Coluna Propaganda&Arte

Não deixe o ChatGPT ler esse artigo

Por R. Guerra Cruz

Bem-vindos, caros leitores! Hoje, embarcaremos em uma viagem que nos lembrará de um filme de ficção científica épico, enquanto exploramos o impacto revolucionário da IA no nosso próprio órgão mais maravilhoso – o cérebro humano!

Imagine-se em um mundo onde as máquinas ganham vida, desafiam nossas noções de realidade e impulsionam o potencial do nosso intelecto. Sim, estou falando daqueles filmes de ficção científica que nos levam a questionar nossa própria existência e nos mostram as possibilidades ilimitadas da IA. De “Blade Runner” a “Ex Machina”, a inspiração cinematográfica nos ajuda a mergulhar nessa discussão intrigante.

Mas, deixemos de lado as projeções cinematográficas por um momento e concentremo-nos em uma realidade igualmente empolgante: o impacto da IA no desenvolvimento do cérebro humano. Vamos explorar como a IA está moldando nossas mentes de maneiras surpreendentes e como, de certa forma, esse hype pode ter seus dias contados.

Impacto no cérebro (Ai, ai, é muita IA pra minha cabeça)

A IA tem sido apontada como uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos anos, e seu potencial para transformar diversas áreas é inegável. Na arte, por exemplo, já é possível encontrar obras criadas inteiramente por máquinas, desde pinturas até composições musicais, passando até por campanhas publicitárias. (Agora ficou sério). Isso levanta questões importantes sobre a relação entre criatividade humana e inteligência artificial, e sobre o papel que cada um deles desempenha no processo criativo.

Mas não é só na arte que a IA tem impacto. Estudos recentes mostram que a tecnologia também pode influenciar o funcionamento do cérebro humano, tanto em aspectos positivos quanto negativos. É um assunto complexo e fascinante que merece ser explorado com cuidado e atenção.

Humanos 0 x 1 Máquinas

Diversos estudos têm sido realizados para investigar o impacto da IA no desenvolvimento do cérebro humano. Por exemplo, pesquisas demonstraram que o uso de ferramentas de IA para resolver problemas complexos pode promover o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como o raciocínio lógico e a resolução de problemas. Os indivíduos expostos a essas ferramentas demonstraram um desempenho aprimorado em tarefas cognitivas semelhantes, mesmo quando não estavam utilizando a IA.

Além disso, estudos de neurociência têm investigado como o cérebro humano interage com sistemas de IA. Pesquisadores têm utilizado técnicas de imagem cerebral, como a ressonância magnética funcional (fMRI), para analisar as alterações nas redes neurais do cérebro durante a interação com sistemas de IA. Esses estudos têm revelado que certas áreas do cérebro responsáveis pelo processamento de informações e pela tomada de decisões podem ser ativadas de maneira diferente quando a IA é utilizada.

Humanos 1 x 1 Máquinas

Mas nem todos estão iludidos com esse futuro cheio de máquinas inteligentes, como se elas fossem superiores a nós.

No livro “O verdadeiro criador de tudo – Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos” (editora Crítica), o neurocientista Miguel Nicolelis apresenta um argumento provocativo sobre as limitações do mundo digital em reproduzir com fidelidade os processos mentais humanos, bem como a capacidade criativa e inventiva que possuímos. Nicolelis levanta preocupações sobre a possibilidade de a inteligência ser moldada e empobrecida pelos algoritmos.

Nicolelis destaca que o sucesso dos sistemas digitais ao longo das últimas décadas tem levado a uma percepção de que o funcionamento analógico do cérebro é inferior. Ele ressalta que, quando o cérebro realiza algo, ele o faz utilizando matéria orgânica, um conceito que tem sido negligenciado em nosso cotidiano cada vez mais digitalizado. O neurocientista enfatiza que nem tudo pode ser reduzido a um algoritmo digital, especialmente a maioria dos fenômenos naturais, o que explica a incerteza das previsões meteorológicas.

Como professor e pesquisador na Universidade Duke, nos Estados Unidos, Miguel Nicolelis traz à tona uma reflexão importante sobre a relação entre o cérebro humano e a tecnologia digital. Suas colocações destacam a necessidade de valorizar e compreender a singularidade dos processos mentais e criativos humanos, mesmo em um mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial e pelos algoritmos. Essa reflexão nos convida a considerar a importância de preservar e nutrir nossa capacidade inata de criação e inventividade, mesmo diante do avanço tecnológico acelerado.

