“Cases” do mercado

Xuxa e Zé Gotinha voltam à TV em campanha da Nova para o Ministério da Saúde

Criação aposta em storytelling afetivo e no poder da lembrança para reconectar famílias com a saúde infantil.

Com o conceito “Vacinar é cuidar de quem você ama”, a agência Nova assina a nova campanha de multivacinação do Ministério da Saúde, estrelada por Xuxa Meneghel, embaixadora voluntária do Movimento Nacional pela Vacinação, e por Zé Gotinha, símbolo histórico das campanhas de imunização no país.

Criada para dialogar com quem cresceu nos anos 1980 e 1990 sob a influência positiva da apresentadora, a ação aposta na força simbólica da “Rainha dos Baixinhos” para inspirar uma nova geração de pais e mães a atualizarem a caderneta de vacinação de crianças e adolescentes, reforçando a importância da prevenção e do cuidado com a saúde infantil. A campanha também destaca o Dia D da Vacinação de Crianças e Adolescentes, que será realizado, em 18 de outubro, nas Unidades Básicas de Saúde – UBS de todo o Brasil.

“A Xuxa é uma figura que transcende gerações – representa confiança, carinho e uma relação genuína de afeto com o público. A campanha traduz esse vínculo em uma mensagem de responsabilidade e amor, transformando o apelo à vacinação em um gesto de cuidado entre pais e filhos”, destaca Paulo Lima, diretor de criação da Nova.

O filme principal combina live action e animação em 3D, retratando a fase atual da apresentadora em uma estética contemporânea e sensível, marcada por referências à maternidade e ao afeto.

Com veiculação nacional em TV aberta, rádio, redes sociais, OOH e mobiliário urbano, a campanha faz parte da estratégia do Ministério da Saúde para retomar a confiança na vacinação e ampliar a cobertura vacinal no país.

Ficha Técnica:

Agência: NOVA

Cliente: Ministério da Saúde

Campanha: Campanha Nacional de Vacinação 2025 – Atualização da Caderneta

CEO: NELSON VILALVA

VP de Criação: THOMAZ MUNSTER

Direção de Criação: PAULO LIMA

Head of Art: LUIZ GUILHERME RODRIGUES LIMA

Redação: FELIPE LAZZARINI LEAL

Direção de Arte: DIEGO PIZZINI

Criação Digital: LEONARDO REIS e GABRIEL CAETANO.

Direção Geral de Atendimento: PEDRO ARLANT

Direção de Atendimento: ANA PAULA TERRA

Atendimento Agência: JANAINA CAVALCANTE e MAYNA RUGGIERO

Direção de Mídia: ESTANLEY CUNHA

Estratégia de Mídia: ERICA CASTRO e WILL BOAVENTURA

Direção de Planejamento: LUCAS GARBULHA

Planejamento: BRUNA GOULARTE, RENATA PRADO, FERNANDA MELO E MARIA ELISA MEDEIROS

Diretora de Operações: ANA CRISTINA GONÇALVES

Gerente Geral de Produção: TICIANA ROCHA

Produção gráfica: RENATA FELIX E ANDREIZA OLIVEIRA

Produção digital: JONATHAS GOMES, KAROLINE COSTA, MATHEUS SANTIAGO

RTV: ANA CAROLINA MARTINS, RAFAEL SOUSA e EMANUELA MAY

Revisão: SARAH JEANNE, JULIANA AFIONI JEISINA e GEISIANE NOVAIS

Estúdio: FELIPE ALVES, LEO ANDRADE, ALEXANDRE FAVA

Produtora de vídeo: ILHA CROSSMIDIA

Diretor de cena: Felipe Blankenheim

Diretor de fotografia: Léo Kawabe

Diretora de Arte: JOANA MUREB

Atendimento: DANYELLE GUEDES e LARISSA ALMEIDA HOLANDA

Head de Atendimento: WILKA DE OLIVEIRA NEPOMOCENO ARAUJO

Coord. de Produção: Monise Kristoschek

Produção Executiva: Monica Favaretto

Editor: Fabrício Silva Cavalcante

Finalização

3d: Caio Caldeira

Moção: Rafael Chaves Pereira

Cor: Cedrique Borgias

Composição: Rodrigo Tavares

Head Pós: Gabriel Fernando

Coordenadora de Pós: Cris Santos

Produtora de áudio: Limbic Music

Atendimento: Prix Adaime

Diretor Musical: Luiz Portela

Produtor Musical: Demian Petrich

Mixagem e Finalização: Pedro Portela

Coordenação de Produção: Pedro Portela

Estúdio de fotografia: Blad Meneghel

Finalização: Rodrigo Pavanello

Aprovação Cliente: CAMILA RABELO, ED RUAS, FRANCISCO ALVES, MÁRCIO NASCIMENTO, KAMILA MOTA, NATHÁLIA GARDINI, RAFAEL SAIKI

