A criação de uma associação de agências

Buscando uma união de mercado

Fernando Griskonis é sócio da Molotov. Divide a liderança da empresa com Eduardo e Fabiano, seus sócios. E recentemente está a frente de uma iniciativa que visa a criação de uma associação de agências de comunicação do Vale do Paraíba.

E é para falar sobre este assunto que o Publicitando o entrevistou. Leia na sequência o que ele nos tem a dizer.

1 – Você consegue enumerar os principais motivos que lhe levaram a pensar na criação de uma associação de agências para o Vale do Paraíba?

A nossa região está em pleno desenvolvimento, com momentos mais propícios e outros nem tanto (isso varia em cada setor). Mas o que temos que olhar é que uma agência é sempre uma impulsionadora para negócios e melhorias dentro de qualquer empresa. É assim que o nosso mercado vê/reconhece o trabalho das agências? O mercado sabe diferenciar as agências?

Fernando lidera movimento que visa criar uma associação de agências no Vale do Paraíba

Fernando lidera movimento que visa criar uma associação de agências no Vale do Paraíba

2 – Em que fase está o processo? Você conta com bastante apoio?
Estamos em fase final, necessitando de alguns ajustes na minuta de formação. Estou tendo o apoio dos empresários mais experientes do nosso mercado, para somar a experiência deles com a minha disposição e foco nesse momento. Algumas pessoas foram convidadas mas não quiseram se envolver. Talvez seja necessário envolver novas agências no processo.

3 – Quais pontos de atuação terá a associação? Que tópico lhe parece mais urgente?
A Associação seguirá diretrizes para o desenvolvimento do nosso mercado e profissionalização de agências e anunciantes. Tudo é urgente, por isso já existe uma plataforma de comunicação que será iniciada assim que formalizada a constituição da Associação.

4 – Como outros empresários de agências de comunicação podem colaborar?
Após a Associação constituída e atuação divulgada, precisaremos de associados, pois eles são parte integrantes de uma entidade como essa. Qualquer proprietário de agência que quiser colaborar e participar pode me escrever no fernando@molotovpropaganda.com.br.

Discutindo a relação…

Arregaçar as mangas e encarar

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Artigo de Josué Brazil

Antes de tudo devo escrever: não quero ser nem parecer pessimista, mas algumas coisas devem ser ditas. Então vamos lá!

Os números atuais da economia brasileira não são nada alentadores. Nova revisão (para baixo) do crescimento do PIB o coloca em algo próximo ou abaixo de 1%. A inflação continua resistindo e avançando. A confiança da indústria diminui e o varejo está apertado com estoques altos.

Passada a Copa do Mundo teremos que encarar o período (quase improdutivo) das eleições. A Meio&Mensagem de 28 de julho vem com matéria de capa (longa e muito boa) com a seguinte manchete: “Mercado revê estratégias para o segundo semestre”.De acordo com a Folha de São Paulo o setor de serviços também perdeu confiança na economia brasileira (folha.com.br/no1493743).

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Como disse isso tudo está aí colocado não apenas para compor um cenário de fim de mundo e promover o pessimismo, mas sim para contextualizar a grande indagação: como o mercado de comunicação do Vale do Paraíba vai encarar o segundo semestre de 2014?

A acima citada matéria da Meio&Mensagem traz informação de que as agências esperam redução das verbas e maior cobrança por resultados. Vai rolar isso por aqui também? O tempo dirá.

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Uma das carências de nosso mercado é não ter números que evidenciem o tamanho de nosso mercado e que indiquem se estamos crescendo, encolhendo ou mantendo posições.Esta ausência torna complicada uma abordagem estratégica de médio e longo prazo. Os players do setor movimentam-se apenas baseados em seus próprios números e em observações não muito amplas do mercado. Que tal lançar uma pesquisa que indique, ao menos, se houve crescimento, estagnação ou encolhimento? Ninguém precisa abrir números, só dizer como foi, em dados percentuais, esse primeiro semestre. Todos: veículos, agências e fornecedores. Seria ótimo!!!

Neste momento em que a atividade publicitária lida com grande perda de valor e a quase extinção do tão comentado glamour, nada pior que a atividade econômica perder força. Devemos estar prontos para reagir, para rever estratégias e, principalmente, olhar mais a frente e reposicionar de vez nosso ganha pão.