“Quando o cérebro realiza alguma coisa, ele realiza usando matéria orgânica. E esse é um conceito que desapareceu da nossa convivência diária. Nem tudo pode ser reduzido a um algoritmo digital. Ao contrário: a vasta maioria dos fenômenos naturais não pode. Por isso que previsão do tempo é tão incerta” disse Nicolelis.

É ChatGPT, parece que o jogo virou… Bem, ainda não, mas vai virar (e você será o último a saber).

Automatizado e inteligente

SAC inteligente, não artificial

por Marcio Rodrigues*

Quem já precisou entrar em contato com uma empresa para pedir informações, solicitar serviços ou fazer uma reclamação, muito provavelmente foi atendido, num primeiro momento, por um sistema automatizado, também conhecido como bot. Os bots são softwares que conseguem “conversar” com o cliente para determinar qual a sua demanda e o canal mais adequado para resolvê-la. Eles foram criados para facilitar a vida dos dois lados: o cliente fica menos tempo na espera e pode até resolver o problema ali mesmo, naquele primeiro atendimento; e a empresa otimiza o tempo e os recursos investidos no SAC ou contact center.

Imagem: Pixabay

A mesma solução que veio para descomplicar acabou acumulando uma gigantesca massa de dados, gerados por todos nós quando utilizamos qualquer tipo de tecnologia. Para dar conta desse volume insano de dados e transformá-los em informação útil, insights e conhecimento estratégico, nada mais eficiente do que se valer dos avanços da Inteligência Artificial (IA).

Ao investir no desenvolvimento e na implantação de ferramentas de IA no atendimento ao público, as empresas ganham em agilidade, assertividade e personalização. O SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) vira SIC (Soluções Inteligentes para o Consumidor).

Mas a interação com a pessoa do outro lado da linha (ou da tela, ou do teclado) é apenas uma das funcionalidades da IA. Tão ou mais importante, ela serve para orientar os atendentes e supervisores na hora de lidar com o público. Não é à toa que essas ferramentas são consideradas inteligentes: elas conseguem aprender as diversas maneiras como os humanos se comunicam, interpretá-las e captar as emoções ou o estado de espírito dos participantes da conversa.

Conhecendo a demanda, o contexto e as características do cliente, a equipe de suporte estará preparada para atendê-lo de forma personalizada. A ferramenta pode até fazer o best match entre o atendente e o cliente, escolhendo a pessoa mais adequada para lidar com aquela situação. Ou ainda, monitorar a conversa e identificar se é necessária a orientação ou intervenção de um supervisor.

Imagem: Pixabay

Só que, para se chegar a esse nível de desempenho, temos que prestar muita atenção na alimentação e no monitoramento do sistema. Afinal, ele se sustenta sobre a tecnologia de machine learning, ou seja, vai aprendendo mais e mais à medida que coleta, processa e compara dados. Não apenas aqueles gerados pela interação do consumidor com a empresa, mas também levando em conta o ramo de atuação, o modelo de negócios e os produtos ou serviços oferecidos. Esses elementos são indispensáveis para se ler corretamente o contexto, avaliar as possibilidades e sugerir soluções para o problema do cliente.

A cada dia surge uma nova aplicação de IA para interação com o público, graças à criatividade dos empreendedores (com suas startups) e às inovações desenvolvidas pelas próprias prestadoras de serviços de atendimento. Não poderia ser de outro modo, pois lidamos com uma nova geração de consumidores, que não tem tempo nem disposição para interagir com sistemas lentos e ineficientes.

É difícil determinar as possibilidades, mas podemos dizer com segurança que “o céu não é mais o limite”, em termos técnicos, para a aplicação de IA, seja no trato com o público, seja para a geração de resultados de negócios. A questão principal é estabelecer os limites éticos e comportamentais dessas aplicações. Mas até nisso a inteligência artificial pode colaborar, por exemplo, informando que determinado cliente não gosta de bots e prefere falar diretamente com um colaborador.

A interação entre máquinas e humanos pode ser tão sofisticada que por vezes nos flagramos sem saber se estamos falando com alguém de carne e osso ou com um robô. Alguns deles já passaram no chamado Teste de Turing (quando a máquina consegue se passar por gente, sem que a pessoa que está conversando com ela identifique que se trata de uma IA). No entanto, ainda há muito a ser desenvolvido, aprendido e aplicado. A única certeza que temos é que novos marcos vão surgir nesse campo. A era da inteligência artificial está apenas começando.

Marcio Rodrígues é Presidente da Avaya Brasil

Fonte: RMA Comunicação