Fonte: Casa do Bom Conteúdo

A criatividade pode virar Prompt?

Por Graziela Mônaco, Diretora de Criação da Make ID*

O avanço da inteligência artificial tem transformado práticas profissionais em diferentes setores, especialmente no campo criativo. A discussão sobre até que ponto a tecnologia substitui ou veio para potencializar o trabalho humano, vem sendo fomentada em diversas escalas mundo afora, inclusive, no ano passado foi tema de destaque em um dos maiores festivais de inovação e cultura do mundo – O SXSW 2024 – em Austin nos Estados Unidos.

Na ocasião, uma frase se repetia durante todo o evento: “A IA não vai roubar seu emprego, mas quem usa vai”. A mensagem resumia a sensação de urgência em adotar a tecnologia como ferramenta indispensável. Para muitos, no entanto, a experiência também trouxe uma espécie de “ressaca”: A impressão de que a tecnologia havia se tornado maior do que as pessoas.

Um ano depois, na edição europeia do festival, em Londres, a abordagem foi distinta. O debate ganhou tons mais humanos, menos centrados nas tecnologias. Em uma das palestras, uma frase chamou a atenção: “A questão não é quão inteligente podemos tornar um dispositivo, mas quão humana podemos tornar a experiência.”

O contraste entre os dois eventos expõe um dilema central: enquanto a IA se mostra eficiente em tarefas de repetição e previsão, a criatividade depende de saltos inesperados e conexões improváveis, onde somente um humano é capaz de fazer. Em ambientes profissionais, esse “choque” já é realidade. Profissionais da publicidade e do design relatam que em alguns processos, diferentes equipes chegam a soluções praticamente idênticas ao usar ferramentas de IA, reflexo de um processo que tende a reforçar padrões e reduzir a imprevisibilidade. Em um caso do setor, duas duplas criativas trabalharam em paralelo, sem qualquer troca entre si, e chegaram a propostas quase idênticas, não equivocadas, mas previsíveis e pouco originais.

Esse fenômeno tem sido descrito como um “eco”: um ciclo em que as soluções não geram novidade, apenas se redescobrem em versões semelhantes. Neste cenário, apenas a capacidade humana de dar saltos mentais, cruzando territórios distantes e provocando o inesperado, pode romper a previsibilidade.

Especialistas afirmam que o risco não está na tecnologia em si, mas na forma como é usada. A IA pode agilizar tarefas, ampliar repertórios e liberar tempo para que pessoas explorem ideias mais ousadas. No entanto, quando se torna apenas um atalho, tende a produzir o óbvio.

O desafio, portanto, não é abandonar a IA, mas compreender que sua força está em potencializar a capacidade humana de pensar criticamente, criar narrativas originais e desafiar o óbvio. A criatividade continua sendo um processo essencialmente humano, que depende de coragem crítica e olhar singular para transformar informações em algo novo.

*Graziela Mônaco é Diretora de Criação da Make ID, agência criativa e estratégica que transforma marcas por meio de branding, comunicação integrada e experiências de impacto. Com mais de vinte anos de experiência como Diretora de Arte e Criação, desenvolveu campanhas para grandes marcas como Bacardi, Nokia, Sony, Brastemp, MasterCard, Natura, Colgate, John Deere e Scania. Apaixonada por criar e acreditar no poder das ideias e na importância da diversidade para construir uma comunicação de relevância e impacto, é bacharel em Design Gráfico pelo Centro Universitário Belas Artes com mestrado em Marketing Organizacional pela UNICAMP.

