Marketing e Branding: muito mais amigos do que você imagina
Por Josué Brazil (com uma ajuda de IA)
Imagem gerada pela IA do Canva
Tem gente por aí que ainda insiste em colocar marketing e branding em lados opostos do ringue, como se fossem rivais históricos disputando quem tem mais razão. Mas a verdade é que eles jogam no mesmo time — e quando trabalham juntos, o resultado é muito mais potente.
Marketing é a engrenagem que movimenta o negócio, abre caminho, conecta, mede e ajusta. Já o branding é aquele fio condutor que dá sentido à jornada, define a identidade e garante que a marca não se perca no meio da correria diária. Se o marketing pensa em como chegar ao público, o branding responde à pergunta: por que o público deveria se importar com você?
O problema é que, nos últimos anos, o marketing ficou “encurtado” no imaginário de muita gente, reduzido quase que exclusivamente a métricas de performance: CAC, ROI, CTR, CPC, CPA, KPI (ufa!). A ideia de marketing, pra muita gente, passou a ser apenas a do marketing operacional, tático e de performance (muito em função do crescimento do chamado marketing digital). Claro, tudo isso é importante — ninguém aqui está demonizando relatórios ou dashboards. Mas marketing estratégico de verdade vai muito além de apertar botões e otimizar anúncios.
É aqui que o branding entra como parceiro indispensável. Ele é o responsável por dar consistência, por construir marcas que não apenas vendem, mas permanecem relevantes, desejadas e lembradas. Enquanto a performance olha para o clique de hoje, o branding trabalha para que exista alguém interessado em clicar amanhã.
O marketing estratégico olha para o longo prazo, preparara-se para o futuro e cria diferenciação sustentável. O marketing estratégico não é sobre campanhas isoladas, mas sobre posicionamento, consistência e geração de valor sustentável. E para tanto, o branding é peça fundamental.
Em resumo: marketing sem branding pode até dar resultados de curto prazo, mas é como correr uma maratona de fôlego curto. Branding sem marketing, por sua vez, corre o risco de ser só discurso bonito em PowerPoint. Juntos, eles garantem o equilíbrio entre o agora e o futuro, entre a necessidade de vender e o desejo de permanecer.
No fim das contas, o que chamamos de marketing estratégico nada mais é do que essa dança bem coreografada: performance sem perder de vista a essência, vendas sem abrir mão de valores, resultados que não sacrificam a história que a marca está construindo.
E, convenhamos, se o branding fosse apenas “antagônico” ao marketing, não haveria tanta marca que atravessa décadas, gerações e mudanças de mercado. A sobrevivência delas é a prova de que branding é — e sempre será — a alma de um marketing que pensa grande e pensa longe.
Rafael Arty, Diretor Comercial da Timelens & Hike Foto: arquivo pessoal
Por Rafael Arty*
Por muito tempo, o marketing de influência viveu sob a lógica do espetáculo. Seguidores viraram sinônimo de autoridade, curtidas passaram a representar relevância, e qualquer métrica pública era suficiente para validar uma estratégia milionária. Foi um período de crescimento vertiginoso, mas também de muita miopia.
Hoje, com os orçamentos digitais sendo pressionados por performance e accountability, essa cortina de fumaça começa a se dissipar. E o que vemos por trás não é exatamente bonito: um mercado que se sofisticou na narrativa, mas ainda tropeça nos fundamentos da mensuração.
Num ambiente onde o algoritmo dita comportamentos e o hype substitui a estratégia, ninguém mais se pergunta: quem está do outro lado da tela? E pior: essa audiência realmente existe?
Estudos indicam que de 15% a 20% dos perfis no Twitter são bots, um programa de software que executa tarefas automatizadas, repetitivas e pré-definidas. O Instagram, segundo a própria Meta, tem cerca de 10% de contas falsas ou inativas. Mas o dado mais revelador vem de uma pesquisa da Timelens, que analisou os 10 maiores influenciadores do Brasil. O estudo encontrou uma média de 6,8% de seguidores com comportamento suspeito, com variações que vão de 0,6% a 16,1% dependendo do perfil.
