Tendência x Modismo: Como entender o que faz sentido para a marca

Por Ana Fossati*

Pensando em gestão de marcas, temos diferentes conceitos e ferramentas consagrados à nossa disposição e, mesmo com tantas mudanças ocorrendo, muitos seguem valendo. Entretanto, inovações surgem todos os dias, por isso, manter-se antenado e em constante aprendizagem é essencial para saber como utilizá-las da melhor forma e, até mesmo, entender se faz sentido inseri-las na estratégia de comunicação de uma marca, sem perder a mão da cultura e do propósito que simbolizam seu valor.

Hoje, à frente da área de marketing da uma empresa líder de segmento de macarrão instantâneo, focamos os esforços e estratégias em dois grandes pilares: inovação e comunicação. Entendo que a comunicação tem que ir além de grandes campanhas: precisa estar no dia a dia do consumidor. É preciso desenvolver maneiras de se manter presente na rotina do público e nos momentos especiais. Dessa forma, estabelecemos, de fato, uma conexão entre marca e cliente.

Para manter uma empresa como líder de categoria e referência de marca, também é preciso valorizar o pilar da inovação. No nosso caso, por exemplo, uma das decisões foi inovar no produto e trazer algo inusitado, como um Lámen Doce, que se configurou como um grande desafio envolvendo estudos e pesquisas que pudessem justificar e atender os desejos do nosso consumidor em desenvolver uma opção inédita que mantivesse a cultura de facilidade, versatilidade e praticidade de preparo que permeiam os produtos da marca. São insights como esse que permitiram também criar um sabor totalmente exclusivo e desenvolvido para o Brasil como o item Feijoada, que integra a linha Cup Noodles.

Para isso, acompanhar de perto as tendências de mercado é uma importante peça no processo de inovação. No entanto, nem tudo que está em alta faz sentido para a marca. Na era da internet, das novidades diárias sobre inteligência artificial e do imediatismo, fica difícil diferenciar tendências de modismos e entender o que o consumidor quer, aquilo que realmente precisa ou se segue somente uma nova “onda” rápida de sucesso. Além disso, muitas dessas tendências são globais, mas exigem o olhar cuidadoso para o desenvolvimento local.

Não faz mais sentido termos simplesmente o produto na mesa do consumidor. É essencial criar e manter uma conexão verdadeira com nosso público. Mas precisamos estar presentes em todos os modismos que aparecem? Nem sempre.

Atuar com uma marca com tanta tradição de mercado requer muito cuidado com modismos. É preciso avaliar e entender como podemos inovar sem perder a essência e a personalidade que as tornam especiais e únicas para os seus consumidores. Por isso os questionamentos sobre “o que faz sentido para o seu consumidor?” e “o que faz sentido para a sua marca?” precisam permear todas as estratégias. É preciso priorizar as experiências e não apenas seguir uma tendência. É tudo uma questão de imersão, cultura, estudo e pesquisa.

*Ana Fossati é Gerente de Marketing da NISSIN FOODS DO BRASIL

Coluna Propaganda&Arte

Quando o nonsense faz sentido
Por R. Guerra Cruz

O Nonsense definitivamente não é um tema novo, o livro Alice nos País das Maravilhas de 1865 está aí para confirmar, porém estamos revivendo uma nova era de propagandas nonsense? Será que qualquer marca poderia se utilizar deste artifício?

Não queremos fazer sentido

Como o meio publicitário é cobrado por resultados, é normal uma ideia nonsense ser descartada em um primeiro momento, afinal, qual razão de mostrar imagens, vídeos e textos que não dizem nada ao público, certo? Errado. Nem sempre funciona assim. Prova disso são as propagandas nonsense que estão sendo vinculadas até hoje. Só para citar algumas das antigas às mais novas: Old Spice, Never say no to panda, Nissin Yakisoba UFO.

Como podemos ver grande parte destas campanhas são voltadas para o público jovem, que consome não só estas marcas, mas artistas que também se utilizam do nonsense para se comunicar. Então podemos arriscar dizer que para essa geração o nonsense já é o normal, como as famosas vinhetas da MTV.

Tudo por um sorriso

Depois de analisarmos algumas campanhas publicitárias que se utilizaram do nonsense percebemos que sua maioria traz o artifício do humor, ou seja, o ineditismo do nonsense é o palco perfeito para trazer um apelo mais engraçado para a peça publicitária, que com alguns pequenos ajustes, é possível se enquadar nos perfis mais tradicionais de propaganda.

Ah, e é importante deixar clara a diferença do nonsense como base artística e outro nonsense que é utilizado mundo a fora para aquelas propagandas que passaram do ponto, as famosas propagandas sem limites. Muitas vezes fazendo humor com algum tema delicado.

Menos sentido / Mais sentimento

De forma geral, a atmosfera nonsense das campanhas citadas geram reações de espanto, animação, humor e sensações diversas, em alguns casos até estranhas, mas no final das contas, acredita-se que, antes de fazer sentido, a propaganda precisa ser sentida e, nesse quesito, o nonsense cumpre bem o seu papel, pois tem maior liberdade de cores, formas, imagens etc.

Agora resta saber se todas as agências e clientes estão preparados para rodar uma propaganda como essa e coletar os dados para saber se valeu a pena!

Coluna {De dentro pra fora}

O que você comunica nem sempre é o que você queria comunicar

O que é sentido para você? Como você produz sentido nas suas comunicações?
Será que o que consideramos “sentido” é de fato a realidade? Quando pensamos na Teoria da Comunicação, ele está muito relacionado ao código. A gente sabe que existem ruídos, que existe o canal, etc. e tal. Mas o sentido mesmo está no código, certo? Então, a gente escolhe as palavras coerentes ao nosso público, tenta criar uma narrativa agradável e simples. E mesmo assim, muitas vezes, não funciona. O que estamos fazendo de errado?

Veja bem, a Análise de Discurso (escola francesa) desconstrói essa ideia de “sentido”. Ela defende que o que criamos é uma NOÇÃO DE SENTIDO, não o sentido em si. E para essa noção chegar o mais próximo possível ao que desejamos, precisamos de interação. Vai muito além do código que usamos, das palavras que escolhemos, do meio. É a nossa forma de nos conectar ao nosso público. Como deixamos os assuntos mais atrativos? Como fortalecemos a relação? Como ouvimos? O que nossos comportamentos comunicam? (Pense nisso tudo como empresa).

Enquanto a gente achar que apenas jogar uma informação na campanha, no jornal ou na revista já será suficiente, continuaremos errando. Precisamos pensar em comunicação como gestão, como relacionamento, como diálogo, como construção. Nunca emitiremos uma mensagem se o nosso público não estiver afim de ouvi-la. Vamos começar de novo?