As armas estão de volta e a cobra vai fumar
Não é de hoje que conceitos militares permeiam o mundo da comunicação. Termos como “below the line – atrás das linhas” e “target – público alvo”, demonstram bem que guerra inspira a propaganda e se relaciona com ela há muito tempo.
Hoje, um novo tipo de guerra e de comunicação se faz presente, trazendo de volta as velhas armas, como o uso da mentira, colocando a comunicação no centro da discussão novamente.
O termo “Firehose of falsehood – Mangueira das falsidades” aparece pela primeira vez em um artigo de Christopher Paul and Miriam Matthews e descreve um método novo de “propaganda” baseado no estudo das técnicas da influência digital dos russos, usado no caso da Crimeia. Essa técnica nada mais são que as chamadas “fake news”, mentiras replicadas em frequências e velocidades ampliadas, em grande potência de disparo como se fosse uma mangueira de bombeiro. Foi usada para desconstruir uma imagem consolidada e com bases culturais sólidas, distorcendo a realidade e o conhecimento cristalizado através da incursão da dúvida.
Essa técnica já está amplamente dominada, e não é mais uma “novidade” no mundo da propaganda, com uso comum nas mais diversas comunicações governamentais do mundo a fora.
O problema é que sabemos que testes de origem militares sempre vazam e acabam virando produtos de mercado, seja um simples travesseiro com gel da NASA, ou o surgimento da grande rede de comunicações que mudou a vida de todos, isso sempre vem parar no mercado comercial. É aí que a “cobra fuma!”.
As marcas podem sofrer muito com o exemplo da guerra híbrida e o uso do fake news para desconstruir imagens consolidadas. Este é o veneno que mata o branding e pode gerar perdas irreparáveis no mundo onde a marca é considerada o principal ativo de uma empresa.
O pior é que, este veneno está nas mãos dos publicitários e de sua big data, e novamente seremos nós, os comunicadores, que decidiremos como usar esta “tecnologia”. Seremos nós os que ganharão este dinheiro, mas também assumiremos este carma. Seremos nós quem teremos o direito moral de escolher se o uso disso melhorará ou piorará a vida das pessoas e a reputação da nossa profissão.
Estamos preparados? Aprendemos com a crise que abalou a imagem dos profissionais de propaganda? Teremos capacidade moral de escolher o certo?
Por enquanto são só perguntas, mas em breve as armas estarão de volta e ai teremos nossa resposta. Que Deus ajude a nossa grande nação!