás no Brasil (21%) também está um pouco abaixo da média dos países que integram o levantamento (22%).

Sobre a pesquisa

Entre os dias 25 de junho e 9 de julho de 2021, a Ipsos entrevistou 21.503 adultos on-line, com idades entre 16 e 74 anos, de 29 países, sendo aproximadamente 1.000 no Brasil. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

Além do Brasil, integram a pesquisa: Argentina, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, China , Colômbia, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, Índia, Itália, Japão, Malásia, México, Holanda, Peru, Polônia, Romênia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia e Estados Unidos.

Coluna Branding: a alma da marca

Uma covardia com a comunicação

Havia prometido a mim mesmo que neste ano não publicaria nesta coluna textos muito politizados, já que com a chegada das eleições os ânimos estariam acirrados e meu objetivo neste espaço é falar de conteúdos que interfiram diretamente na vida de quem gosta de propaganda, gestão de marcas ou estudam comunicação.

Acontece que neste mês um “publieditorial” do governo federal, chamou minha atenção e, me deu oportunidade de falar do assunto. Algumas das principais revistas político-econômicas do país receberam uma sobrecapa com uma propaganda do governo federal com o tema: “a reforma da previdência”.

Trata-se de uma estratégia de marketing com objetivo de convencer a opinião pública reticente ao assunto, com o uso do informe publicitário, uma técnica polêmica quanto à sua forma ética e sua eficácia. Assim, mesmo não me poupando à abordagem crítica, tento ater meus comentários à linha de assunto que interessa ao leitor deste blog.

No branding um dos princípios para se ter uma boa gestão de marcas é saber convencer seu público-cliente de suas necessidade. Aquele que promove uma instituição precisa ter coerência entre aquilo que a marca se propõe a ser (identidade) e aquilo que a marca apresenta a sociedade (imagem), é exatamente sobre esse princípio o exercício de análise. Qual é a coerência desta ação do governo em toda cadeia comunicacional?

Não é novidade uma revista vender sua capa para a publicidade, a sobrecapa é só um item dentro do mix de produtos publicitário, e já foi utilizada por diversas marcas do setor privado. Pode ser boa para o anunciante se bem executado, mas, é muito comprometedora à imagem do veículo, já que, por coerência, este deveria se mostrar à sociedade o mais isento possível, fazendo de tudo para preservar a credibilidade de seu jornalismo sem que haja desconfiança de que sua posição opinativa ou esclarecedora tenha preço. E obviamente muito preço, sendo a mídia mais cara do segmento.

Sei que este princípio, da ‘isenção’, está cada dia mais obsoleto e até fora de moda quando se trata de jornalismo. Porém, não seria por situações como esta que temos crise também na credibilidade institucional dos nossos meios de comunicação e do jornalista? Não é verdade que cada dia mais os blogueiros sem formação e que nem sequer se dão ao trabalho de apurar o fato, concorrem diretamente com o profissional da área? Por que um cliente pagaria um jornalista profissional vendável, se um blogueiro se vende por muito menos e oferece a mesma exposição?

Não há mais a figura do opinador qualificado, do gestor da informação verdadeira, do investigador denunciador, isso está ficando de lado por aquele que paga mais!?Quando a propaganda compra a imagem do jornalismo, é como se uma irmã gêmea rica usasse e abusasse daquela outra fragilizada por ter princípios, roteiro digno das novelas mexicanas.

Mesmo sendo publicitário de origem, tenho me empenhado a mostrar que nós dá comunicação precisamos e deveríamos lutar por uma profissão mais ancorada em juramentos morais do que comerciais. Sem credibilidade nenhuma profissão sobrevive. Isso é a tal coerência do Branding.

Pergunto: esta situação é boa para a propaganda também, mostrando poder da profissão? Oferece aos clientes a possibilidade de se dar bem usando a credibilidade institucional do jornalismo?

Não acho que seja bem assim!

As sessões 5 e 6 do código de autorregulamentação da propaganda brasileira fala um pouco sobre a apresentação da verdade em uma propaganda travestida de jornalismo, embora traga itens práticos a serem cumpridos para que um “publieditorial” não seja considerado enganador, deixa claro que o limite entre uma imagem verdadeira e manipuladora é muito tênue e com isso em mente me pergunto.

Um publieditorial do governo estaria alinhado ao princípio do Artigo 5º deste mesmo código?

“Nenhum anúncio deve denegrir a atividade publicitária ou desmerecer a confiança do público nos serviços que a publicidade presta à economia como um todo e ao público em particular.”

Se deixarmos de lado a questão ética por um pouco de tempo, ainda assim podemos ver que até tecnicamente esta ação não é tão eficiente. Um único informe publicitário pode demonstrar o carácter manipulador de uma marca, e isso é bastante inconveniente ao branding, imagine então se ao chegar a uma banca ou supermercado você encontra lado a lado 4 revistas com a mesma capa falando da reforma da previdência. Seria como o famoso anúncio de TV diz: “Tá querendo me enganar…é?”

Ou seja, se o objetivo era credibilizar o fato, foi dado o resultado contrário. Demonstrando a ineficácia da propaganda e aumentando a aversão a mesma. Um ato contrário aos princípios da profissão, que ao meu ver, deveria ser revisto até mesmo pelo Conar.

Para terminar deixo então a minha crítica.

Esta comunicação do governo, que serviu para sujar a imagem das profissões e instituições do jornalismo e de publicidade, e que por pura incompetência técnica não trará nenhum efeito prático, serviu para que?

Para enriquecer o bolso dos envolvidos? Para ser coerente só com o tipo de atitude autoritária e que pensa que o povo brasileiro é ignorante e manipulável?

Precisamos exterminar com esse tipo de atitude no país, aquele que destrói nossa imagem de país sério. Não importa o lado político que defendemos, deveríamos estar unidos para que a história valorosa das nossas profissões não fosse jogada no lixo por esse tipo de prostituição.

A imagem das empresas nacionais está arranhada, dos poderes executivos, legislativos e judiciários também, nossa imprensa e propaganda são vendáveis por covardia e só será possível mudar algo nesse país se surgirem pessoas que realmente acreditem que a verba institucional não é mais importante do que a marca institucional.