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Patricia Cordeiro em foto da época em que atuou no marketing da TV Vanguarda

É hora de lembrar que temos que partir para a briga! Temos que trabalhar mais e não só pelos nossos negócios e sim pelo mercado e atividade como um todo. Trago aqui o comentário feito no post da entrevista do Jair Rodrigues (essa causou mesmo) feito pela nossa querida Patricia Cordeiro. Vale a leitura:

“Que bela entrevista! Sou fã do Jair desde que trabalhamos (eu bem menos que ele) na extinta KS Propaganda, em Taubaté, quando comecei minha carreira profissional, como estagiária. De lá pra cá vi muita coisa do mercado do Vale do Paraíba, São Paulo e agora da região de Campinas. E digo a vocês: não há outro caminho senão um trabalho sério de desenvolvimento de mercado. Pra que vocês não se desesperem, as agências daqui sofrem com a proximidade de São Paulo, e têm problemas comuns, porém, pouco foi feito em conjunto. Agora, o pontapé inicial foi dado. Agências, veículos, anunciantes sentados na mesma mesa pra entender o modelo ideal de negócio da região. É preciso explicar ao mercado anunciante qual é o valor de uma agência e de profissionais competentes. É preciso explicar pras agências, e seus diretores, como se ganha respeito trabalhando de forma ética, criativa, investindo em pesquisas e valorizando o trabalho de seus profissionais. É preciso explicar aos profissionais que só tem valor quem constrói uma carreira de muito trabalho e transparência. Há esperança, mas há também muito trabalho. O mercado será de quem tiver forças e determinação pra fazer a lição de casa.
Um abraço saudoso (que palavra antiga) aos amigos do Vale do Paraíba.”

Simbora arregaçar as mangas porque o bagulho promete ser ainda mais louco neste segundo semestre!

Discutindo a relação…

Por de pé

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Artigo de Josué Brazil

Há um sentimento muito claro no ar do mundo da propaganda regional e, ao que tudo indica, nacional. Está ficando tão forte que parece que podemos tocar. É o sentimento de que algo (ou tudo) precisa ser mudado. Que algo precisa ser feito para que a atividade publicitária volte a ter o valor que teve há pouco tempo. Parecido com a discussão que vemos em toda a mídia agora sobre nosso futebol. Será que estamos também tomando goleada na semifinal???

Dia desses li uma coluna e até separei um trecho para postar na fanpage deste blog. O que o trecho do artigo dizia é que não basta ter uma boa ideia. Que a tal da Big Idea por si só não resolve. É preciso executá-la. Fazer com que ela aconteça, fique em pé. Já tinha ouvido algo semelhante em uma palestra do Fernando Musa, da Ogilvy Brasil.

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Fernando Musa, da Ogilvy Brasil

Estou escrevendo isso porque acredito que temos de passar da discussão, do diz que me diz, das ideias soltas e isoladas para a ação.  O que o mercado publicitário como um todo – veículos, fornecedores e principalmente agências de comunicação – precisa é de um planejamento comum e um detalhado plano de ação para sair da inércia e começar a agir principalmente sobre um dos elos fundamentais do processo publicitário: o anunciante.

Modelos publicitários estão sendo revistos no mundo todo e já há alguns cases brasileiros. O cenário de comunicação mudou absurdamente nas últimas duas décadas. O consumidor brasileiro é outro. O Vale do Paraíba mudou. A tecnologia não para de mudar. Por que um setor que vive de criatividade, inovação e de gerar valor através da difrenciação é tão resistente a discutir sua própria necessidade de mudar?

Temos que estabelecer estratégias e práticas comuns ao mercado para que a atividade publicitária volte a ganhar valor. Para tanto, um dos passos fundamentais é parar de mentir para si mesmo. É fazer o contrário do que fez a comissão técnica (ex, já que foi demitida ontem) da seleção brasileira pós fracasso na copa e admitir que há erros e desvios. Alguns graves. Não dá mais para ficar dizendo que está tudo ótimo e que está faturando horrores e tem clientes lindos.

Admito que há agências, veículos e fornecedores que estão muito bem, obrigado.Mas é nesta hora, em que está tudo bem, que devemos pensar em tornar o mercado maior e melhor para todos. Publicitários aos montes criticaram a desorganização tática e a falta de plano de jogo da seleção nacional de futebol através das mídias sociais ou em papos nos botecos da vida. Alguns criticaram o individualismo de alguns atletas. Mas o mercado publicitário regional atualmente parece seguir a tática do “cada um corra por seu lado que, se der, nos encontramos no vestiário”.

Não temos uma associação, por enquanto. Então por que não estabelecer alguns GTs que se encarreguem de pensar e executar ações voltadas para o fortalecimento do mercado? Por que não agendar um fórum regional e estabelecer algumas pautas para discussão? Essas são só duas sugestões. Precisamos de mais, muito mais. Prontifico-me a participar e colaborar, dedicando o tempo livre que me sobra.