Analisando o relatório, me chamou atenção que mesmo perfis com taxas mínimas, como 0,6%, representam volumes expressivos quando se fala em bases de dezenas de milhões. Isso não desqualifica a entrega desses criadores, apenas mostra que até os maiores também precisam de leitura qualificada. Ou seja: a presença de contas falsas ou inativas não é uma exclusividade de perfis pequenos ou questionáveis. Isso não significa que grandes criadores entregam menos resultado, muito pelo contrário. Mas reforça que, independentemente do tamanho ou prestígio, toda decisão de investimento deve considerar contexto, qualidade de audiência e estratégia de ativação.
O problema surge quando marcas seguem tomando decisões com base apenas em números brutos — muitas vezes extraídos de ferramentas automáticas ou APIs genéricas — sem qualquer curadoria de dados. Isso gera campanhas ancoradas em audiências parciais ou fictícias, inflando expectativas e distorcendo os aprendizados.
Seguidores não são audiência. E engajamento não é, necessariamente, influência. Mas o desafio vai além dos dados duvidosos, está na forma como o mercado interpreta (ou deixa de interpretar) esses insights. A “taxa de engajamento”, por exemplo, virou um mantra. Mas dependendo da metodologia usada, o resultado muda completamente: se você analisar os últimos 3 posts, sai um número; se olhar os últimos 10, muda de novo; se calcula média ou mediana, mais uma variação; e se a empresa considera só comentários e ignora curtidas, o número despenca.
Apesar disso, ainda se repete que “influenciador bom tem mais de 1% de engajamento”, como se isso bastasse para validar um investimento. A verdade? Esse tipo de métrica, usada fora de contexto, é quase uma ilusão estatística — resposta fácil para perguntas mal feitas.
O risco é claro: quando os dados são tratados como verdades absolutas, sem entender o que de fato representam, todo o funil de decisão é comprometido. E aí, a mídia de influência deixa de ser uma alavanca estratégica para virar um ponto de fricção dentro das empresas.
Já vimos isso acontecer com frequência. Empresas de grande porte, com estruturas robustas e profissionais experientes, investindo R$5 milhões em celebridades com base em uma calculadora gratuita de engajamento, sem qualquer validação metodológica. Isso não desqualifica o uso de grandes nomes — que continuam sendo peças-chave na comunicação de marca — mas mostra que mesmo investimentos altos precisam de critério técnico. Valor não se confunde com volume.
Em paralelo, também já vimos times de marketing frustrados por não conseguirem fechar um marketing mix modeling (técnica analítica que avalia o impacto de diversas iniciativas de marketing no desempenho de uma empresa), porque os dados das campanhas de influência não se conectam com o restante do funil. O topo entrega, mas o meio não explica. A conta não fecha. E a dúvida se instala.
É nesse vácuo que nasce a desconfiança. Não é o modelo de influência que está errado. É a forma como ele tem sido tratado — com pouca metodologia, excesso de simplificação e uma fé quase religiosa em indicadores frágeis.
A creator economy precisa amadurecer. E para isso, precisa parar de medir influência com régua de vaidade. É preciso olhar para o dado com seriedade, entender o contexto, tirar o ruído e conectar a entrega com o negócio. Porque enquanto seguirmos apostando em números bonitos e planilhas fáceis, vamos continuar investindo em fantasmas, e esperando que eles entreguem resultados.