A inteligência artificial nivela o jogo na publicidade

Imagem gerada pela IA do Canva

A nova era da propaganda não começa nos estúdios, mas nos prompts

Por Rodrigo Martucci*

Durante décadas, campanhas publicitárias de alto impacto estavam restritas a poucas empresas com acesso a orçamentos milionários, estúdios, equipes técnicas, diretores renomados, atores, modelos e edição de alto nível. Era um território delimitado por barreiras financeiras e operacionais. Hoje, no entanto, esse panorama está mudando de forma radical. Com o avanço da inteligência artificial (IA), altos patamares de produção têm sido alcançados por aqueles que consideravam desafiador chegar lá.

Trata-se de uma virada estrutural do mercado, não somente pela redução de custos, mas pelo que isso representa em termos de acesso. Pela primeira vez, pequenos e médios players têm à disposição a mesma potência criativa que as grandes agências. Mais do que igualar ferramentas, a IA está equiparando oportunidades – e isso exige um novo olhar sobre o que diferencia talento, estratégia e propósito.

De acordo com uma pesquisa do IAB Brasil realizada em parceria com a Nielsen, 80% dos profissionais de marketing no país já utilizam a IA em suas rotinas. A criação de conteúdo lidera o uso (71%), seguida por análise de dados (68%), e automação e otimização de campanhas (53%). A alta adesão da tecnologia revela o tamanho da transformação em curso. Contudo, é nesse estágio de aceleração que se torna imprescindível fazer uma pausa crítica: não basta empregar as ferramentas; é preciso entender as implicações de um mercado no qual todos, tecnicamente, podem produzir como se fossem gigantes.

No fim do dia, o impacto da IA vai muito além da execução. O que está em jogo é a lógica da diferenciação: se todos têm acesso aos mesmos recursos, o que passa a valer é a forma como esses recursos são utilizados – e por quem. A criatividade continua sendo central, porém, agora em um ambiente onde a velocidade, a adaptabilidade e a inteligência no uso das tecnologias definem vantagem competitiva.

Nesse novo cenário, a ausência de assimetria técnica entre grandes e pequenas estruturas cria uma espécie de “campo zerado”. Não há domínio consolidado. Ninguém é, ainda, especialista. O conhecimento é construído em tempo real e, esse fato abre espaço para experimentação, reinvenção e protagonismo de vozes que antes não conseguiam nem sequer competir. Por outro lado, escancara a necessidade urgente de curadoria crítica, ética aplicada e domínio interpretativo diante de conteúdos gerados artificialmente.

A necessidade de regulação e ética no uso da tecnologia na indústria publicitária foi exposta nesta edição do Cannes Lions, maior festival de criatividade do mundo. A organização retirou o Grand Prix da categoria Creative Data concedido à campanha Efficient Way to Pay, da DM9, depois de descobrir que o vídeo apresentado ao júri usava conteúdo gerado e manipulado por IA para simular eventos e resultados que não ocorreram de fato. A decisão levou, inclusive, à retirada de outros dois cases da agência, também questionados quanto à veracidade das informações.

O episódio expõe os limites entre o uso legítimo da tecnologia e a manipulação de dados e contextos. Mesmo com todos os recursos disponíveis, a IA não pode substituir a integridade narrativa de uma campanha, especialmente em casos em que autenticidade, impacto e veracidade são valores inegociáveis. A criatividade, se desconectada da verdade, perde legitimidade. A IA, quando utilizada de ponta a ponta sem a mediação humana, deixa de ser uma aliada.

Ainda que eficiente no desenvolvimento de boa parte dos processos, a tecnologia não sente e não interpreta a ambivalência e o contexto. Ela é veloz, mas não intuitiva. Aprende padrões, mas não conhece rupturas culturais. Na publicidade, na qual o valor de uma campanha está muitas vezes no que ela consegue dizer sem precisar explicar, essa ausência é significativa.

Sem profissionais à frente do processo e da condução da tecnologia, sua utilização pode cair na homogeneização criativa, repetição de vieses e perda de autenticidade. É nesse ponto que a inteligência humana se torna insubstituível como curadora, editora e crítica. A boa notícia é que o talento não depende mais de estrutura, a escala deixou de ser um privilégio, e a excelência está ao alcance de quem souber combinar sensibilidade com experimentação. A IA nivelou o jogo e agora cabe aos profissionais entenderem que competir e performar bem envolve muito mais do que dominar a tecnologia.

*Rodrigo Martucci é CEO da Nação Digital, empresa do Grupo FCamara