O post com a entrevista do Jair Rodrigues, diretor de arte da Regional Marketing, publicado aqui há alguns dias causou as mais diversas e extremadas reações do mercado. Por que não aproveitar essas acaloradas discussões para por alguma ideia em pé em favor do mercado?

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Jair Rodrigues, último entrevistado do Publicitando.

Caso você pense diferente e ache que nada precisa ser feito, das duas uma: ou você está mesmo muito bem, obrigado, ou mente muito bem para você mesmo.

Vamos passar para a ação planejada ou vamos continuar choramingando pelos cantos que é para ninguém ver???

“O negócio todo tem que se reinventar, e logo.”

Entrevista bastante especial

Há tempos o Publicitando tinha desejo de entrevistar o Jair. Um dos profissionais mais respeitados em direção de arte em nosso mercado e com uma longa trajetória na Regional Marketing. Só esse fator – tanto tempo numa mesma agência – já demonstra o quão interessante é a carreira do Jair.

E ele não se poupou. Mandou ver, soltou o verbo de verdade! Então vamos conferir o que ele tem a nos dizer. Boa leitura e bom proveito!

1 – Podemos dizer que você pertence a uma outra geração da propaganda no Vale. Como avalia o momento atual?
Sou do tempo do layout desenhado a mão, Josué. Naquela época não dava pra enganar.
Sobre o momento atual é triste dizer mas, em 22 anos de profissão, nunca vi o mercado do Vale tão ruim para as agências. E se agências vão mal, funcionários, produtoras e fornecedores também vão. É só olhar a espessura do maior jornal da região e os poucos anunciantes locais que aparecem na mídia de massa.
E que os profetas (inocentes recém-formados), defensores da “soxalmédia”, não me venham falar de apocalipse. Não existe (o nosso) mercado de comunicação sem nossos clientes aparecendo no jornal, revista, tv, outdoor, busdoor, social media, banner, endomarketing, busca do Google e o resto. Se não tá bom pra toda essa lista, não tá bom no geral.
As mídias sociais, que pareciam ser a salvação pra algumas “polianas”, só prometem mas não entregam. Alguns anunciantes não se tocaram ainda que, em termos de internet (em raríssimos casos), se eles querem falar de graça, ninguém vai ouvir.
Quem está fazendo os grandes cases? Aqueles que usam outras mídias pra alavancar a coisa toda, num mix em que, na maioria das vezes, Facebook é apenas uma das engrenagens.
Ah, esqueci de dizer que a economia do país (e ainda mais com copa e eleições) como um todo, tem contribuído pra piorar mais a coisa. Afinal, tem cliente que só vai botar a mão no bolso depois das eleições.
Da minha geração de profissionais, uma parte está dando aula. Alguns deles, competentíssimos, estão fazendo falta no mercado. Mas os clientes não poderiam estar pagando o salário deles. Estava conversando com um amigo jornalista, que se formou comigo, e os problemas são os mesmos.
Ao mesmo tempo em que estamos nessa sinuca de bico, acredito também que estamos engatinhando, aprendendo a como lidar com todas as possibilidades que a social media trouxe, para clientes que não podem estar em horário nobre da Globo. Esse é o grande desafio.
O negócio todo tem que se reinventar, e logo. Temos que nos unir? É a saída.
Querem saber mais sobre a realidade atual do mercado? Acessem http://www.comunicavale.com.br/naradio-entrevista-com-jose-renato-pulice/

Jair Rodrigues Junior , diretor de arte da Regional Marketing

Jair Rodrigues Junior , diretor de arte da Regional Marketing

2 – Você é muito criterioso e rigoroso em seu trabalho como diretor de arte. Foi sempre assim ou isso vem com o tempo?
Eu sou o cara mais chato que conheço e não é de hoje. E quanto mais velho, mais chato. A tendência é piorar.
Ainda acho que a melhor ferramenta do diretor de arte é o olho. Vivo o tempo todo tentando consertar o mundo: ah, isso seria melhor dessa cor, essa letra da fachada do restaurante tá desalinhada, e por aí vai.
Não sei como minha mulher me aguenta, se ela tá pronta pra sair e pergunta se a roupa tá boa eu sou sincero: se você trocar a blusa Y pela camiseta X ficaria melhor.
Mas chato mesmo é dizer que tá tudo ótimo.
Quando digo, Josué, que quando comecei não dava pra enganar, é isso. Leva ao menos 5 anos pra você formar um(a) diretor(a) de arte. Se a pessoa tem senso estético, bom gosto, melhor. Se gosta de cinema (cinema de verdade), história em quadrinhos, fotografia, design, balé, melhor. Se além disso souber desenhar, pintar, ter algum refinamento artístico, bingo! Se tiver ótimas ideias esses 5 anos viram 2. Saber pacote Adobe é default, o cara tem que nascer sabendo. Imagina um redator te enviar um currículo dizendo que sabe Word? Isso é obrigação, isso é técnico, qualquer macaco aprende. É por isso que saber Photoshop não faz ninguém ser diretor de arte. Tem que criar conceitos, ter ideias e ter senso estético. Certa vez um diretor de criação me disse que pra ser diretor de arte não é preciso conhecer fontes. Levei um susto. Deve ser por isso que tem agência que só usa Myriad nos anúncios. Anúncios pra diferentes clientes, todos com a mesma fonte.