*Rafael Arty é um dos principais especialistas em marketing de influência e mídia digital do Brasil, com mais de 10 anos de experiência liderando estratégias comerciais, construção de produtos e crescimento de startups do setor. Foi responsável por liderar a área de negócios da Squid, onde atuou como sócio e conduziu o crescimento da empresa até sua aquisição pela Locaweb. Na BrandLovrs, assumiu a diretoria comercial e consolidou o modelo de mídia programática com criadores de conteúdo por meio da solução CreatorAds, ajudando marcas a operarem campanhas em escala com inteligência e eficiência. Atualmente, lidera as frentes comerciais da Hike, adtech especializada em canais alternativos de mídia, e da Timelens, empresa focada em análise de dados e comportamento digital
Halisson Tadeu Pontarolla, presidente da Central de Outdoor – Crédito: Divulgação
Por Halisson Tadeu Pontarola, presidente da Central de Outdoor
Nos últimos tempos, tenho refletido com mais profundidade sobre o papel da mídia OOH nas cidades. Falamos muito sobre presença, inovação, dados, criatividade, e com razão. Mas será que isso, por si só, ainda é suficiente diante dos desafios que nos cercam? E se a nossa atuação pudesse ir além da entrega publicitária e começasse também a regenerar os espaços por onde passamos? Foi a partir dessa inquietação que o conceito de mídia regenerativa deixou de parecer algo distante e passou a fazer sentido de forma real, prática, possível. Um convite para que o OOH contribua não apenas com mensagens, mas com valor real para o ambiente urbano e para as pessoas.
A diferença entre sustentabilidade e regeneração é sutil, mas significativa. Enquanto a sustentabilidade tenta reduzir o impacto negativo, a regeneração busca deixar um impacto positivo. Ou seja, não se trata apenas de compensar ou neutralizar, trata-se de restaurar, reconectar e cuidar. No contexto da mídia exterior, isso significa ocupar os espaços urbanos com responsabilidade e propósito.
Cada vez mais se fala sobre como a mídia pode contribuir para a restauração dos ambientes urbanos. Termos como “vazios urbanos”, terrenos sem uso, muros abandonados, estruturas esquecidas, passaram a fazer parte do nosso vocabulário. E a provocação é bem vinda: por que não usar a mídia para regenerar esses espaços? Um exemplo vem da Cidade do México, com o projeto Via Verde, onde mais de mil colunas de uma via expressa foram transformadas em 60 mil metros quadrados de jardins verticais. O projeto reduz ilhas de calor, filtra poluentes e melhora o microclima local. E o mais interessante: tudo isso é financiado por publicidade. Parte das colunas recebe anúncios, e essa receita garante a manutenção dos jardins. Isso é a mídia OOH assumindo seu papel como agente de transformação urbana.
Se olharmos para o Brasil, o potencial é enorme. Nossa mídia exterior cobre o país de ponta a ponta. De acordo com o estudo realizado pela Tendências Consultoria em 2024, o setor movimenta R$5,5 bilhões ao ano, sendo R$3 bilhões apenas em receita publicitária. Cerca de 89% da população brasileira é impactada pela mídia OOH no seu cotidiano e esses números não são apenas indicadores de sucesso. São também indicadores de responsabilidade. Se conseguimos chegar a tantas pessoas, todos os dias, precisamos nos perguntar: o que mais podemos entregar, além da mensagem?
A resposta, acredito, está na mídia regenerativa. Ela propõe que a comunicação vá além da estética ou da performance, que ela gere valor real, palpável para os lugares onde acontece. Isso pode acontecer de várias maneiras, como revitalizar um espaço público, apoiar projetos culturais comunitários, criar experiências urbanas sustentáveis, envolver artistas locais e promover ações de educação ambiental. Tudo isso é regeneração e tudo isso está ao nosso alcance.
Mas regenerar também exige coerência. É preciso estar comprometido com ela de verdade, desde os bastidores da campanha até o impacto deixado. Regenerar é um verbo forte, e justamente por isso não deve ser usado em vão. Na prática, significa alinhar propósito com entrega. É olhar para um painel e perguntar que tipo de marca deixamos aqui, além da publicidade?
Na Central de Outdoor, temos fortalecido esse olhar entre os associados. O associativismo é o nosso motor e também pode ser o nosso solo regenerativo. O OOH tem uma qualidade rara no ecossistema da comunicação: ele fala com todos, no mesmo espaço e ao mesmo tempo. Ele promove o encontro e gera pertencimento. E talvez por isso mesmo, ele seja uma das mídias mais aptas a regenerar, porque já está na rua, nas praças e já faz parte da paisagem.