3 – O trabalho criativo está mais ou menos valorizado? Você concorda que as agências perderam valor?
Os clientes vêm até nós (também) por causa do trabalho criativo. Afinal é o que aparece. Então acho que ainda resta uma esperança. Agora, o que sinto, às vezes, é que, por causa do mercado não absorver todos os profissionais que saem da faculdade, muitos despreparados vão trabalhar no cliente pra fazer a ponte com a agência. E querem criar no lugar da agência — que vira produtora do gerente de marketing. Às vezes, pra aprovar uma ideia você tem que trabalhar em dobro: fazer a proposta que o cliente quer e outra que é a correta pra ele.
Hoje, o mundo virtual deu voz para para quem não sabe falar. Assim como todo mundo tem uma opinião formada, todo mundo virou criativo, os que já eram técnicos de futebol, designers e modelos, rs. São muitas alterações, muito briefing errado. Muita falta de foco. E muito amadorismo. Você acredita que, numa concorrência pública, uma agência pegou um anúncio que fiz na Regional, só trocou a fonte e o logotipo do cliente e apresentou na proposta dela? As agências estão perdendo valor porque não se dão ao respeito. A crise nos obriga a fazer o que o cliente quer e não o que ele precisa. Mas pra alguns deles (que bom que é maioria) ainda podemos dizer: se quiser fazer isso eu tiro a minha assinatura do anúncio. Isso é respeito, afinal, se ele te escolheu, tem que confiar em você.
Agora, o pior de tudo é quando a falta de respeito pela profissão parte dos próprios publicitários.
Todos sabem que a coisa tá preta, não precisa sair mentindo por aí, mas alguns ficam posando de Mad Men. É muita garganta, muita contação de vantagem, muito “eu jogo confete em você, você joga em mim”. Chega a ser ridículo. Tempos atrás um dono de uma agência foi agradecer num evento o prêmio que ganhou por causa da confiança do cliente na agência dele, bla, bla, bla… e o cliente era seu parente. Oi?
Volta e meia encontro com alguém do mercado que só fala, “nossa tô trabalhando pra caramba, os clientes são maravilhosos, gastam rios de dinheiro, tá legal pra caramba.” Que merda é essa? Viramos a Suécia e não estou sabendo? Tá querendo enganar quem? Não seja idiota, pare de mentir pra si mesmo.
Ainda tem as agências que se gabam por virar noite, é o “pague pra entrar e reze pra sair”: gente que posta foto no Facebook comendo pizza de madrugada na agência e achando o máximo. E tem curtidas, olha que beleza!
Meus colegas de trabalho, virar a noite na agência não faz de você um profissional melhor. Se deem ao respeito.

4 – Como você vê a nova geração de criativos da propaganda regional?
Temos muita gente criativa, alguns de uma geração um pouco mais nova que a minha como o Edu Griskonis, que tem um senso estético apuradíssimo. O Spinelli da Molotov. O Raul e o Thiagão da Avalanche. O Thiaguinho que foi pra outro mercado, infelizmente (pra nós). Gente mais nova ainda que é revelação do nosso mercado, como o Thiago Motta da KMS e o Lucaz Mathias — que tem até uma pegada autoral em alguns trabalhos (o considero, antes de tudo, mais artista gráfico do que publicitário). E tem o meu assistente que não vou falar o nome pra não me roubarem, rs. Isso pra citar alguns.
Agora, um conselho pros novos é: tenham bagagem cultural, assistam a filmes, leiam bastante, de tudo, e vivam bastante, fora da agência. Nem preciso dizer que, em termos musicais, você tem que conhecer de Abba a Zappa.
Algumas tendências, quando chegam até nós, já estão fora de moda. Então usar barba, gorro e camisa de lenhador não faz de você uma pessoa criativa. Tenha conteúdo.