Acreditamos que a cidade não precisa escolher entre publicidade e paisagem urbana. Nunca fomos rivais — ao contrário, somos aliados do desenvolvimento urbano. O que buscamos implantar é um modelo de ordenamento urbano inteligente, que valorize a paisagem, respeite o patrimônio, envolva a população e, de forma harmoniosa, utilize a mídia regenerativa — trata-se de usar ativos publicitários como plataformas de transformação urbana — como um agente de impacto social. Acreditamos que o futuro das cidades e da publicidade OOH está na curadoria estética e funcional dos espaços urbanos, e não na sua exclusão.
Hoje, não tenho dúvidas de que esse é um dos caminhos mais promissores para o nosso setor. A criatividade continuará sendo essencial, claro. A inovação, também. Mas o diferencial de verdade será o impacto positivo que deixamos, vamos seguir valorizando a ideia, mas, acima de tudo, vamos valorizar o que essa ideia pode transformar.
Em um mundo onde a atenção é disputada segundo a segundo, a mídia OOH – Out of Home – vem se reinventando com agilidade e inteligência. De painéis estáticos a experiências interativas conectadas ao mobile e à inteligência artificial, o OOH deixou de ser um meio complementar para se consolidar como parte estratégica nos planejamentos de mídia de marcas globais e nacionais.
A principal tendência mundial deste segmento e a que mais tem repercutido é o Digital Out of Home (DOOH), que segue em ritmo vertiginoso de crescimento. Telas digitais em tempo real, programáticas e interativas transformaram a maneira como marcas e consumidores se comunicam nas ruas. A possibilidade de segmentar, personalizar e atualizar campanhas instantaneamente coloca o meio em sintonia com a lógica da mídia digital.
Campanhas OOH precisam estar cada vez mais integradas a dados de geolocalização, comportamento, poder de consumo e audiência em tempo real. A união com dispositivos móveis permite criar experiências em multicanais, onde o impacto na rua pode ser ampliado com QR Codes e ativações geolocalizadas.
A onda verde também chegou às ruas através da mídia exterior. São os mais novos e conhecidos projetos de Gentileza Urbana. Uso de materiais recicláveis, estruturas verdes, energia limpa e devolutiva social para as cidades, começam a ganhar protagonismo nos principais centros urbanos. Cada vez mais, vemos as marcas buscando ações criativas que gerem mídia espontânea e engajamento nas redes sociais, reforçando a força do OOH como gerador de buzz e relevância.
Quando olhamos nosso Brasil, tão grande e diverso, o OOH tem mostrado resiliência e capacidade de adaptação. Dados recentes do CENP (Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário) apontam um crescimento contínuo na participação da mídia exterior nos investimentos publicitários. As grandes capitais, especialmente São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba seguem como vitrines de inovação, e exemplos de adaptabilidade com empresas investindo em DOOH e mais do que isso, entendendo a mídia exterior como complemento de experiências e presença marcante na jornada dos consumidores urbanos.
Historicamente, o OOH sempre teve grande impacto por sua presença física e alcance massivo. Mas sua evolução nos últimos anos ampliou não apenas sua eficiência, mas também sua capacidade criativa. Hoje, OOH é mídia de performance, de branding, de ativação e de experiência.
De um meio visto como tradicional, diria que ele passou a ser um hub de inovação – combinando tecnologia, dados, design e impacto urbano.
Em um cenário saturado de telas pessoais, a mídia fora de casa voltou a ser protagonista, justamente por ocupar espaços públicos de forma relevante e criativa. O desafio agora é continuar evoluindo em métricas, mensuração e integração com o digital – sem perder sua essência de mídia urbana, humana e coletiva.
O futuro do OOH já está nas ruas. E ele é muito mais inteligente, dinâmico e conectado do que nunca.
*Marcela Fróes da Motta Mattos é formada em Comunicação Social e Diretora Comercial da Midialand.